7. O Bowling

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Voltei para o quarto para vestir uma coisa que se adequa para a ocasião de hoje. Honestamente, não consigo ver-me a jogar bowling com membros de máfia que vivem de cometer ilegalidades como ganha-pão. E uma vez que são ilegais, não deveriam eles estar comprometidos em não sair, no sentido de terem problemas com o governo americano?

Honestamente, eu não quero saber.

Peguei num par preto de leggings curtas e um blusão azul, sapatilhas brancas com peúgas da mesma cor. Penteei o cabelo e deixei-o num afro volumoso, peguei numa bolsa e desci para sala de estar onde o Theodore estava a jogar.

Perguntei se ele vinha connosco e ele disse que sim porém não por vontade própria. Disse que a Zarina é demasiado mandona e que ela nunca ia se calar se ele tivesse negado.

- Vocês são namorados? - perguntei

Sem tirar os olhos do jogo, Theo riu-se e disse que não, que são só bons colegas de trabalho, pois a Zarina já teve algo com o Patrick e apesar de não ter sido muito pessoal, ele não gosta de se envolver com pessoas do trabalho dele.

De todos eles, Theodore parece o mais fora deste ambiente. Ele é tão realístico, genuíno, numa casa de pessoas que são mais taradas, barulhentas e psicóticas do que qualquer outra coisa.

Jesse veio ao nosso encontro com o Patrick, ambos vestidos como se estivessem a ir a um funeral. Patrick tinha vários anéis nos dedos enquanto fumava e o Jesse tinha só um colar de crucifixo por cima da camisa de gola alta.

Foi por acaso a primeira vez que vi que o Patrick tem tatuagens...tipo o tronco inteiro, os braços até ao pescoço. Como ele veste sempre roupas que praticamente cobrem-lhe o corpo todo, foi difícil de descobrir isso alguns dias atrás.

O Patrick parou ao meu lado e ofereceu-me o cigarro que eu não neguei e o Jesse foi jogar com o Theo, estou a assumir que agora estamos a espera da Zarina e o Fai.

- Gosto do teu brinco no nariz. - eu disse para o Patrick que estava a mexer o telemóvel, referindo-me a argola prateada na sua cartilagem.
- Estás a falar como se nunca tivesses visto.
- Pois...mas eu nunca disse então...- encolhi os ombros e o Patrick fitou-me
- Eu gosto do teu cabelo. - ele disse e eu sorri.

Zarina e Fai chegaram um pouco mais tarde mas vieram com os seguranças que vinham connosco, vi o Patrick a colocar a arma por baixo da roupa antes de sair comigo porque aparentemente eu vou no mesmo carro que ele, enquanto o Jesse vai com o Theo e a Zarina no carro do Fai.

Não posso dizer que a minha relação com o Patrick está a melhor, mas devo dizer que tem menos ódio envolvido do que antigamente. Ainda não entendo porquê ele muda de humor constantemente principalmente porque ele é tão mau, mas é fácil conversar com ele, quando lhe apetece.

Perguntei-lhe porquê ele parece um pouco mais acriançado em relação aos outros mas ao mesmo tempo é tão vil e ele disse que provavelmente tenha haver com a infância dele, ele tem a impressão que perdeu muito tempo a ser adulto quando criança que agora ele age como uma, mas sem nunca esquecer quem ele é: um chefe de máfia. O que cria maior temor nas pessoas que trabalham com ele. Patrick diz que ele não é uma pessoa estável, muito menos uma pessoa confiável,
pois ele olha por ele e só por ele.

Mas apesar de tudo isso, ele diz que quando ele se apega a alguém, ele não consegue largar, exatamente porque ele não confia em ninguém.

- Então não confias nas pessoas com quem trabalhas?
- Não.
- Mas eles trabalham para ti.
- E depois? Não coloco a mão no fogo por nenhum deles. Nota que não estou a contar com o Jesse.
- Tu conheceste a mulher do Jesse não é?

Hostage (A Refém)Onde histórias criam vida. Descubra agora