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     Astéria voltara a consciência enquanto estava sendo carregada escada acima por braços fortes e esguios do macho de cabelos ruivos.

     Feyre seguia logo atrás, contorcendo as mãos nervosa e dando ordens as gêmeas espectros que Astéria não conseguia definir com clareza quais eram.

     O macho a largou delicadamente em cima do colchão macio do quarto de Mor. Feyre adentrou logo atrás, parando do outro lado da cama e passando a mão pela testa de Astéria. Elain estava para na porta, as mãos cobrindo a boca.

     – O que houve? – Astéria conseguiu forças para perguntar.

     – Sua perna está infeccionada, Astéria. – Feyre respondeu – Por que não nos disse que você também foi atingida? – A Grã-Senhora mordeu os lábios, nervosa, enquanto continuava passando a mão pela testa de Astéria – Você está queimando em febre. Rhysand está voltando com a curandeira.

     Astéria franziu o cenho e ergueu minimamente o pescoço para olhar para o próprio corpo.

     O macho de cabelos ruivos erguia delicadamente a perna de Astéria enquanto Elain agora passava um travesseiro por baixo. Astéria moveu o tornozelo enquanto o macho erguia a perna dela, e ficou surpresa consigo mesma quando viu seu pé se mexer, mas não sentira nada.

     Sua perna formigava e parecia dormente, anestesiada.

     Astéria não sentia dor, mas também não sentia a perna.

     Feyre conjurou uma adaga e rasgou o tecido da calça de Astéria.

     – Droga! Por que não nos disse que estava assim, Astéria? – A Grã-Senhora ralhou.
Astéria ergueu mais um pouco a cabeça e franziu novamente as sobrancelhas quando observou a carne enegrecida de sua coxa esquerda.

     Ela passara dois dias sentindo fisgadas na perna, e observou o ferimento durante o banho, mas ele definitivamente não estava daquela forma.

     A faca que um daqueles machos cravara em sua perna na Cidade de Ossos quando a cercaram deveria estar envenenada, assim como a que acertara as costas de Azriel. Mas por algum motivo, o efeito do veneno estava surgindo apenas agora.

     E Astéria sequer percebera! Não sentira dor. Deveria estar tão anestesiada pelo choque de ver Erik, pela culpa de Azriel ter sido ferido e o desespero em que algo acontecesse com ele por ela não ter sido capaz de protegê-lo, pelas previsões que recebera da velha cigana e de Elain... que sequer notara que o ferimento em sua perna que no dia anterior não passava de um arranhão, piorava.

     Astéria grunhiu irritada e atirou a cabeça de volta ao travesseiro.

     O macho enrijeceu o corpo enquanto largava a perna dela delicadamente em cima do travesseiro, assim que Elain terminou de ajeitar o travesseiro por baixo.

     Astéria o observou com a respiração presa nos pulmões.

     A cabeleira ruiva ia até pouco abaixo de seus ombros. A pele era bronzeada, um tom quase dourado, e o nariz tinha traços retos com apenas a ponta arrebitada. A boca era muito bem desenhada e um tanto carnuda, combinando com o maxilar forte. O olho restante dele, dourado puxado para um tom um pouco avermelhado era diferente de qualquer coisa que ela já havia visto na vida.

     Aquele conjunto de nariz e boca... Astéria já os viras desenhados em outra pessoa, mas não sabia quem.

     Ele era muito familiar, mas ela não sabia dizer se já o tinha visto alguma vez. Tinha quase certeza que não.

Herdeira de Sol e SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora