Nem sempre da pra salvar

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>Kishan<

Nicole caminhava a minha frente, não muito longe, nem muito perto. O corpo ainda tendo pequenos espasmos.

– Vamos voltar pra casa – tomei a direção da entrada da caverna. Ela me seguiu em silêncio.

Kelsey estava do lado de fora do buraco, com a mão estendida para Ren.

– Ah! Vocês voltaram! – ela nós encarou.

Ren impulsionou o corpo para fora então se colocou em pé. Seus olhos me encaram um instante, depois se voltaram para Nicole.

Ele havia ouvido? Estávamos perto o suficiente para eu ouvi-los, então ele também havia ouvido Nicole.

– Nós terminamos de olhar o local – meu irmão colocou a mochila sobre o ombro.

Kelsey não disse nada, apenas franziu a testa, ela e Kanda seguiram Ren caverna adentro.

– Desculpa – Nicole murmurou, a cabeça abaixada, voltando a tremer.

Eu a ajudei a montar no cavalo e montei junto, atrás dela. Ela estremeceu.

– Não há nada nesse mundo que me faça montar em outro cavalo que não seja junto com você – retruquei, segurando as rédeas com firmeza.

O caminho até a casa pareceu absurdamente longo, embora o cavalo cavalgasse em trote rápido. Nicole não parava quieta, eu ouvia seus dentes baterem e seus dedos tamborilarem a cela sem parar.

Assim que chegamos ela saltou da cela, sem nem me esperar descer. Correndo para dentro da casa. Quase trombou em Antoine que estava na porta.

Caminhei até ele, sem controlar minha raiva.

– Por que não a impediu de ir? – grunhi.

– Você tem que ver – ele respondeu sem olhar nos meus olhos.

– Ver o que?

– Sua armadura brilhante. Príncipe encantado, pode guardá-la. Não pode salvar essa princesa.

– Quem disse? – rosnei.

– Não pode matar a fera, se ele viva dentro dela.

Eu respirei fundo, me afastando. Os passos dela... ela estava indo para o quarto.

– Não pode salvar ela.

– Você vê o maldito destino, não é? Então vai me ver tentar!

– E você falhar.

Não respondi, apenas trotei escada acima, precisava ver ela. Saber que ela estava bem.

O que se faz quando não se sabe o que fazer?

Abri a porta e vi um bolo no meio da cama, coberta até a cabeça, deitada em posição fetal.

– Nicole?

– Quero dormir – murmurou contra os panos.

– Nicole? – insisti puxando a coberta.

– Não fode porra! – ela rosnou por entre os dente.

– Eu...

– Eu sei – ela esfregou o coberto no rosto – Desculpa. Mas, por favor, eu preciso dormir.

– Vou deitar ali no canto. – apaguei a vela e me sentei no chão, olhando o bolinho.

Vencido pelo cansaço acabei caindo no sono. Quando acordei, havia uma cobertor sobre mim e Nicole estava sentada no chão, os olhos fechados, posição de lótus, respiração profunda.

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