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Astéria correu pelos corredores. Os cortes acima do joelho se reabrindo, fazendo o sangue escorrer por sua perna nua.

Fumaça corria a sua frente, guiando o caminho que sabia que ela precisava ir, mesmo que não tivesse dado a ordem para que ele a levasse até lá.

Astéria correu e correu e correu. Com lágrimas manchando o rosto.

Asaph era filho de Aegon.

Mais um segredo. Mais um.

Aquele era seu limite. Aquele era a porra de seu limite.

Fumaça se esvaiu em sombras a frente das enormes portas brancas que levavam ao salão de jantar.

Astéria escancarou-as, ouvindo as vozes animadas do lado de dentro.

Parou, ofegante, trincando os dentes em dor para a perna que escorria sangue.

Estavam todos ali. Mor voltara com Kallias, Viviane e Valerie. Helion os saudava animado, junto com Rhys. Feyre ria ao lado de Viviane e Mor, apresentando Elain para a senhora da Corte Invernal. Cassian se aproximava para saudar Kallias e Azriel estava silencioso ao lado de Valerie, que cumprimentava Varus.

Todos ali, menos Asaph.

E todos pararam para olhá-la, com olhos arregalados. Encarando-a da cabeça aos pés, chocados.

– Astéria! – Helion exclamou, imediatamente aproximando-se dela.

Mas Astéria deu um passo para trás, ultrajada com os segredos de seu Grão-Senhor.

Tantos! Tantos! Aquele fora o limite.

Astéria respirou fundo, tentando conter um soluço na garganta.

– Onde está Asaph? – Perguntou em um murmúrio frio.

Helion piscou, fechando a expressão e dando mais um passo para frente, ao qual Astéria recuou. O tio notou a fúria em sua expressão, o corpo rígido e pronto para explodir o mundo. Helion ficou onde estava.

– Astéria, o que aconteceu? – Varus tentou se aproximar também, e Astéria ergueu a mão trêmula no ar, ordenando silenciosamente que não chegasse perto.

Ultrajada com os dois. Os únicos sobreviventes do antigo círculo da Corte Diurna, e guardando tantos segredos...

Não era justo. Não era justo!

Astéria cambaleou para trás, colocando as mãos nos cabelos, e ouviu passos correndo em sua direção.

O cheiro do comandante preencheu suas narinas, e fora como um oásis naquele momento. Cassian abraçou-lhe pela cintura, amparando-a, e ela agarrou o outro braço dele, lutando para se manter em pé tanto pela dor da perna ensanguentada quanto pelo choque do que acabara de ver nas lembranças de Aegon.

– Pela Mãe, Astéria, o que houve? – O amigo murmurou em seu ouvido, e Astéria balançou a cabeça, ainda trêmula.

Observou todos silenciosamente chocados olhando-a. Azriel não piscava ao lado de Valerie. Sequer parecia respirar.

Astéria não se importava. Asaph era filho de Aegon. E nenhum deles jamais contara. Nenhum.

E agora ela estava em uma posição de que não sabia o que fazer. Não sabia se deveria esperar o retorno de seu mestre, ou contar ao melhor amigo.

Asaph jamais a perdoaria. Assim como ela jamais perdoaria Helion e Varus.

Tantos malditos segredos!

Herdeira de Sol e SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora