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Estava prestes a amanhacer quando Azriel atravessou de volta a cabana, e adentrou em silêncio. As asas imediatamente desaparecendo novamente.

Tudo estava escuro e silencioso.

Azriel suspirou, passando os dedos retorcidos de cicatrizes nos cabelos negros e no rosto, sentindo uma exaustão pesar seus ombros.

Ele, Cassian e Rhys permaneceram por muito tempo sentados no chão escuro daquela floresta. Até que o general se ergueu e silenciosamente indicou com o queixo para que os outros dois o seguissem, estendendo as mãos para ajudar os irmãos a se erguerem.

Os três caminharam em silêncio na escuridão, até a entrada de uma caverna que beirava ao limite do território de Velaris com a Corte dos Pesadelos.

Sentaram-se ali, então, e Rhys acendeu uma fogueira, como se estivesse com frio - mesmo que a noite estivesse quente. Parecia que seu Grão-Senhor queria espantar o gelo que sentia no estômago, nos ossos. Que todos eles sentiam.

Então, começaram a debater sobre todos os pontos que vinham há meses e meses tentando lidar.

As rainhas e sua fortaleza impenetrável, o comércio de acônito nas mãos dos humanos, o feiticeiro que queria capturar Amren, Beron fazendo algum tipo de acordo com Erik e as rainhas para tomar terras humanas, Erik e sua vingança, Astéria e seus poderes e destino, o tesouro da Corte Diurna.

O debate não levou necessariamente a lugar algum, além do que eles já sabiam: Azriel e Astéria precisavam terminar logo a missão e parar o comércio de acônito, e depois, precisavam adentrar a fortaleza das rainhas, deter Beron, Erik e o feiticeiro, Ezio, antes que fosse tarde demais.

Rhysand trazia um cansaço extremo em suas feições, que deixava seus olhos violetas opacos.

— O que ele quis dizer com cuidar de Feyre, pois o que vocês tanto sonham está prestes a se realizar? — Cassian perguntou baixinho, depois de muitos minutos de silêncio após os pontos repassados.

Rhys abriu um sorriso cansado.

— Caso se concretize, prometo que vocês dois serão os primeiros a saberem.

E esse foi o fim da noite dos três. Rhys atravessou Cassian de volta para Velaris e Azriel retornou para Astéria.

Subiu as escadas devagar, livrando-se das botas de couro ainda na entrada.

Quando adentrou o quarto, suas sombras sussurraram antes que seus olhos pudessem se erguer para mirá-la sentada na cama, contra a cabeceira. Os longos cabelos negros presos em um coque alto no topo da cabeça. A camisola preta delineando o corpo e deixando muito a revelar das pernas que estavam erguidas e contra o peito. Os olhos esverdeados eram uma névoa opaca enquanto encarava a escuridão. 

E ali estava o gato, encarando Azriel com seus olhos brilhantemente dourados, sentado aos pés dela com a cauda peluda balançando tranquilamente de um lado para o outro.

— Te acordei? —  O encantador perguntou baixinho.

Astéria balançou a cabeça.

— Sequer cheguei a dormir. — Ela murmurou, ainda rouca.

— Achei que estivesse dormindo a hora que saí.

— Não estava. 

Azriel suspirou, abrindo o couro illyriano e livrando-se da parte de cima, permanecendo apenas com a calça quando sentou na beirada da cama, de costas para ela.

— Rhys precisou de mim em Velaris. Desculpe deixá-la sozinha.

Astéria soltou um riso nasalado.

— Não estive sozinha.

Herdeira de Sol e SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora