17. O Abismo.

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JESSE KING

Infelizmente para a Madelyn eu não sou o tipo de homem que ligaria para ela depois de uma noite de núpcias ou sei lá como ela quer chamar porque eu tenho prioridades maiores e procurar por ela no dia seguinte não fazia parte do meu plano, independentemente de como me senti naquela altura.

Quando eu acordei para ir ao ginásio, recebi um comunicado de um dos meus seguranças chefes a dizer que a minha mansão foi invadida.

- Invadida? - falei desacreditado, num tom baixo, sarcástico e bastante irritado. - Eu contratarei quarenta e cinco seguranças para fazerem literalmente da minha mansão o jardim deles onde vocês só tem que passear e vigiar. Mas por algum motivo ela foi invadida Roy? - perguntei baixinho mas rispidamente.
- Eu sou o Mauro, senhor.
- Eu estou pouco me lixando. - berrei.
- Lamento que isto tenha acontecido senhor, não volta acontecer. Já tomamos as providências necessárias...

Assinalei com a mão para que ele parasse de falar.

- Podes crer que não vai voltar a acontecer Roy, porque todos vocês desse turno, estão despedidos.

Vi a expressão do meu segurança a cair num segundo mas ele recompôs-se e aceitou a condição dada sem nenhuma discussão. Ele explicou que a invasora estava na casa de tortura com o verdadeiro Roy e o Nelson, a custódia deles. Explicou também que eles notaram que ela consegui aproximar-se da casa porque estava vestida de maneira camuflada durante a hora do incidente.

- Eu não quero saber. Nem que eu tivesse vos dado uma visão raio-x, essa miúda teria entrado.

Eu não meto na vida dos meus funcionários de todo. Desde que tudo esteja a correr bem, que tudo que eles fazem esteja justificado, que eles não se metam nas minhas coisas ou no meu dinheiro, estará tudo na boa.

Eu não admito falhas, imperfeições ou erros. O erro é humano, eu contratei máquinas por um motivo.

- Espero que eu não tenha ouvido mal. - Patrick disse. - Porquê é que a equipe do Mauro está despedida? - ele perguntou-me e depois olhou para o segurança - Já agora, não estás despedido não.

Eu detesto quando ele faz isso. Quando ele faz parecer como se estivéssemos casados a trinta anos e que nós precisamos de entrar num consenso para tomarmos uma decisão.

Se bem que estou a tomá-la com cabeça quente.

O que dá-lhe a permissão de entrevir.

- Fomos invadidos. Alguém  entrou  na mansão. Literalmente, e quarenta e cinco seres não viram, quer dizer...nem uma alma. Só notaram quando o invasor tentava escolher qual das casas ia entrar primeiro.
- Risca o que eu disse, estão todos despedidos. - Patrick disse para ele.

Mandei o Mauro guiar-nos para onde o invasor estava e enquanto isso, Patrick não fechava a matraca, como sempre.

Eu não entendo se foi a situação da invasão que deixou-me de mau humor ou se foi o simples facto de eu ter dormido com a Madelyn e ter gostado e saber que não vai voltar a acontecer.

- Tenho algo para contar-te mas eu não vou contar-te porque tu tens algo para me contar e não queres contar. - Patrick comentou com um sorriso.
- Eu não tenho nada para contar-te.
- Tens sim. Está escrito na tua testa, teu humor é horrível muitas vezes mas não tão horrível. Não sem motivos.  O que aconteceu?
- Eu não tenho nada para contar-te, Patrick.
- Eu tenho e quero contar-te.
- Então conta.
- Não caio mais nessa mano, eu sei o que isso é. Depois vou contar-te e tu não vais dizer-me porra nenhuma. Vamos lá dizer ao mesmo tempo em três.
- Patrick, nós não temos doze anos.
- Mas funciona. Vamos lá, três, dois...

Hostage (A Refém)Onde histórias criam vida. Descubra agora