JESSE KING
Assim que a Madelyn voou e bateu com a porta a sua trás, encontrei-me a refletir no que ela havia dito enquanto chorava. Tirei o meu telemóvel do bolso e liguei para um dos meus contactos e ordenei pelo registro médico dela.
- Tens uma hora para entregar-me isso. - disse-lhe
- Sim Senhor King.Uma coisa que irrita-me nesta rapariga é que ela consegue ser tão infantil, então estou a assumir que ela não vai falar comigo por causa desta discussão. Se bem que talvez eu não devesse ter puxado por ela daquela forma, muito menos abordar o assunto daquele jeito.
Não estou a sentir-me mal mas acho que foi um pouco fodido, o que fiz.
O que significa que eu devo-la um pedido de desculpas.
Merda.
É o de menos, para ser sincero, mas não deixa de ser ridículo.
Tenho que dizer que viver com ela tem sido o melhor dos sonhos e o pior dos pesadelos e sempre que penso em mandá-la embora, vários factores entram em jogo e obrigam-me, praticamente imploram-me a não fazer isso.
O marido dela é um deles.
Wesley pode vir a matá-la por possessão, provavelmente a ideia de vê-la com outras pessoas incomoda-lhe a espinha.
Idiota.
E mais porque ela tem vários mas ao mesmo tempo tão poucos traços da Munich.
Seria como perdê-la outra vez depois de tê-la encontrado.
O que é patético, errado e egoísta mas sei lá.
Fui até ao escritório e encontrei o Patrick a trabalhar em qualquer coisas que não me interessa, mas ele estava bem concentrado na cena.
- Tive uma discussão com a Madelyn. - Eu disse-lhe antes de me sentar na cadeira em frente à secretaria
- Onde é que está a novidade mesmo? - ele perguntou sem tirar os olhos da tela. - Honestamente, aquela miúda discute com todos.
- Correção, tu estás sempre a implicar com ela e ela está sempre a implicar comigo. - levantei-me para abrir uma cerveja que estava num balde por cima da secretária. - Ela não discute com ninguém para além de nós.Patrick riu-se ainda com olhos no computador.
- Parece-te familiar? - Patrick perguntou com um sorriso.
Não respondi, apesar de concordar com o que ele disse.
- Mas desta vez fui eu quem causou o drama.
- Hmm.
- Ela chorou.Finalmente apanhei a atenção do meu irmão, que olhou para mim e disse "uau, nem eu nunca cheguei tão longe".
- Ela não gosta de falar do Russell.
- Está bem. E tu forçaste-a a falar no assunto?
- Mais ou menos.
- Porquê?
- Porquê não? Não vi onde estava o problema. - encolhi os ombros
- Tu não gostas de falar da Munich. - ele franziu a testa. - Mas estranhamente vês algum problema quando perguntam-te sobre ela.Arquei a sobrancelha.
- Sabes, eu não me armava em muito esperto quando falavas da tua relação com a Juli-Ann ou Edmundo.
Ele voltou a rir-se.
- Errr...isso não é verdade. - ele disse.
Depois de um pouco de mais conversa, explicando-lhe o que aconteceu entre eu e a Madelyn, olhei para as horas e vi que já haviam passado cinquenta e sete minutos, que foi quando recebi uma chamada da minha fonte a dizer que os documentos da Madelyn já estavam na minha residência, por isso fui até ao andar de baixo para receber.
- Obrigado. - eu disse para o segurança que entregou-me a encomenda.
Abri o envelope ainda parado ao lado da porta fechada e vi lá vários papéis e várias fotos explícitas e perturbadoras da minha refém.
- traumas na...
Enquanto eu passava pelas fotos, eu não acreditava na informação que os meus olhos mandavam para o meu cérebro. Russell não bate na mulher, ele tem estado a espancá-la a quatro anos. Mordi o interior da bochecha enquanto tentava não deixar ser levado pelos nervos. Raiva. Ira. Chamem o que quiserem.
Subi as escadas e abri a porta do escritório, Patrick estava lá sentado com os pés por cima da secretária enquanto fumava.
- O que se passa? - ele perguntou assim que ouviu-me a bater com a porta para poder fechá-la.
- Quando é que posso matar o filho da puta mesmo? - atirei os papéis para mesa e o Patrick olhou por uns segundos em saber o que era e assim que percebeu e viu as fotos, tirou os pés da secretária e prendeu a marijuana aos dedos enquanto passava as fotos com choque nos olhos.
- Os papéis representam o número de vezes que ela foi internada?
- Ela foi violada. Várias vezes. Está cheio de traumas vaginais em todas as porcarias dos papéis. - comecei a andar de um lado para o outro.
- Estas lesões não podem ter sido causadas por um punho. - ele mostrou-me uma das fotos.
- Ela tem medo dele.
- São muito papéis Jesse. - Patrick comentou virando todas as folhas da brochura.
- Eu juro que vou crucificá-lo em frente a minha varanda.Eu estava a tentar clicar os pontos, perceber melhor os porquês dela preferir passar pelas mãos de um outro cirurgião plástico se ela pode acabar com o pesadelo de vez, se ela simplesmente denunciar o filho da mãe.
Se há uma coisa que eu detesto, são homens que tocam nas esposas. Tu fizeste votos de amor com essa mulher, não prometeste-a perfeição nem mar de rosas mas prometeste olhar por ela, amá-la e lutar contra os problemas juntos e não lutar um contra o outro...como é que tens a coragem de "educá-la" com o teu punho? De manchar a beleza dela? De atirar ao lixo tudo que a prometeste nos votos?
- Yo Mason. - ele puxou-me para realidade - Engole essas emoções - disse enquanto apontava-me com a marijuana
Respirei fundo e comecei a praguejar porque não estava a dar certo.
- Porque não são essas emoções que vão mudar isto. - ele mostrou-me a foto dela com a cara danificada. - Só vão atrapalhar, se queres a minha opinião.
- Porra. - dei um murro na parede e interiorizei a dor.Patrick sem olhar para mim puxou o balde de gelo com as suas cervejas.
Não hesitei em andar até lá e colocar a mão no gelo.
- Quando chegar a hora. Eu pessoalmente vou segurar o Russell para que tu dês cabo da existência dele. Até lá, eu preciso que tenhas tudo isso...- ele apontou-me referindo-se as minhas emoções e fez um sinal com os dedos que segurava a droga de cima para baixo. - ...enfiados no teu cú. - ele voltou a fumar
Patrick tinha razão, se eu agir agora, tudo que programei, desde o motivo ridículo dela cá ficar até a hospedagem mensal, tudo terá sido em vão.
Porra.
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Hostage (A Refém)
Romance{COMPLETO} Madelyn Wright é uma estilista de moda mantida refém na mansão de dois grandes chefes de uma máfia em troca de um favor. No entanto quanto mais tempo ela fica longe da sua casa mais sentido a sua vida faz. ~•~•~•~ Início: 04/09/21. Fim: 1...