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    Astéria sentou-se na cama assustada, encarando os olhos cor de âmbar de Azriel.

    Ele movia os lábios, lhe dizendo alguma coisa, mas ela não escutava. Suas pupilas dilatadas e se intercalavam entre Azriel aos pés de sua cama e o gato negro um pouco mais atrás, sentado nas sombras das cortinas.

    Observou de relance quando o encantador franziu o cenho e inclinou-se para baixo apoiando os braços fortes na beira do colchão, observando-a. Astéria puxou as pernas para cima e colou as costas na cabeceira. Virou a cabeça para as cortinas novamente e observou o gato levantar-se devagar, olhá-la nos olhos uma última vez e então... desaparecer para dentro das sombras do tecido.

    Astéria conteve o fôlego.

    – Astéria! – Azriel chamou com ênfase. Ele devia estar chamando-a há algum tempo – O que há com você? O que tanto olha? – O encantador virou a cabeça por cima dos ombros e observou o quarto atrás de si, voltando-se para ela em seguida.

    – Por que me mentiu na noite em que nos conhecemos? – Astéria fez sua voz murmurar, ainda intercalando seus olhos entre as sombras que o gato desaparecera e o encantador.

    – Menti sobre o quê? – Azriel franziu o cenho.

    – Sobre o gato.

    Azriel encarou-a por alguns segundos e então neutralizou sua expressão –rápido demais.

    – Não menti sobre nada, Astéria. Não faço ideia de que gato seja esse que você continua falando.

    – Ele estava bem ali, atrás de você, Azriel. – Astéria apontou para as portas da varanda que tinham as pesadas cortinas.

    O encantador virou a cabeça para trás e encarou aquele canto do quarto por alguns segundos, depois voltou-se para ela novamente com uma expressão estranha.

    – Novamente, Astéria, não vi gato algum. E se havia gato ali, ele não é meu. – Azriel murmurou sério.

    Astéria ergueu uma sobrancelha para ele. Não acreditava em uma palavra que ele havia proferido, mas... se ele não estava lhe admitindo, algum motivo havia. Azriel queria ficar de olho nela? Queria observá-la? Aquele gato era mais uma de suas sombras? Mas que relação Azriel tinha com Kayn? Por que o gato aparecera aos pés do irmão?

    Eram perguntas demais. Astéria suspirou colocando os pés no chão. Se ele queria fazer aquele jogo, ela entraria nele para ver até onde o encantador iria e qual seriam seus objetivos. Não estava convencida de que o gato não era de Azriel, assim como não descartava a possibilidade de não o ser.

    Azriel cruzou os braços no peito observando a camisola de seda azul cobalto que ela vestia. Graças ao Caldeirão, não era uma camisola sensual ou curta demais - mas Azriel analisava-a mesmo assim, com um vinco na testa.

    – O que faz em meu quarto, Azriel? – Perguntou, começando a se movimentar sobre o piso de mármore descalça sem a menor preocupação em pegar algo para se cobrir. Astéria nunca se importara muito em ter pudor pelo corpo.

    – Vim avisá-la de que não treinaremos hoje.

    – E você não poderia bater na porta e me esperar abri-la para dizer isso? Quando eu deixei você se sentir tão confortável comigo ao ponto de simplesmente adentrar meu quarto? – Astéria perguntou com um tom minimamente debochado enquanto abria o guarda-roupa e procurava vestimentas para o dia.

    Azriel soltou um risinho irônico as suas costas.

    – Acredite, Astéria, eu realmente tentei bater na porta e esperar para que abrisse, mas infelizmente, você hiberna como um urso! Portanto, não me restaram muitas escolhas e eu não tenho exatamente todo o tempo do mundo para esperar pacientemente a princesa acordar.

Herdeira de Sol e SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora