To my daughter.

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Harry ficou quieto na maior parte do tempo. Às vezes, seu silêncio era interpretado erroneamente como arrogância ou timidez, mas não se tratava de nenhuma das duas opções.

Harry simplesmente não precisava falar muito. Claro que ele tinha opiniões e pensamentos, mas não sentia necessidade de compartilha-los o tempo todo.

Lauren deu alguns passos para perto dele. Perto o suficiente para Harry saber que ela cheirava à baunilha, côco e tinha o desejo de que acontecesse de forma anônima.

A denúncia anônima era uma ferramenta essencial à agressão contra a mulher, contra Lauren naquele dia.

Ao fazer a ligação, Harry e Lauren foram totalmente resguardados e suas identidades permaneceram em sigilo.

Muitos deixariam de delatar o ocorrido por acharem que não valeria o tempo, ou que os responsáveis sempre sairiam impunes.

Mas não Harry. Nenhum prazo ou advogado o impediria de fazer o bem para outra pessoa, para Lauren.

Ele não conseguiria agir de outra forma.

Lauren estava muito perto. Cheirava muito bem. Qualquer um poderia vê-los e, ainda assim, ele simplesmente não conseguia se afastar, estava preso no olhar dourado de gratidão dela.

Quase parecia antiga a forma como se amavam. Como se o amor viesse de algum lugar além deles, do tempo, além dali.

Minutos depois e de portas fechadas, encontravam-se em uma confusão de corpos quentes, emaranhados um no outro. Parecia eufórica aquela sensação com ele.

O corpo de Lauren relaxou primeiro, sem fazer nenhum esforço para se mover para longe, muito menos para tirá-lo de onde estava.

Lauren manteve a cabeça no pescoço de Harry enquanto ele acariciava as costas dela com cuidado, a abraçando para recuperar o fôlego.

-Você está bem?

Perguntou, preocupada quando Harry ainda não havia dito nada.

-Sexo não deveria ser tão bom assim.

Ele falou baixinho, seu hálito quente fazendo cócegas na pele dela.

Lauren riu de sua resposta ao mesmo tempo que pensou o quanto a voz dele realmente era rouca, mas uma batida na porta a impediu rapidamente de responder.

-Harry?

Ouviram a voz de Mary do outro lado, e ele não se moveu.

-Harry?!

Ela chamou mais alto e, ainda assim, Harry não havia respondido.

-Se ficarmos quietos, ela simplesmente irá embora.

Harry murmurou, fazendo Lauren rir mais uma vez.

-E se for algo importante? -perguntou no ouvido dele-
-É sempre algo importante.
-Harry?! Conseguiriam ligar?

O tom de voz de Mary parecia mais agravado e Lauren se preocupou em ela ter uma chave reserva, já que estavam em um quarto qualquer de um lugar que não estava nos planos.

-Lauren?

Mary então chamou, sabendo que a esposa do sol jamais a ignoraria.

-Você não... -Harry tentou, sabendo o mesmo-
-Sim?! -respondeu-
-Inacreditável! -Harry resmungou-
-Você pode dizer ao Harry que estamos saindo e vocês tem vinte minutos para estarem no palco?

Mary gritou contra a porta, fazendo Harry revirar os olhos e Lauren rir de como ele parecia arrogante quando cansado da rotina.

-Certo, já estamos saindo!

End Of The Day - 3 Onde histórias criam vida. Descubra agora