12

1.8K 236 787
                                    


Dera tudo errado.

Tudo imensamente e fodidamente errado.

Cassian caminhava de um lado para o outro no corredor, empurrando os cabelos para trás e fechando os olhos com força.

Astéria estava atirada ao chão do lado do batente da porta, com as costas escoradas no marco e os joelhos dobrados no peito. Os cotovelos apoiados nas pontas dos joelhos e os lábios presos entre os dentes. Havia uma xícara vazia ao seu lado no chão, de um chá que Amren havia ordenado que Nuala preparasse para Astéria.

Amren havia se acomodado sentada na janela. A anciã sequer parecia respirar enquanto encarava fixamente o jardim no andar debaixo.

Azriel estava com o ombro encostado do outro lado da porta. Os braços cruzados no peito e o cenho franzido enquanto encarava o chão. O maxilar completamente retesado e as asas tensionadas – a legítima imagem do encantador de sombras da Corte Noturna submerso em fúria, Cassian e Rhysand definiriam.

Rhys e Feyre estavam do lado de dentro do quarto, junto de Melisandre e Mor.

– Cassian. – Astéria o chamou suavemente – Acalme-se.

O comandante parou, encarando-a, e suspirou, atirando-se ao lado de Astéria no chão.

Azriel suspirou, entendendo a inquietação do irmão.

Ele queria explodir! Queria matar aqueles machos que se meteram no caminho deles! Queria caça-los até o fim do mundo, se fosse necessário. E o teria feito, se Rhysand não tivesse lhe ordenado que ficassem ali.

Azriel queria explodir mais ainda por ter sido ordenado que ficasse parado. Sabia que Cassian se sentia da mesma forma.

Ele ergueu as mãos e massageou as têmporas, fechando os olhos. Mas toda vez que Azriel fechava os olhos, se lembrava da lâmina cravando a pele, do grito de Feyre, do choque de Rhysand e de Astéria se esgotando ao salvá-los.

Um arrepio percorreu seu corpo e ele se permitiu analisar o ocorrido em sua mente nos mínimos detalhes novamente.

Assim que atravessaram para o lado Norte do território das Rainhas, sentiram o cheiro de outros feéricos.

Astéria agarrou o pulso de Azriel e o encarou no mesmo instante em que ele também reconheceu o cheiro.

Eram dois dos cinco machos que comandavam a Cidade de Ossos, abaixo da taverna. Que estiveram com Erik, o parceiro do gêmeo de Astéria, reunidos há vários quarteirões de distância do Cão Uivante, e que os cercaram na Cidade.

Rhysand parou, erguendo a mão em um punho fechado, ordenando que todos parassem também, no mais absoluto silêncio. Em seguida, fez um sinal para Cassian e Azriel, agarrou a cintura de Feyre e atravessou para cima de uma árvore, escondido entre as copas.

Cassian e Azriel fizeram o mesmo, carregando Amren e Astéria.

Azriel apertou com força a cintura de Astéria em forma de aviso, enquanto se aninhavam em um galho. Os olhos esverdeados dela já estavam ficando mais escuros, em um tom de musgo, enquanto ela farejava tentando identificar de que lado vinha o cheiro e se não havia outros.

Graças ao Caldeirão, o cheiro de Erik não estava em evidência.

Ficaram em silêncio e completamente imóveis, observando a muralha e a floresta em volta.

O sol estava começando a despontar no céu, fazendo a escuridão ceder lugar para seu tom alaranjado.

"Fiquem alertas e não se movam. Eles podem estar em qualquer lugar e estarem aqui por qualquer motivo" a voz de Rhys se fez ouvir na cabeça de Azriel.

Herdeira de Sol e SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora