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– Não precisa fazer isso. – Cassian murmurou.

– Preciso. – Rhys respondeu no mesmo tom.

O irmão apertou seu pulso.

– Eu posso entrar lá, Rhys. Posso lidar com ele.

– Precisa ser eu, irmão. – O Grão-Senhor libertou o pulso dos dedos calosos do comandante, dando tapinhas em seu ombro.

Cassian contorceu o nariz e a boca, mas deu um aceno de queixo.

– Estarei aqui.

– Sei disso. – Rhys deu um fraco sorriso. Pareceu ser o suficiente para Cassian.

Rhysand soltou um longo suspiro, liberando uma fração de seu poder para abrir a porta de ferro.

A cela estava escura e fria, com Rion estava encolhido no canto. Os pulsos e os tornozelos presos por longas correntes, mas Rhysand havia modificado os ferros para que ele não precisasse ficar em pé, com os braços suspensos na parede.

Havia apenas um balde ao lado esquerdo para que se aliviasse. Nenhuma janela. Nenhuma cama. Nenhum cobertor. Nem sequer um feno para que dormisse.

Doía. Rhysand não podia negar. Mesmo que aqueles olhos da mesma cor que os seus o olhasse com tanto ódio e desprezo, mesmo que fossem olhos traidores, não conseguia corresponder ao sentimento de desprezo.

– Bom dia, irmão. – Rion murmurou, rouco – Ou seria boa noite? Perdoe-me pela falta de noção de tempo.

Rhysand parou no meio da cela, colocando as mãos nos bolsos e observando-o.

Os cabelos longos como os de Cassian estavam desgrenhados. O rosto e as roupas sujas de poeira. As mãos eram tão calejadas e cheias de cicatrizes quanto as de Azriel. E o rosto...

Era o de Rhysand. Talvez com feições um pouco mais brutas. O nariz era aquilino e torto, possivelmente por ter sido quebrado muitas vezes. Os lábios mais carnudos que os dele, que estavam secos e rachados. Os olhos um pouco mais puxados nos cantos, dissimulados, selvagens.

Ainda assim, era o rosto de Rhysand.

O Grão-Senhor não disse nada ao dar um aceno no ar e fazer surgir uma bandeja com comida. Apenas pão, frutas frescas e água.

Rion ergueu a sobrancelha negra em deboche.

– Ah, não precisava se incomodar com um banquete!

Rhysand respirou fundo.

– Coma. – Ordenou.

Rion soltou um riso rouco, arrastando-se até a bandeja, mas mantendo os olhos selvagens fixos em Rhysand. Ele começou com a água, bebendo-a com quase desespero.

Quando Rion desviou os olhos de cima de Rhysand, o Grão-Senhor atacou.

Levou suas garras de obsidiana para aquela muralha tão negra quanto os próprios escudos, que estremeceu sob seu ataque.

Rion se encolheu no chão, trincando os dentes e fechando os olhos, e Rhysand deu uma segunda investida, mas foi chicoteado para fora.

O macho soltou um riso rouco e fraco enquanto largava a maçã que havia pego, abrindo os olhos e olhando novamente para Rhysand.

– Aposto que não esperava que eu fosse um daemati tão bom quanto você, não é?

– Eu sequer esperava que você existisse.

Rion apontou um dedo para ele, sorrindo.

– Culpe seu pai por isso, irmãozinho.

– Quem é sua mãe?

Herdeira de Sol e SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora