Nada de tapete de tigre

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>Nicole<

Observei o tigre correndo pela jaula, podia vê-lo se jogando contra as grades do outro lado então voltar para frente, ele parecia querer me dizer algo ou talvez só estivesse queimando um pouco de energia.

- Tá com bichinho no cu? – brinquei.

O tigre parou no ato, erguendo os olhos pra mim. Me surpreendi, nunca em toda minha vida um animal me encarou com um olhar tão humano. Os olhos dourados do felino me encaravam com decepção, como se tivesse acabado de perder o sentido da vida, então ele se virou, deitando de costas para mim.

Observei ele um momento antes de tomar uma decisão. Peguei a escada que levava para a parte de trás das jaulas, mas fui barrada por um pequeno cadeado e uma placa "Somente pessoal autorizado".

Folhei meu caderno e tirei dois clipes do meio das folhas.

– Hummm – analisei o cadeado um momento antes de me pôr ao serviço. Três minutos depois eu tinha um sorriso satisfeito e um cadeado arrombado.

Terminei de descer as escadas e finalmente encontrei o tigre. Ele continuava deitado, enrolado feito uma bola. A jaula era cercada por duas grades, ambas com porta gradeada de correr, a primeira já estava aberta e a outra, que me separava do tigre estava fechada.

– Porque está tão triste? – me abaixei mantendo uma distância segura da jaula. O felino se sento de frente para mim, surpreso, o olhar que antes era de decepção agora era de curiosidade – Sinto muito, eu realmente queria ter o poder de te salvar.

O felino negro saltou sobre a grade, me dando um puta susto, um som profundo tomou o lugar. Franzi a testa.

– Grandes felinos não ronronam – comentei e como para provar que eu estava errada, o ronronar profundo encheu novamente o ambiente – Incrível!

Me aproximei da jaula sentindo a curiosidade e a hesitação de tocar ou não tocar no felino. Bem, como eu gosto dos meus dedos decidi me manter longe daquela boca dentuda.

O que raios você quer?

Os olhos do felino olhavam para um lugar atrás de mim, só então me dei conta que ao lado da porta de serviço havia três chaves, cada uma com o nome da espécie de animal em uma plaquinha branca.

– Mas que tipo de idiota deixaria a chave de uma jaula assim? – peguei a chave que continha plaquinha do tigre negro e voltei para a jaula.

O tigre se remexeu, inquieto, a cauda balançando atrás de si freneticamente.

Nicole o que você pensa que está fazendo sua idiota?

Ele ronronou dando alguns passos para trás como se para me encorajar. Suspirei. Ah! Que se foda!

Eu estava quase abrindo o cadeado quando um miado chamou minha atenção.

Que?! – me vire na direção do som.

Notei que o tigre negro rosnou e esfregou a cabeça na grade tentando chamar minha atenção. Caminhei até a escada e foi no topo dela que eu o vi, parado, a cabeça erguida e os olhos verdes me encarando com carinho e admiração. O gato preto desapareceu corredor acima. E eu o teria seguido se não fosse pelos dois homens que entraram pela porta do serviço. A princípio eles não me notaram, estavam concentrados demais em ajeitar suas armas tranquilizante. O tigre rosnou, os olhos fixos nos homens.

– Qual pegamos? – um deles perguntou, era loiro e baixinho.

– Sei lá – o outro era grandão e careca.

Coração PuroOnde histórias criam vida. Descubra agora