Jantar e perguntas

22 2 0
                                    


>Nicole<

Respirei fundo. Que tipo de idiota permite que um completo estranho entre em sua casa nos dias de hoje? Sim eu sou esse tipo de idiota. Droga!

– Você quer ajuda? – ouvi a voz atrás de mim e quase derrubei o pote de massa de tomate.

– Não, obrigada. Sempre abri esse maldito pote sozinha, não é agora que vou precisar de ajuda – resmunguei.

Vi o garoto se sentar na cadeira próxima a mesa.

– Eu não sentaria aí se fosse você – alertei.

– Por que? – perguntou com a testa franzida.

Em resposta um rosnado forte ecoou pela minha pequena sala. Leo observava o garoto como se fosse arrancar seu coro.

– Ah! – ele se levantou e o gato parou de rosnar, então Kishan estendeu a mão na direção da cadeira e o gato voltou a rosnar.

– Desculpa por isso. Leo é muito possessivo - expliquei alcançando outra cadeira pra ele.

– Percebi – ele abriu um sorriso bonito e se sentou.

Quiara se aproveitou ao notar que Kishan gostava de animais e pulou em seu colo. Vi a cadela se esfregar nele, tentando lamber seu rosto enquanto ele acariciava suas costas.

– Vadia – murmurei.

– Miau! – Leo sentou no seu lugar e então começou a rosnar para Kishan.

– Leo, quer calar a boca? – falei lançando um olhar feio para o gato que parou um momento antes de começar a grunhir – Mas que merda! Se você não calar essa boca vou cortar o seu rabo fora! – me virei com uma faca na mão.

O gato se encolheu então começou a ronronar, piscando os olhos e se esfregando no canto da mesa.

– Idiota!

Kishan riu alto, o que chamou minha atenção.

– Qual a graça? – perguntei.

Ele olhou meu rosto, depois a faca na minha mão.

– Você parece gostar mesmo de animais.

– Minha psicóloga disse que eu sofro de misantropia.

Por que raios eu disse isso?

– O que isso significa? – ele franziu a testa.

Foi minha vez de ri.

– Que tenho aversão a pessoas – dei de ombros – Em outras palavras: Sou chata pra caralho. Então, por favor, não encha o saco que eu não tenho.

– Eu sinto muito se minha companhia não é muito agradável.

– Eu tô nem aí – sorri para ele voltei a me concentrar no jantar.

O que fazer de comida para um garoto desconhecido?

Suspirei e acabei pegando carne de galinha e arroz. Tinha um pouco de feijão (ugh!) que resolvi requentar. Peguei um copo e coloquei uma dose de uísque com gelo então me lembrei que não estava sozinha.

– Você quer um gole? – ofereci erguendo o copo na direção dele.

Ele encarou o copo por um momento com a testa franzida, então aceitou, dando um gole . Ele fez uma careta e rapidamente tirei o copo da mão dele.

– Ugh! – ele passou a mão na boca.

Senti vontade de esbofeteá-lo.

– É uísque – falei me encostando na mesa e bebendo um bom gole – Garoto fraquinho.

Coração PuroOnde histórias criam vida. Descubra agora