23. Embriagados.

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Jesse e eu acabamos a nossa segunda garrafa de vinho e eu honestamente, já não estava com tanta certeza se eu iria levantar depois da terceira que ele estava a abrir.

Os meus saltos estavam algures espalhados pela casa e o Jesse já havia mudado de roupa num momento que foi a casa de banho e depois tirou a loiça da máquina e arrumou.

- Estás a tentar embebedar-me? - falei com meio sorriso, assistindo o Jesse a colocar o vinho na minha taça.
- Não exatamente. A sério que beber o pequeno número de taças que bebeste pode deixar-te embriagada?
- Eu fumo com frequência, não acho giro ter dois vícios de uma só vez. - sorri.

Jesse escornou e disse que eu devia ver o Patrick. Por acaso é algo que também já notei, ele chupa muitos doces, fuma e bebe tanto álcool como cafeína em grandes quantidades.
Patrick está a matar-se lentamente, ele sabe e nem quer saber.

- É seguro dizer que tens um vício em marijuana? - fitei-o.
- É. Parei de fumar a uns anos e usei a dica de "substituir um vício por um outro".

Sim sim, porque eu já não estava para mandar-te desistir.

- Tu não és muito romântico, pois não? - perguntei antes de voltar a tocar a taça com os lábios
- Um pouco.
- Um pouco? - ri-me. - Eu não acredito.
- A sério. Eu não tinha muitos dias de férias, então dedicava algumas sexta-feiras para ela. - encolheu os ombros - Levava ela a jantar fora, oferecia-lhe rosas, ia ao cinema com ela...tentava ser o namorado normal que ela merecia .

Pois tentava.

Eu juro que tenho esquizofrenia.

Para com isso Madelyn, tu não és esquizofrénica.

Tens razão sou só maluca.

Ugh.

- E fazia-lhe cartas de amor ou sei lá...
- Cartas de amor? - sorri - O notório Jesse King a escrever palavras numa folha de papel? Ela era mesmo uma mulher de sorte.
- Eu é que era o sortudo.

Eu vou respeitar o Jesse. Vou continuar a deixá-lo pensar na mulher e se ele achar que pode avançar, espero que uma relação comigo seja um crime que ele possa vir a cometer, porque ele sem dúvidas seria o meu primeiro e favorito crime.

Depois de eu me divorciar claro.

- O que te faz ter medo do Wes? Tipo o verdadeiro motivo.
- A agressão. Ele...magoa a tudo e a todos. Quando ele não consegue magoar a todos, ele magoa a mim.
- E...porquê é que não sais mesmo?

Ri-me de leve ao recordar-me de algo que eu não intencionava em contar...mas contei.

- Eu fugi uma vez. Para Connecticut...e foi como estar aqui, pacífico por quase 3 meses. Eu estava finalmente a começar do zero e estava entusiasmada, estava a trabalhar on-line numa boa...eu estava mesmo para acreditar que talvez exista um futuro para mim.

Continuei a contar o Jesse o resto da minha vida miserável em que a felicidade dura um piscar de olhos. Que depois um dos detetives privados do Wesley encontrou-me e arrastou-me para a casa do Wes, onde ele descobriu que bater-me na cara daria muito nas vistas então bateu-me no estômago, nas costas, queimou-me a parte superior das ancas...ele tornou-me num Frankenstein.

- Nunca mais tentei acreditar que pudesse ser feliz até eu passar este tempo convosco. Mas isso foi até perceber que se ele chegar a mim, ele vai matar-me por causa do tempo que eu deixei vocês me deixarem ficar...como se eu tivesse controle sobre isso...
- Tu pediste para ficar...
- Porque eu sei que ele vai matar-me se eu voltar.

Senti linhas de águas a escorrerem pelo meu rosto.

- Desculpa, eu não sei porquê fico tão emocional quando falo disto. - limpei a cara rapidamente. - É ridículo - sorri por cima da dor.
- Não é ridículo. - ele disse antes de passar-me os guarda-napos - Lamento.

Hostage (A Refém)Onde histórias criam vida. Descubra agora