Todos os olhares estavam voltados para ela, em completo choque.
Astéria havia derrubado séculos de feitiços de proteção da Casa do Vento com um piscar de olhos, algo que nem mesmo Rhysand era poderoso o suficiente para fazê-lo.
— Astéria... o quê- Mor começou a chamá-la, mas ela ergueu a mão, interrompendo a fala da amiga, mantendo os olhos fixos no Grão-Senhor da Corte Diurna.
Em Helion.
Em seu pai.
Pelo Caldeirão, seu pai!
Astéria era filha da Senhora Outonal e do Grão-Senhor da Corte Diurna!
Não era filha de Rhaella. Não era filha de Viserion.
Astéria engoliu em seco.
Não era irmã gêmea de Kayn.
— Querida, o que houve? — Foi Helion quem perguntou dessa vez, dando dois passos contidos para perto dela, com os mãos erguidas. Os olhos dourados brilhando apreensão.
Sentiu Azriel chamá-la pelo laço, e ela o deixou entrar, deixou ver tudo o que descobrira, mas não olhara para ele, que estava entre Rhysand e Cassian.
Seus olhos se mantinham fixos em Helion.
Seu pai.
Uma lágrima escorreu por seu rosto ao observar o dele, sentindo seu coração ser dilacerado.
Então o pensamento veio novamente.
Ela não era gêmea de Kayn.
Não.
Era gêmea de Lucien!
Como se sua alma soubesse exatamente onde ele estava, Astéria desviou o olhar para o macho de cabelos ruivos, também em pé e com expressão apreensiva fixa nela, parado entre Kallias e Jurian.
Astéria engoliu em seco, apertando com mais força a carta em sua mão, e caminhou devagar até ele, quase em transe.
Ele sempre lhe parecera familiar.
Observou com atenção os traços dele.
Era os traços de Helion.
Traços dela.
Lembrou das palavras da velha cigana na missão que fizera com Azriel, onde ela lhe dizia que dois homens ocupariam lugares em seu coração, mesmo que ela não quisesse. E quando viu Lucien pela primeira vez, sua cabeça girou como se algo dentro de sua alma tivesse tido a certeza que Lucien era um deles.
A encantadora parou a centímetros do bastardo, sem mais conter as lágrimas, e devagar, ergueu a mão para o rosto dele.
Lucien permaneceu parado, sem negar seu toque. Os olhos dele fixos nos dela.
Sentiu algo se condensar aos seus pés.
E ali estava.
A metade de seu sangue, bem a sua frente. Lucien.
A metade de sua alma, aos seus pés. Kayn.
E a metade de seu coração, pouco mais ao seu lado. Azriel.
As três partes em que a Mãe a havia dividido.
Lucien era seu irmão gêmeo.
Esse pensamento cortava sua mente agora que estava de frente para ele muito mais do que o pensamento de que Helion era seu pai.
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Herdeira de Sol e Sombras
RomanceAstéria venceu a guerra de Hybern como imediata e comandante do Grão-Senhor da Corte Diurna. Agora, precisava vencer a guerra de sol e sombras dentro de si. Todos os dias ela tentava domar o mar revolto de trevas em que seu coração submergiu após os...