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Era estranho estar em seu antigo quarto, no palácio de Helion, com Asaph atirado em sua cama falando bobagens.

Haviam chegado na Corte Diurna na noite anterior para acertar os últimos detalhes da missão que ela e Azriel partiriam no dia seguinte, bem cedo.

Jantaram todos juntos, com Varus de um lado e Asaph do outro. Varus olhando para o prato dela de cinco em cinco minutos, e antes que ela percebesse, ele lhe servia uma nova porção de arroz ou vegetais refogados. Astéria lhe lançava um olhar assassino e estava quase cuspindo no velho para que parasse com a palhaçada. Varus apenas sorria convencido.

Mas não podia negar que no fundo, sentira uma falta absurda daquilo! Aquele zelo excessivo que o velho tinha com ela.

Quando Astéria chegara, a primeira coisa que fez fora se atirar nos braços de Varus e chorar como uma criança pela saudade dos últimos dois meses. Quando se afastaram, Varus também tinha o rosto molhado de lágrimas. O mais velho lhe beijou a bochecha com carinho e disse que não houve um único dia que ele não sentira falta dela. Astéria chorou mais um pouco em resposta.

Asaph foi o próximo que ela se atirou nos braços. O amigo a suspendeu no ar e Astéria passou as pernas por sua cintura, enterrando o rosto em sua pele macia.

Helion fora o último que Astéria cumprimentara, e ela não sabia como fazer aquilo.

Havia uma atmosfera estranha de sentimentos que partiam dela com relação ao seu Grão-Senhor.

Ela tinha muitas coisas para conversar com Helion. Muitas perguntas a fazer. E se fosse sincera consigo mesma, sentia-se magoada por ele esconder tantos segredos dela – sua futura mestre espiã.

Astéria se aconchegou nos braços de Helion, enterrando o rosto em seu peito. Aspirou profundamente o cheiro de eucalipto do tio e se afastou.

Ela ergueu os olhos para encarar os dourados dele, que tinha um sorriso sereno no rosto. Ele lhe deu um beijo casto na testa, murmurando o quanto sentira sua falta, e Astéria sorriu. Mas fora um sorriso contido.

Helion estreitou os olhos, franzindo um pouco o cenho, parecendo finalmente notar o quanto ela estava receosa com ele. O tio ergueu uma sobrancelha, fazendo o silencioso questionamento do que havia de errado. Astéria suspirou baixinho, tirando seus braços da cintura de Helion e balançando a cabeça para os lados.

Mais tarde. Conversariam mais tarde.

Varus tratou de acomodar todos da Corte Noturna na mesma ala em que o quarto de Astéria ficava no palácio. Amren ficara com o quarto a direita do dela e Cassian no da esquerda. Rhys e Feyre estavam no da frente, com Mor do lado esquerdo e Azriel no direito.

Após o jantar, Astéria correu para seu quarto dourado com mobília branca e girassóis pintados no teto. A cama com arabescos de ouro na cabeceira.

O quarto estava limpo e as coisas no exato lugar que ela havia deixado. A estante de livros que ocupava toda a parede do lado direito do quarto permanecia desorganizada, mas não havia sequer um grão de pó em cima das prateleiras. Helion deveria ter ordenado que limpassem o quarto, mas não mexessem em nada.

Astéria suspirou, fechando os olhos e não acreditando que estava ali novamente, mesmo que fossem apenas por duas noites.

Caminhou em passos vagarosos até a varanda do quarto, observando o céu noturno da Corte Diurna.

Astéria não pôde ver as constelações que via todas as noites de seu quarto na Casa do Vento, e percebeu com surpresa o quanto gostava mais das noites da Corte Noturna.

Herdeira de Sol e SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora