Herdeira de Sol e Sombras

35

Erik é filho de Amarantha.

Erik é filho de Amarantha.

Erik é filho de Amarantha.

Era tudo o que ela conseguia pensar nas últimas horas, enquanto observava o anoitecer em uma colina na Corte Noturna, sozinha.

Sentia Azriel puxando-a pelo laço, mas ela lhe disse que precisava ficar sozinha. Ele a respeitou.

Finalmente, parecia que as últimas peças do quebra-cabeça estavam se revelando.

Precisavam se preparar para guerra agora. Rhysand já havia convocado uma reunião com Helion, Kallias e Vassa, e seria naquela noite, na Casa do Vento.

Mas antes, precisava resolver a última peça de seu próprio quebra-cabeça.

A carta de seus pais.

Estava na hora.

Fechou os olhos e sentiu seu gato se condensar diante de si, os pelos frios roçando suas pernas dobradas sobre os joelhos.

Astéria encarou aquelas íris douradas, a parte da alma de seu irmão.

Fumaça se sentou a sua frente, quieto, encarando-a de volta.

Estava na hora!

Astéria atravessou para Velaris, sendo guiada pelo laço de parceria para encontrar Azriel. Ele já estava na Casa do Vento.

Ela não adentrou a Casa, porém. Chamou por ele e esperou aos pés dos degraus que subiam a colina para a Casa.

O encantador imediatamente pousou a sua frente, o vento de suas lindas asas bagunçando em uma brisa suave seus cabelos, com um vinco preocupado entre as sobrancelhas. Ele parou diante dela. A mão destroçada de cicatrizes tocou seu rosto, e ela fechou os olhos, inclicando o queixo contra aquele toque.

— Onde esteve? — Ele perguntou, baixinho.

Astéria apenas o encarou, sentindo um vazio no peito e uma imensa vontade de se aninhar em seus braços e apenas chorar. Mas não havia tempo para aquilo.

Estava na hora.

— Caminhe comigo. — Murmurou em resposta, puxando a mão dele de seu rosto e entrelaçando seus dedos.

Os dois caminharam por Velaris, agora cheia de estrelas e constelações no céu. Pararam na ponte que cortava o rio da cidade, e Astéria encarou o céu. Encarou as constelações que um dia, Azriel lhe apontara durante os intervalos de treinos deitados no ringue de luta da Casa do Vento. Parecia ter sido uma era antes. Milênios antes. Observou Orion e Andromeda, e sorriu.

Sentiu o olhar do encantador de sombras sobre seu rosto o tempo todo, analisando-a. Sentia a angústia dele pelo laço por conta de seu silêncio.

— Converse comigo, meu amor. — Ele sussurrou com tanto carinho, que Astéria quase desabou ali mesmo.

Fechou os olhos com força para impedir que lágrimas escorressem por seu rosto.

— Não posso participar da reunião esta noite. Preciso que avise aos outros isso.

Ele franziu o cenho.

— Por quê?

Astéria suspirou, e o encarou de volta.

— Porque está na hora, Az. Preciso voltar para a Corte Diurna e descobrir qual é o segredo que meus pais deixaram para mim.

Azriel ficou em silêncio, pensando.

— Onde esteve mais cedo?

— Com Rion. — Ela sentiu o laço estremecer - medo, raiva, fúria, contimento. Quase riu das emoções dele. — Eu precisava de respostas, e ele me deu.