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Estava ficando louca.

Só poderia estar!

Não havia qualquer outra explicação minimamente lógica ou racional.

Sua mente processou a forma a sua frente tão rápido que Astéria ofegou, levantando-se e cambaleando para trás até que as costas batessem com força contra a parede.

Pela Mãe! Ela não aguentava mais as peças que sua própria mente pregava a ela!

Fechou os olhos com força quando sentiu a respiração descompensar, levou as mãos aos cabelos e tentou respirar fundo, contando uma sequência numérica qualquer - quem sabe assim poderia acalmar o coração e a alucinação a sua frente desapareceria. Seu corpo tremia tanto com os arrepios que seus dentes chegavam a bater com força.

Precisava se acalmar agora!

Controle a porra de sua própria mente! Não deixe dominar seus sentidos! Gritava para si mesma em pensamentos.

Astéria não ousou abrir as pálpebras novamente e escorregou as costas até o chão, tentando respirar. Quando finalmente sentiu o coração bater mais devagar e a respiração começar a firmar, Astéria abriu os olhos.

Parou.

Tudo parou.

Seus pensamentos, sua respiração, os tremores... Até mesmo seu coração parou por um segundo quando ela viu que o gato preto continuava sentado em sua cama.

Ele havia atravessado o colchão até o lado onde agora ela se encontrava no chão. Sentava-se tranquilamente sobre as patas traseiras, o rabo balançando de um lado para o outro e os olhos dourados fixos nelas.

– O que diabos é você? – Sussurrou rouca.

O gato apenas piscou rapidamente. A ponta do rabo chacoalhou minimamente mais rápido, como se estivesse tão curioso sobre ela quanto ela estava apavorada sobre ele.

– Você não é real! Não pode ser real!

Ele continuou imóvel, com exceção ao rabo.

Astéria começou a observar o pelo negro que reluzia sob as luzes das velas na cabeceira e notou que as extremidades de seu corpo pareciam estar esfumaçadas, como se ele não tivesse uma forma completamente física!

– Onde está Kayn?

Novamente a ponta do rabo balançou mais rápido por alguns segundos e depois voltou ao ritmo normal. Astéria apoiou as mãos na parede as suas costas e rugiu para que seus braços fizessem força para erguer o corpo trêmulo. Os olhos dourados acompanharam cada movimento dela, movendo-se devagar.

– Por favor, me traga Kayn. – Suplicou, e não obteve nenhuma resposta.

Ela sentiu lágrimas quentes começaram a banhar seu rosto. Estava cansada de viver em agonia. Em desespero, dor, medo... Estava farta daqueles sentimentos estarem presentes vinte e quatro horas por dia. E já não bastava o assombro dos pesadelos e das lembranças, agora também tinha um maldito gato preto aparecendo por toda a parte.

Mas a visão de Kayn havia sido tão real... E agora aquele gato estava ali de novo. Alguém estava brincando com sua sanidade mental - se não ela mesma.

E se aquilo fosse mesmo real, Astéria estava cansada de se sentir cansada. Cansada de sentir medo.

Aproximou-se devagar, precisando fazer uma força descomunal para que suas pernas se movessem. O gato continuou parado. Ela sentou-se ao lado dele na ponta da cama. Ele virou a cabeça preta para o lado afim de continuar encarando-a.

Herdeira de Sol e SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora