A luz no fim do túnel

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>Kishan<

Eu estava cansado. A verdade é que já não aguenta caminhar por aquele corredor escuro, frio e vazio, enquanto Nicole cantarolava músicas infantis. Suspirei.

– O que foi? – ela enfiou a cara avermelhada na minha frente. Porque o rosto dela ficava tão vermelho após um pouco de exercício?

– Sua cara... – comecei, mas parei, me arrependendo.

– Hein? Está suja? – ela esfregou o rosto com a manga da jaqueta. Porque ela insistia em estar usando jaqueta mesmo suando?

– Não. Seu rosto está vermelho – confessei.

– Ah... bem, sou descendente de gringos e alemães – respondeu somente.

Ela voltou a cantarolar, com um estranho sorriso no rosto. O vinho que ela bebera estava fazendo efeito? Talvez ela não fosse tão forte com bebida quanto acreditava.

Ren se colocou ao meu lado.

– Onde será que isso vai dar? – indagou.

– Não sinto nada além de lama e mofo.

– É... – ele respirou fundo, então sorriu – E não escuto nada além da música de "Irmão urso". Pelo menos alguém está feliz.

– Ou isso é o efeito do álcool – Kelsey comentou, e nós três observemos Nicole saltitando em nossa frente.

– Sim... pode ser o efeito do álcool... – murmurei.

O túnel se abriu logo a frente e um cheiro podre encheu o ar.

– "O pé na estrada eu vou botar, e o coração eu quero abrir. Sob os raios do sol sigo um sonho meu, eu não posso deixar de sorrir..." – Nicole parou de cantar o corpo tenso.

– Que foi?

– Vamos por onde? – perguntei olhando as bifurcações a frente.

– Por aqui – Nicole caminhou na frente mas parou bruscamente, a nossa frente havia um enorme buraco.

O cheiro que saia era de mil corpos em decomposição, nublando minha visão.

– O que é isso? – sussurrei olhando a escuridão profunda.

– Masmorra? – Nicole focou a luz pra dentro do buraco.

– Parece uma masmorra? – perguntei revirando os olhos.

– Sabe, não estive em muitas masmorras pra saber como elas se parecem.

– Isso não é uma masmorra – Ren deu um passo para trás, puxando Kelsey – Vamos sair daqui.

– Boa ideia – Nicole murmurou – Acho que pisei em uma bosta – ela fez uma careta olhando para o próprio pé – Eita porra! Não é bosta. Mas que merda é essa?

Foquemos a luz no chão.

– Isso é carne podre? – Ren cutucou com a ponta do sapato.

– Que nojo. Vamos sair já daqui – Kelsey se virou.

– Nicole? – chamei, mas a ruiva continuava olhando pra carne podre/fezes.

– Isso é um olho? – ela se abaixou.

Céus! Aquela garota não tem olfato? Aquilo estava fedendo horrores.

– Vamos!

– Tá – ela levantou.

Voltemos pelo mesmo caminho e então peguemos outra bifurcação. Nicole parou pra beber água se escorando na parede. Ela havia parado de cantar.

– Como está quente nesse inferno!

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