Love cycle.

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-Estar apaixonado é provavelmente o sentimento mais puro de todos, Dudu.

Harry falou, ambos sentados frente à frente, com apenas algumas cartas os separando e Charlie cochilando no colo do Harry.

O cachorrinho havia crescido um pouco, mas ainda tão pequenininho que se encaixava perfeitamente nas pernas de qualquer um que se sentasse.

O bichinho se parecia com uma bolinha de pêlo de tom caramelo, e os dedos de Harry dançavam melodicamente por todo o seu pequeno corpo sonolento.

-Estar apaixonado e ser feliz é provavelmente a emoção mais rara de todas, eu tenho a sorte de experimentá-las todos os dias.

Eduardo sorriu, levemente envergonhado, mas aliviado por ter Harry para conversar sobre aquelas coisas.

Não que ele não tivesse sua irmã ou sua mãe, ele as tinha, mas com Harry era diferente.

-Ela era apenas uma amiga, tio Harry... Mas então ela começou a se aproxime e eu comecei a ficar feliz...
-Como ela é? -sorriu-
-Ele tem um sorriso grandão... -corou- O quê me faz pensar que também tem um coração grandão, e eu gosto disso.
-Você tem um gosto excelente, então. -riram- Tenho certeza de que ela fica feliz quando está perto de você também.
-Eu acho que sim... -desviou o olhar- Mas tio Harry, meus amigos continuam dizendo algumas coisas e... Eu não estou pronto para beija-la ainda.
-Oh, você não precisa. -negou com a cabeça- Um relacionamento vem antes de qualquer beijo ou qualquer pressão boba de amigos. -gesticulou com os dedos, como se fizesse aspas- É muito importante e muito especial que vocês dois se sintam confortáveis para viver um momento como esse, tudo bem? Não apressem as coisas.
-Sim, eu sei que ela pensa assim também, eles conseguem irritar nós dois.
-Eles apenas queriam estar no seu lugar, tenho certeza.

A fala de Harry parecia ter sido suficiente para despertar em Eduardo uma pergunta que ele gostaria de ter feito há muito tempo, mas apenas não sabia como.

-Tio Harry, posso te perguntar uma coisa?
-Duas! -brincou, fazendo o menino rir por um momento-
-Ela sabe que você é da minha família, todo mundo sabe.

Apollo até poderia ter dito alguma coisa, mas sabia que não era um assunto assim tão simples para Eduardo falar.

Então ele apenas o olhou, com todo o seu amor e compaixão.

O rosto do sol irradiava bondade e uma sensação de segurança incomparáveis.

Dudu costumava se silenciar diante situações difíceis, exatamente como sua irmã fazia.

-Ela nunca me perguntou ou me pediu nada em relação à você, mas as pessoas na escola fazem isso o tempo todo... -desviou o olhar mais uma vez, para suas mãos- Elas me pedem por fotos, vídeos, qualquer coisa que prove que elas estão certas.
-Eu não sabia que você passava por esse tipo de situação na escola Dudu, eu sinto muito! -estendeu a mão para o joelho do cunhado, o interrompendo-
-Eu já me acostumei, é normal. -sorriu pequeno- Mas eu precisava saber o que você pensa sobre isso. Você acha que ela fica perto de mim para chegar até você um dia?
-Posso ser honesto com você?
-Sim.

Os dois se olhavam, quase não piscavam os olhos.

E ambos falavam tão baixinho que quase podiam ouvir a bisavó dormindo no cômodo mais próximo, completamente alheia daquele dimensão tão mundana.

-Metade da escola parece se aproximar de você com essa intenção, exceto por alguns poucos amigos que você já mencionou, e exceto por ela também.
-Eu acho que ela vai querer saber em algum momento.
-Então, se você se sentir confortável com isso, a deixe saber. O mais importante é como vocês dois se sentem, sempre.
-Obrigado...
-Hum... -ambos foram interrompidos- Podemos continuar essa partida péssima e nossa conversa amanhã?
-Tudo bem! -riu-

End Of The Day - 3 Onde histórias criam vida. Descubra agora