Astéria se movimentava entre as mesas com seus cabelos ruivos e seios fartos graças ao feitiço que havia feito em si mesma, sorrindo para homens humanos e servindo-os de cerveja barata. Opinando em seus jogos de carteado e algumas (muitas) vezes, sentando em seus colos e rindo resplandecente de qualquer coisa que eles lhe diziam ao pé do ouvido. E quando os convites surgiam para que eles a levassem para o andar de cima, ela lhes dava outro sorriso lindo, um beijo casto e rápido nos lábios e dizia que eles precisavam ganhar mais algumas rodadas no carteado para conquistá-la, pois ela apenas subia com os melhores.Não demorou muito para ela ser a garçonete mais famosa, carismática e que melhor lucrava no final da noite na taberna, causando olhares raivosos e enciumados de outras garçonetes, mas um muito satisfeito do dono do lugar, Orias.
Quanto a Azriel...
Cada noite ele aparecia com uma aparência e nome diferente. Algumas noites repetia tanto a aparência quanto o nome, para se passar por um cliente regular do local. Todas as noites ele ganhava no carteado. O cretino era bom em roubar nas cartas.
Já fazia quase dez dias que eles estavam naquela rotina.
E é claro que Astéria jamais subiria para o segundo andar com qualquer um daqueles homens, apenas com as várias versões de Azriel em seus difarces e aparências.
E é claro que mesmo assim, ele ficava furioso quando se sentava no colo de algum cliente diferente que não fosse ele.
Mas ela não podia exatamente falar muito, pois sentia vontade de estrangular quando alguma mulher assanhada se sentava no colo dele. E o maldito encantador sorria brilhante e sussurrava coisas nos ouvidos delas também, assim como os homens faziam consigo.
A encantadora queimava de raiva, então encontrava mais um colo para se sentar. Algumas vezes até jogava carteado no lugar do homem que estava sob suas pernas, acariciando-lhe a cintura.
Em certa noite, uma das mulheres insistiu tanto para que Azriel subisse para o segundo andar com ela (o encantador tendo cabelos loiros cacheados, olhos azuis turquesa, uma pele bronzeada e músculos por toda parte graças ao feitiço de Astéria - não que a parte dos músculos precisava ser refeita por ela, aquela parte era mérito inteiramente de Azriel), que o encantador cedeu.
Astéria queria esquartejá-lo! Esfolá-lo vivo! Queimá-lo em uma fogueira!
Catou entre a clientela o homem mais bêbado e menos feio possível e subiu as escadas atrás dele, tendo o homem bêbado beijando seu pescoço.
Azriel adentrava um quarto sendo puxado pelo pulso pela garçonete de cabelos castanhos sorridente quando Astéria atingiu o segundo andar. E ele sequer olhou para trás antes de seguir atrás dela e fechar a porta.
Astéria ficou furiosa! Mais do que já estava.
Abriu a porta de um dos quartos que podia se ler na placa que estava vazio e empurrou o homem humano para dentro, que tentava a todo custo erguer a saia de seu vestido. Quando fechou a porta atrás de si, Astéria fechou os dedos dentro do punho e desferiu um soco no rosto do homem, que caiu desmaiado para trás.
Revirou os olhos e suspirou irritada. Fumaça apareceu aos seus pés, curioso e cheirando o homem desmaiado no chão. Ela pôde jurar que seu gato fez uma careta antes de desviar o rosto.
— Azriel está na terceira porta do outro lado do corredor com uma vagabunda barata, vá importuná-lo imediatamente antes que eu o mate! E só se mostre para ele, não deixe que ela o veja. — Ordenou para Fumaça, que revirou os olhos e se desfez em fios de escuridão, passando por debaixo da porta.
Astéria ergueu o homem humano do chão e o jogou na cama. Rapidamente fez um feitiço para curar seu rosto e caçou entre os seios um frasco de vidro com um pó meio branco meio rosado, sendo farelos da planta valeriana, e soprou no rosto do homem com um pulso de magia para mantê-lo adormecido por algumas horas. Ele certamente não se lembraria de nada quando acordasse.
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Herdeira de Sol e Sombras
RomansaAstéria venceu a guerra de Hybern como imediata e comandante do Grão-Senhor da Corte Diurna. Agora, precisava vencer a guerra de sol e sombras dentro de si. Todos os dias ela tentava domar o mar revolto de trevas em que seu coração submergiu após os...