16. Casa Vermelha

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Jesse e eu praticamente acabamos por dormir juntos até eu despertar por volta das quatro porque comecei a ouvir passos vindos de baixo e a partir do pequeno espaço entre a cortina branca e pesada do quarto, consegui ver luz, por isso que acordei o Jesse e mandei-o voltar para o quarto dele.

- Jesse! - sussurrei - Jesse acorda, está amanhecer. - Jesse?
- Hmm?
- Jesse!!!
- Munich, eu espero que tenhas um bom motivo para acordares-me. - ele rosnou com olhos fechados.
- Jesse, é a Madelyn. Acorda.

Jesse abriu só um olho e fitou-me. Depois pegou num das almofadas e tapou-se a cara.

Dessa vez abanei-o enquanto choramingava o nome dele e ele finalmente levantou-se antes de dar-me um beijo na mão e foi-se embora com a camisa presa ao ombro, arrastando os chinelos nos pés para fora.

Passar uma noite com o Jesse foi exatamente como quando a Cinderella dançou com o príncipe encantado até a meia-noite, foi um sonho, que não vai voltar a acontecer porque alguns sonhos simplesmente não deixam de ser sonhos. Mas enquanto o meu dia não começa posso continuar a recapitular cada toque e beijo que foi trocado na noite passada e segurar-me naquilo para manter-me viva enquanto fico aqui.

Provavelmente ontem, não tenha sido um tudo para o Jesse, mas sei que ele não estava a espera, por isso talvez tenha sido alguma coisa. Quem diria que o meu momento de vergonha fosse dar-me uma noite milagrosa.

Dormi um pouco mais e só acordei quando pareceu que o dia já havia começado, comecei a ouvir movimentos no andar de baixo incluindo a conversa do Jesse com um dos seguranças vindo da minha varanda o que significa que ele estava lá fora.

Levantei-me e aproximei-me da janela para tentar ouvir o que eles estavam a falar mas estava tão pouco audível e estava tão fora do contexto que eu acabei por desistir de tentarmos ouvir e perceber.

Fui até a casa de banho e libertei a água da banheira de ontem que estava agora fria e depois saltei para o chuveiro que ficava ao lado. Cheia de preguiça de sair decidi urinar enquanto a água do chuveiro corria-me pelo cabelo e foi nesse momento que fiz uma realização...Jesse e eu não usamos um preservativo. Porra. E eu não urinei depois dele esporar dentro. Droga.

Merda, eu preciso de uma pílula.

Terminei com o banho, usei um vestido canelado branco e longo e arranjei o cabelo antes de descer para procurar pelo Jesse.

Não acho que seja muito ético pedir uma pílula ao Isaiah, porque assim estaria a tornar esse assunto num assunto dele.

Isaiah encontrou-me e deu-me uma chávena de café. Sentada na cadeira junto a bancada, perguntei para ele se havia visto o Jesse hoje e ele disse que sim, que ele estava a resolver um assunto na casa de tortura.

- Alguém está a ser torturado?
- Aparentemente. - ele disse antes de tomar o café dele.
- E tu sabes quem é?
- Talvez. - ele disse-me
- Quem é?
- Lamento senhora Madelyn, mas eu não posso divulgar informação privadas dos meus chefes. Isso inclui a área de trabalho. - ele explicou

Eu preciso de uma pílula, eu lá sei quão fortes são os espermatozóides merdosos do Jesse, a última coisa que eu preciso é de um bebé Jesse a crescer dentro de mim. Cada minuto conta.

- Eu preciso de falar com ele, Isaiah. Eu necessito.

Isaiah voltou a negar e mandou-me acabar o meu café.

Droga.

Eu levantei-me depois de acabar de beber o café e fui para fora para procurar a casa de tortura que não sei muito bem como se entra, mas por ser a única casa com dois seguranças na porta, não foi difícil de detetar qual das casas era.

Fui até lá e pedi um dos seguranças teimosos para deixarem-me entrar e a resposta foi óbvia, eles não aceitaram.

- Por favor. - implorei mesmo sabendo que não me ia levar a lado nenhum porque eles são teimosos como uma porta.

Honestamente, os meus objetivos desviaram quando eu soube que a casa vermelha estava em uso, eu já não queria falar com o Jesse sobre o assunto das pílulas, eu estava mais curiosa em saber o que eles faziam dentro desta casa, que tem que ser protegida por seguranças mesmo dentro da mansão. Ou simplesmente tenha coisas que eles não querem que eu saiba. Jesse em particular. Provavelmente quem ele verdadeiramente é está lá dentro, o ele que ele não quer completamente apresentar-me. Isso e a versão vulnerável dele.

Ou não.

Por isso, decidi fazer a escolha óbvia e ver se eles realmente são assim tão insensíveis.

- Eu preciso de falar com ele. Eu estou grávida dele, porquê é que acham que eu estou aqui, porquê é que acham que eu sou a única que tem o direito de sair só com ele? Eu estou a carregar o filho dele. E eu preciso dele. AGORA.

Eles entreolharam-se seriamente e depois abriram o caminho para mim.

Excelente.

Quando entrei passei por um corredor escuro, não parecia muito uma casa, parecia um túnel estranhamente, porque por fora realmente parecia uma casa. Depois de andar um pouco mais do que eu devia, tentando seguir os zumbidos que se assemelhavam a voz do Patrick, acabei por perceber que eu estava num andar de cima e a voz do Patrick estava cada vez mais audível que antes e por isso tentei procurar por escadas ou formas de descer sem ser apanhada depois de analisar o sítio.

- Mas a sério. - Patrick dizia - Estou super feliz que tenhas vindo exatamente para esta mansão. Porque sabes o que temos aqui que ESTRANHAMENTE não temos na sede?
- Dignidade? - ouvi a voz de uma mulher que não me era familiar.

Patrick havia dito que eles não torturam mulheres e crianças...eles não estariam a fazer isso certo? Porque segundo o que eu percebi, máfias tem demasiado respeito por tudo desde que...não envolva o dinheiro deles...

- Isso era suposto ser uma piada? - Jesse perguntou.

Continuei a tentar seguir as vozes, que agora conduziam-me para as escadas de baixo.
Aqui no andar de baixo, percebi que este lugar é afinal de contas um armazém mas com a estrutura externa de uma casa. Haviam muitas portas se ferro, cada uma com um número, como se fossem celas da prisão.

Quando finalmente comecei a ouvir as vozes como se estivesses ao meu lado, os donos das vozes também surgiram.

Era mesmo uma mulher, e a cara dela estava, queimada, seriamente danificada e eu não podia fazer nada para além de colocar as mãos na boca para evitar ser ouvida quando arfei, mas isso foi a água baixo porque ela viu-me.

- A quem pertence aquela bonequinha? - ela perguntou com dificuldades

Merda.

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❤️❤️❤️

Hostage (A Refém)Onde histórias criam vida. Descubra agora