18. O Desentendimento.

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Eu não estava a espera de ser apanhada e eu definitivamente não estava a espera desta reação do Jesse caso eu fosse apanhada. Ele está furioso, furioso pro caralho e não sei se é porque eu estou aqui ou porque eu disse publicamente que eu e ele tivemos sexo desprotegido na noite passada ao pedir-lhe pílulas que ele sabe que eu poderia muito bem ter pedido ao Isaiah ou esperar que ele estivesse menos ocupado.

Ele sabe.

Eu sei.

Mas a linha entre o correto e o errado ficou desfocada para mim quando vi a cara daquela pobre moça, o estado em que eles colocaram-na, independentemente do que ela fez, aquilo é dez vezes pior e acima de tudo, completamente desumano.

- Tu achas que eu estou a brincar aqui Madelyn?
- Logicamente que não. Ninguém queima a cara de alguém com ácido de brincadeira.
- Eu lamento que não concordes com o meu método de trabalho, mas eu não pedi a tua opinião.
- O que foi que aconteceu com "nós não torturamos mulheres e crianças. Fazemos a morte deles rápidas e sem dor..."
- Que tipo de espetáculo de aberrações tu achas que estou a gerir? Não existem aqui vilões nem heróis. Somos todos uma merda e quando há um trabalho a se fazer, esse trabalho deve ser feito. Ela fez o dela, deixa-me fazer o meu.

Sem nada para responder, continuei em frente a ele ainda a sentir-me mal por aquela mulher. Jesse suspirou, veio até mim e puxou-me pelo braço para fora do túnel enquanto eu protestava o seu acto.

- Ei, para onde é que pensas que estás a levar-me? - perguntei enquanto lutava para que ele me largasse.
- Para farmácia. Vamos comprar a porcaria da pílula.

Quando chegamos à porta, os seguranças ainda estavam lá a guardar a casa e o Jesse parou para falar com eles, automaticamente travando-me também.

- Foram vocês que deixaram-na entrar? - Jesse perguntou calmamente
- Sim senhor, ela disse que estava grávida e que era imperioso falar consigo.
- Qual é a parte de NADA VEM ANTES DA MÁFIA, que vocês não percebem? Nem que ela estivesse a dar parto, vocês não deveriam ter deixado-a entrar. - berrou.
- Lamentamos senhor. - o seguranças  que havia me deixado entrar bateu continência, olhando para frente, sem nunca dar de cara com o King. - Não volta a acontecer.
- Hoje estão TODOS A LAMENTAR ALGO.

Jesse voltou a gritar enquanto arrastava-me para a garagem e foi quando ouvimos um dos seguranças a congratular-nos pelo bebé.

Eu não deveria ter mentido sobre a gravidez.

Jesse parou mas ao invés de virar e berrar, ele simplesmente respirou fundo com os olhos fechados e continuou a arrastar-me.

Entramos num outro carro dele e em silêncio, Jesse conduziu até uma farmácia que ficava a quase trinta minutos de onde ele vive.

Eu estava a  tentar não olhar para ele, por ele estar tão zangado e eu não estava conseguir ver o fim desse humor. Ele não acredita que eu entendo e que eu lamento, eu fodi com o dia dele, mas não posso fingir que não fiquei desapontada quando vi aquela moça sobre a custódia deles, naquele estado. Sei que também tenho que ultrapassar isso porque claramente, eu não podia esperar por mais nada do que sangue na casa de tortura numa máfia.

Jesse estacionou o carro em frente a uma farmácia e saiu.

Limitei-me a ficar quieta até que ele voltasse, pois a última coisa que quero é continuar a enerva-lo.

Quando vi-o a sair da farmácia e a entrar num outro sítio, tive uma pequena ideia que pode vir a correr bem ou super mal, seja como for, só tenho como saber depois de tentar.

Jesse saiu da mercearia ao lado e entrou no carro.

- A senhora falou alguma coisa sobre tomares um comprimido antes de 72 horas e falou também de não poderes voltar a tomar isso depois desses dois comprimidos porque pode vir a foder com as tuas hormonas e o teu...ciclo menstrual? - ele falou na dúvida mas manteve a cara neutra - Aparentemente toma-se uma ou duas vezes por ano.
- Obrigada. - eu disse ao receber a sacola pequena.

Hostage (A Refém)Onde histórias criam vida. Descubra agora