55. Sobremesa de um sonho.

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Seu castigo estava lhe matando, queria sair e respirar ar puro. Não conseguia ler, pois as letras estavam embaralhadas demais. Nem mesmo conseguia manter a concentração em algo, sua respiração estava pesada. Deitou na cama e tentou olhar para o teto, ao mesmo tempo que tentava pensar em coisas boas.

Taeyeon andava preocupada com seu comportamento, pois a garota não chegou a reclamar de seu desconforto ou que o castigo era muito injusto. Mas seu coração de mãe sabia que ela não estava bem e podia ver isso nitidamente em seus olhos. Olhos esses que agora se encontram mais perdidos do que nunca, lotados de arrependimento e desejo controlado, desejo esse que nunca poderá matar.

Precisava tomar uma decisão em relação a Jisoo, então subiu as escadas e foi até o quarto de sua filha. Deu duas batidas na porta, entrando logo em seguida.

— Você tem uma hora e meia. - Jisoo sentou na cama, tinha entendido muito bem, porém precisava escutar de novo.

— O que disse?

— Você pode sair de casa por uma hora e meia, no entanto ainda está livre do castigo

— Mas porque?

— Lembro da última vez que te vi com esse olhar, logo após fomos para o hospital e você teve que fazer uma lavagem, por consequência dos diversos medicamentos que tomou.

— Mãe, eu não me impor....- Foi interrompida.

— Não quero explicações, você tem uma hora e não quero te ver antes disso.

A mais nova entendeu que sua mãe não mudaria de ideia, decidiu ceder e aceitar essa abertura em seu castigo. Pegou seu casaco no fundo do guarda roupa, olhou para ver se a foto ainda estava lá e saiu de casa. Já era tarde, as ruas estavam vazias e os únicos carros que passavam eram os da polícia ou com pessoas totalmente alcoolizadas. O lugar perto do lado era escuro, mas a luz da lua iluminava aquelas águas. Havia uma silhueta sentada na ponta perto do lago, pensou que fosse algum bêbado, coisa que acontece com frequência. Quando as suas pupilas se acostumaram com a escuridão, se deu conta de quem se tratava, não era um bêbado ou tão pouco um estranho, era a...

— Rosé. - Disse Jisoo, sua irmã se levantou para olhá-la com atenção - O que está fazendo aqui?

— Eu que deveria te perguntar isso. Pensei que estivesse de castigo.

— Ainda estou, mas ela me liberou para vir aqui. E você, o que faz aqui?

— Não aguento mais ficar em casa, disse que iria dormir e escapei pela janela.

— Nossa, pelo visto invertemos o papel nessa vida.

As duas riram e logo se sentaram ao chão. Os grilos, o barulho da água e alguns sons desconhecidos eram escutados, exceto suas vozes. O som do celular de Park, leu a mensagem com um sorriso bobo no rosto.

— Lisa? - Perguntou Jisoo.

— Sim, ela me desejou boa noite e disse que sonhara comigo.

— Disso você não pode duvidar.

— Não consigo acreditar que o castigo dela só foi sonhar comigo, achei leve comparado aos nossos.

— Eu não acho, creio que ainda tem mais coisa, porém apenas ela poderá nos responder e convenhamos, ter TDAH deve ser horrível, ter energia demais, ser rotulada de duzentos e vinte e não focar em nada.

— É, olhando por esse lado deve ser ruim, mas todas nós recebemos um castigo assim. Você a dislexia, ela o TDAH e eu o asma, fora os nossos nomes.

— Parte do castigo.

— Só não entendo porque o seu é o pior.

— Matei várias pessoas inocentes na outra vida, pessoas que lutavam pelo que acreditavam e Theus não gostava de mortes, ele prezava pela vida acima de tudo. Por esse motivo também acredito que a Lisa não recebeu só o castigo do sonho.

Em meio a guerra. - Jensoo, Chaelisa.Onde histórias criam vida. Descubra agora