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O arquejo de susto saído de sua garganta foi sufocado pela palma da mão que cobria a boca.

Astéria sentiu um peito musculoso pressionar suas costas enquanto era puxada para trás, o aperto na cintura firmemente mantendo ela presa.

Levou as mãos para apertar o braço de quem a agarrava, tentando usar a força para se desvencilhar. Assim que apertou o pulso, esticou os dedos o mais rápido que conseguiu para sacar Andromeda, mas os apertos se intensificaram, imobilizando-a.

- Shh! - O chiado veio colado em seu ouvido.

O macho se agachou contra a chaminé de pedra, escondido as sombras, mantendo-a no meio das pernas musculosas e o peito ainda pressionando suas costas.

Astéria girou Andromeda entre os dedos, pronta para cravar a lâmina de bronze na parte interna da coxa do macho, quando o cheiro finalmente a atingiu.

Exalou o ar baixinho por cima dos dedos do macho e fechou os olhos com força, mandando o coração se acalmar. Levou a cabeça para trás e a apoiou no ombro do encantador, permitindo que o corpo relaxasse.

Ele manteve os corpos deles virados de lado para o círculo de machos concentrados abaixo do telhado, a cabeça coberta por um capuz direcionada para eles, tentando ouvi-los. Azriel não afrouxou as mãos do entorno de Astéria. Ele sequer parecia dar atenção ao desespero eminente dela de segundos atrás. Astéria mordeu a palma da mão de Azriel com força. O gosto do sangue dele a atingiu.

Azriel finalmente voltou a cabeça para ela, colocando o queixo entre o ouvido e o ombro de Astéria.

- Quieta, Astéria! - Ele sussurrou tão baixo que ela quase não o ouviu, tirando a mão da boca de Astéria.

- Pelo Caldeirão, o que você tem na cabeça? O que estava pensando quando me abordou daquele jeito? - Retrucou no mesmo tom que ele.

- Quieta! Precisamos ouvi-los! - Azriel ralhou, apertando a cintura dela com força, trazendo-a ainda mais para perto de si - se é que era possível.

Astéria reprimiu os lábios com força, fazendo uma careta. Se eles não estivessem em uma missão, ela teria imediatamente virado um soco na cara de Azriel - e provavelmente o faria mais tarde.

Mas precisava se controlar, aquele não era o momento.

Respirou fundo, então passou a tentar se concentrar no que os machos diziam abaixo deles.

Eram comerciantes do mercado no sub solo, mas Astéria não sabia o que eles faziam tão longe da taverna. Estavam discutindo sobre aumentar os guardas em cada canto e entrada do mercado.

- Você tem certeza absoluta disso? - Questionou um dos machos mais altos do círculo. Eram cinco, ao todo.

- Ainda não, Duan, mas vou descobrir.

- E se estiver errado?

- Se estiver errado, assumo meu erro e pronto. Porém não concordo em dobrarmos a guarda da cidade.

Astéria franziu o cenho para o termo "cidade", virando o rosto na direção de Azriel, seu nariz quase tocando a bochecha dele. O encantador também tinha um vinco nas sobrancelhas, parecendo ter capturado o mesmo que ela, mas ele não a encarou de volta.

- Não podemos arriscar, Erik. Se isso for verdade, precisamos dobrar a guarda!

- Mas também não podemos deixar algo tão escancarado dessa forma. Isso chamará atenção para a cidade em si, além de mostrar que já sabemos sobre eles. Temos que ser discretos!

- E o que você sugere, Erik? - Um terceiro macho se intrometeu na pequena discussão sussurrada dos tais Duan e Erik.

- Sugiro deixar que venham até nós.

Herdeira de Sol e SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora