34. A Traição.

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Wesley não dorme em casa desde o dia do almoço. Não que eu queira saber, mas agora pergunto-me se eu estou a deixar-me nesta situação porque estou a lidar com o Wesley ou se realmente com o tempo fui me habituando a violência. Porque sejamos honestos, não é que eu tenho falta de pessoas para acabarem com a existência dele, eu tenho pessoas para isso, mas eu continuo a adiar o assassinato dele como se ele tivesse este grande significado para mim...ele não tem, então porquê é que eu continuo a adiar a morte dele e deixá-lo maltratar-me?

O plano inicial era esperar pela hora certa, porque eu tenho uma teoria que pode vir a ficar arruinada se eu simplesmente atirá-lo para a mansão, lá não haverá nada que eu possa dizer que vai fazer com eles não façam o que quiserem com o Wesley principalmente porque a casa é deles. Entretanto, este plano está obrigar-me a comportamentos submissos que eu como Munich não tolero.

Resignar-me a essa submissão e desrespeito tem estado a magoar-me de diferentes formas, estou outra vez coberta de hematomas na barriga e estou com dificuldades de levantar, sentar, deitar...o usual.

Definitivamente, esperar pela hora certa, não é a coisa certa a ser feita.

Eu tenho que pensar em alguma coisa rápido, antes de eu morrer a tentar sobreviver a porcaria do meu marido enquanto poderia ter evitado tudo isto, se eu simplesmente voltasse para casa.

Decidi então ir até ao escritório do meu marido verdadeiro para contar-lhe o que tem estado a acontecer ultimamente, talvez esteja na hora de parar de tentar seguir o plano inicial, porque não tem estado a dar-me nada para além de contusões.

Eu estava agora a subir o elevador do edifício prestigiado do Jesse, que é bastante sofisticado e transparente; ainda no elevador, eu conseguia ver a vista da cidade, os carros a ficarem distantes e o céu mais próximo.

Quando finalmente cheguei ao andar do seu escritório, encontrei a mulher assistente tradicional que fica antes da entrada do escritório do CEO, a recepcionista morena, não muito sorridente, mas com o tom de voz simpático, a maquilhagem bem feita e os dentes completamente brancos.

- O senhor King ainda não veio ao escritório hoje.

Foi o que ela respondeu-me quando eu perguntei se podia ver o Jesse.

- Não veio? Como assim ainda não veio? Hoje é terça-feira...ele não trabalha tipo todos os dias da sua vida inútil?
- Posso deixar um recado para a senhora? - a moça perguntou-me, descartando o meu comentário
- Sim. Quando ele vier diz que a Munich acha que sorte de baunilha é sem dúvidas melhor que bolo de chocolate.
- Perdão? - ela olhou para mim com a sobrancelha erguida.
- Ouviste o que eu disse e seria excelente se reportasses exatamente como eu disse.

É uma espécie de código que o Mason na época havia dito que devíamos ter, para ele saber o nível de apuros em que me encontro sem que o "inimigo" saiba que eu estou a dar-lhe um sinal de ajuda. É como pessoas que dizem "eu amo-te" numa situação de aflito ou "vai a merda"..."vai a merda" seria um bom sinal de apuros para nós.

Desci o elevador até ao subterrâneo que era onde ficava o parque de estacionamento e quando eu andava em direção ao meu carro ouvi alguém a chamar por mim, alguém chamou-me por Munich e eu cometi o erro de olhar...não foi um erro porque é o meu nome, mas foi um erro porque supostamente ninguém deveria saber que esse é o meu nome.

Quando olhei para trás, vi o Dante com um sorriso nos lábios e ele disse baixo algo que soou como "apanhei-te".

- Deixa-me em paz Dante. - eu disse continuando a andar.
- Wesley não sabe que te chamas Munich? Ele insisti em chamar-te de Madelyn...tu te apresentas como Madelyn...
- Cuida da tua vida Dante. - virei-me para ele antes de entrar no carro. - Ainda acabas como o teu pai. - dei um sorriso sarcástico.

Hostage (A Refém)Onde histórias criam vida. Descubra agora