28. Milagre Natalício.

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No dia seguinte, percebi que dormi com a toalha amarrada ao meu corpo, no tapete da casa de banho. Nem me lembro de ter saído da banheira. Levantei-me e voltei a tomar um banho, escovei os meus dentes, hidratei a pele com loção e perfumes antes de destrancar a porta para ir até ao quarto e vestir-me.

Quando abri a porta, vi que o Wesley também havia dormido na porta, a espera que eu abrisse-a eventualmente. Ao invés de acordá-lo, decidi ir me vestir para o meu primeiro dia de trabalho presencial, arrumei-me num fato preto e saí do quarto para a cozinha para fazer o meu café.

Assim que acabei de o preparar, levei as chaves do carro e cumprimentei o Shane antes de ir-me embora.

Quando cheguei no meu edifício, parecia que eu não pisava lá a décadas.

Já havia me esquecido do quão movimentado o sítio conseguia ser, subi até ao andar do meu escritório depois de ser cumprimentada por todos os subordinados daquele andar.

Assim que o elevador abriu, fui recebida pela minha assistente, a Alison.

Alguém do andar de baixo avisou ela que eu estava a chegar.

- Bem-vinda Senhora Wright. - ela disse-me.
- Obrigada Alison. - entreguei-a as minhas coisas enquanto desfilávamos para o meu escritório.

A Alison organizada como sempre, o seu cabelo caramel longo  e ondulado cheirava a lavanda e o perfume a doces e rosas. As unhas pintadas de verde esmeralda, das mãos e dos pés. A boca pintada de vermelho e os olhos azuis cintilantes fitavam-me com entusiasmo. Eu até posso não comentar, mas ela é uma rapariga bastante bonita e cheia de presença.

Olhei a minha volta e vi que as coisas estavam também em ordem, é tudo graças a ela, eu sei disso, ela consumiu todas as minhas ordens e colocou-as em prática quando estive fora.

Alison é uma mulher talentosa e muito competente e eu gosto disso nela, mas será que é só isso que ela quer? Ser a assistente de uma estilista de elite?

- ...então as coisas...
- Alison. - cortei seja lá o que ela estava a falar. - O que é que estás a fazer aqui?
- O que...a senhora quer que eu saia? - ela falou trémula.
- Não Alison. Digo, o que estás a fazer aqui em Nova Iorque? O que te trouxe a minha empresa? Quais são as tuas ambições? Porque tu és a pessoa que mais passa tempo comigo, então tenho a impressão que tu sabes como eu quero que as coisas corram aqui. O sítio não estaria intacto se não fosse por ti, eu sei disso, os desfiles não teriam saído nas revistas...enquanto estive fora, vi os teu desenhos e eles eram admiráveis, por isso pergunto, o que é que estás a fazer aqui?

Alison parecia surpresa pelos elogios e tentava segurar um sorriso de ponta a ponta, mas decidiu manter-se humilde.

- Eu...eu queria ser como a senhora. Forte, independente, dona de si mesma e das suas coisas. Mas não havia vagas para estagiários, nem nada, mas fiquei a saber que a senhora precisava de uma assistente então...eu vim para aprender a ser uma estilista nova como a senhora. E eu agradeço que a senhora me veja. A mim e o meu esforço. - ela assentiu.
- Realmente nem sempre precisamos de fazer as coisas óbvias para chegarmos onde queremos. Como é o teu caso, queres ser estilista mas ao invés de teres a oportunidade de trabalhares ao meu lado e desenhares e costurares, apareceu-te a oportunidade de trabalhares para mim como minha assistente, onde cuidas das minhas coisas pessoais e administrativas e não estás propriamente a ganhar experiência da forma directa mas sim indirecta. Tu vês como as coisas funcionam, como eu faço e crio as minha coisas e não necessariamente a criares peças. Mas isso não te impediu de os fazeres quando tens o tempo, o que significa que já vinhas praticando e ao mesmo tempo vias como o mercado funciona e por causa disso, eu te congratulo. - lancei um pequeno sorriso para ela.
- Obrigada senhora Wright. - ela sorriu.
- Agora vamos ao trabalho.

Hostage (A Refém)Onde histórias criam vida. Descubra agora