Rhysand contara para Astéria o que o Suriel havia lhes revelado — o encantador aparentemente esquecera de lhe contar todo o resto quando voltara a cabana na noite anterior. Cassian e Azriel permaneceram em silêncio enquanto isso.Rion era filho bastardo do pai de Rhysand e da mãe de Morrigan.
Eles ainda não haviam contado para Mor. Rhys admitiu sequer saber como. E pediu que fosse guardado segredo apenas por enquanto, para que eles pudessem tentar tirar alguma informação do meio-irmão. E então, contariam a Morrigan e deixariam ela decidir se eles fariam uma nova visita a Corte dos Pesadelos, dessa vez, em busca de sua própria mãe. Ou talvez, nas másmorras, em busca do meio-irmão que também era dela.
Parecia surreal pensar que Rhys e Mor além de primos, dividiam um irmão.
Há dias, Cassian e Rhys desciam até a cela e tentavam fazer Rion falar qualquer coisa, mas ele cuspia ironias e insultos a Rhysand, ou simplesmente permanecia em silêncio.
Rhys queria que Astéria o envenenasse para enfraquecer seus poderes de daemati, afim de adentrar na mente dele.
Houve um minuto de silêncio quando o Grão-Senhor da Corte Noturna terminara de inteirar Astéria sobre os últimos acontecimentos, e ela sentiu, muito mais do que viu, as sombras de Azriel ricocheteando em torno dele, em torno dela, sussurrando em sua língua agitada. As asas de morcego do encantador se tornaram mais altivas, mais abertas, mais inclinadas em direção a seu corpo. Como se ele estivesse prestes a fechá-la em um casulo e levá-la dali antes de Astéria ter a chance de tentar ajudar o Grão-Senhor deles.
— Certo. — Astéria tomou fôlego, digerindo todas as informações que acabara de receber e também tentando não se virar para acertar um chute em seu parceiro com suas besteiras territoriais — E você, honestamente, acha que eu possuo alguma chance de enfraquecer Rion? — A encantadora ergueu uma sobrancelha.
Cassian soltou um riso nasalado, e Rhysand ergueu uma sobrancelha de volta para ela.
— Você, honestamente, acha que não tem? — Ele rebateu, piscando os olhos violetas.
Azriel suspirou em sua nuca. O laço entre suas almas estremecendo.
Ah, ele estava por um fio de explodir!
Busardos illyrianos.
Astéria deu de ombros.
— Se deposita tanta fé em mim assim, por que não?
Rhys deu uma risadinha, olhando tanto para Azriel - uma muralha atrás dela - quanto para ela.
— Não sei se ele está mais indignado por eu estar a colocando em risco dessa forma ou por você estar duvidando de si mesma. — O Grão-Senhor apontou o encantador às suas costas.
Astéria revirou os olhos, antes de o mirar por cima dos ombros.
Azriel tinha o maxilar trincado, as asas arqueadas, os braços musculosos flexionados no peito mais musculoso ainda e as sombras infinitamente inquietas.
— Você teria como ser menos... — Ela começou a frase, gesticulando em direção ao parceiro. Azriel arqueou uma sobrancelha, increntivando ela a prosseguir. A ironia pingava em suas feições.
— Imbecil? — Cassian completou do outro lado, recostado contra um carvalho, também de braços cruzados e um tornozelo cruzado sobre o outro, imediatamente recebendo um olhar de fúria do encantador.
O tão despojado general.
Astéria sentira tanta saudade dele naquelas últimas semanas, e só percebia agora. Ela soltou uma risadinha, que tratou de engolir quando o encantador rosnou como um animal irracional para Cassian. Astéria revirou os olhos. Parecia estar se tornando um hábito fazer aquilo perto dos três.
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Herdeira de Sol e Sombras
RomanceAstéria venceu a guerra de Hybern como imediata e comandante do Grão-Senhor da Corte Diurna. Agora, precisava vencer a guerra de sol e sombras dentro de si. Todos os dias ela tentava domar o mar revolto de trevas em que seu coração submergiu após os...