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Azriel não dormira aquela noite.

Sua mente o torturara com a lembrança do calor do corpo de Astéria entre suas pernas nos degraus do chalé. O torturara com a visão da cabeça dela escorada em seu ombro e os olhos esverdeados admirando o dossel de estrelas.

Azriel não pôde deixar de imaginar que as estrelas a olhavam de volta.

E droga! Aqueles olhos não eram mesmo lindos?

Prendeu com mais força os braços no contorno delineado da cintura dela, de vez em quando correndo a ponta dos dedos calejados para dentro da blusa e roçando-os em sua pele, querendo senti-la, toca-la, tê-la. Aspirava delicadamente o cheiro dos cabelos negros como a meia noite, querendo na verdade aspirar sua essência.

Eram desejos tão fortes e profundos que ele precisava contê-los com cada pedaço de si. Ou fazer o máximo para que isso ocorresse.

Fazia um tempo que se sentia daquela forma quando a via. Ou quando não a via, sentia-se desesperado para ver.

Azriel sentiu o coração parar de bater na madrugada que torturaram Duan sob a Corte dos Pesadelos, e houve um momento que ele olhou para trás e Astéria não estava mais na cela. Ele não sabia como ela conseguira ser tão silenciosa e sorrateira em sair de lá sem que nenhum dos três illyrianos percebessem.

E quando ela lhe mostrou pelo laço que havia voltado a Velaris, imediatamente atravessou até lá, não conseguindo conter as mãos ao segurar seus ombros em um quase desespero – como se para convencer o rugido de preocupação na mente que ela estava li, estava bem, segura e ao lado dele. Que nada havia acontecido.

Quando ele deixara as coisas chegarem aquele ponto? Como aquilo acontecera? Como se perdera tão completamente daquela forma?

E então, Elain e Feyre surgiram nos limites da barreira protetiva do chalé, entrelaçadas e submersas em uma conversa.

Não soube o que passou por sua cabeça. Sequer soube se passou algo antes de simplesmente... fugir.

Os sentimentos entraram em um choque. Colapsando-o da cabeça aos pés. Olhar Elain, então olhar Astéria... opostas uma da outra. Completamente opostas.

Voltou para a casa a Casa do Vento e não dormiu.

Lembrava-se do cheiro de lírio de Astéria, contrastando com o cheiro de rosas de Elain. A pele dourada de uma e a pálida da outra. O sorriso selvagem, intrínseco e misterioso contra o tímido, suave e gentil.

Azriel estava afundado em merda até o pescoço.

E no fundo, sabia que não merecia nenhuma das duas.

Astéria deveria odiá-lo naquele momento. Ele não a culpava.

Culpava a si mesmo por ser um guerreiro illyriano de muitos séculos, e ainda ser um completo estúpido!

Suas sombras estavam tão agitadas quanto ele. Algumas sussurrando para que voltasse para ela, se explicasse. Outras sussurrando para que ficasse onde estava e não deixasse Elain vê-lo.

Estúpido! Estúpido! Estúpido!

Quando os raios solares surgiram no horizonte, Azriel já voava para a Casa na cidade de Rhysand.

Seu Grão-Senhor também já estava acordado, lendo pilhas de papéis em sua escrivaninha. Rhysand parecia nunca dormir bem quando Feyre não estava ao seu lado.

Azriel contara para ele tudo o que Astéria ouviu do Suriel, sobre a fênix, as Rainhas e Amren. Rhysand o mandou imediatamente para o continente humano, em busca de respostas sobre a identidade da fênix. Ao qual Azriel não encontrara nada. Sequer um sussurro no vento. Observou por horas a fortaleza das Rainhas, buscando meios de adentrar, mas a única opção permanecia a de abrir espaço entre a barreira de feitiços.

Herdeira de Sol e SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora