Cadastro De: Munich Bennet.

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O meu nome é Munich Roselyn Bennet, eu sou afro-americana, filha de Jade e Alexander Bennet que morreram num acidente de avião que ocorreu quando eu tinha três anos de idade. Fui depois adoptada por um casal de caucasianos, Josephine e Mark Sherman que cuidaram de mim como uma deusa. Honestamente eu não acho abnormal um casal de outra raça adoptar uma criança de raça de diferente, desde que eles saibam atribuir a cultura da criança nela, para não causar situações de crise de identidade. Josephine e Mark, tiveram algumas dificuldades, mas sempre fizeram de tudo para que eu conhecesse um pouco mais a minha cultura, mesmo que eles não percebessem assim tanto. Eu cresci bem. Eu era feliz. A minha mãe era dona de casa e o meu pai era um engenheiro mecânico que infelizmente não se destacava muito no mercado de trabalho, mas o dinheiro era suficiente para olhar por todos nós.

O filho biológico deles, Brandon Sherman, era tão rebelde que o pai mandou-lhe embora de casa e nunca mais olhou para trás depois de uma discussão que ocorreu entre eles, que foi considerada a gota d'água então, não vi o Brandon desde então.

Minha vida era boa, apesar de tudo, eu fui uma criança feliz, até eu chegar a adolescência, especificamente catorze anos e o Mark lembrar-se que afinal eu não era a filha biológica dele e que os meus seios, os meus lábios, as minhas pernas, a minha bunda, o meu clítoris, não tinham o DNA de ninguém de casa, então não havia problema.

Não havia problemas em ele entrar no meu quarto sempre que eu ia dormir e despir-me. Forçar a sua entrada em mim, roubar-me a minha virgindade e pureza e esquecer todas as regras de moral e ética.

Meu pai violava-me todos os dias durante durante dois anos e a Josephine sabia, ela era a minha mãe, eu tinha que contá-la, mas sendo ela inferior que o meu pai nos seus olhos pois ele é quem paga as contas, ela sentiu-se inferior em opor-se contra o acto demoníaco.

Ela calava, sabendo que o marido não a fode porque está a violar a filha. Ela fechava a boca e fingia que estava tudo bem, todos nós tínhamos que fingir que estava tudo bem, que nós estávamos bem.

Não posso dizer que não a odiei.

Eu odiava a minha mãe mais do que eu odiava a ele porque ela ouvia-me chorar todas as noites e mesmo assim não fazia nada.

Eu não estava bem.

O pau dele estava a corromper-me, o pau dele estava a roer-me por dentro e eu não estava bem.

Quando fiz dezasseis procurei justiça com as próprias mãos e Iowa nunca mais vai me perdoar por isso, independentemente das razões que me levaram a fazer o que fiz.

***

A Noite Em Que Tudo Mudou.

Como sempre, depois de jantar, eu tirava a loiça da mesa e as lavava, depois subia para o quarto para ir dormir.

As noites de jantar já não são as mesmas, quer dizer tem sido as mesmas já a dois anos, onde o meu pai questiona-nos como foi o nosso dia, reclama do trabalho e do desporto e da política, cria um monólogo, onde só ele fala, a casa torna-se tão pequena quando ele abre a boca porque a voz dele é a única coisa que se ouve, como se ele estivesse a falar com um megafone. 

Mas como eu dizia, as noites não eram as mesmas como na época em que nós não tínhamos que fingir estar felizes ou fingir que somos uma família, na época em que nós éramos verdadeiramente felizes, jantar em família era a parte do dia que eu mais queria, sempre que eu acordava eu já queria voltar a casa para ajudar a minha mãe a fazer o jantar e conversar com ela sobre os rapazes giros enquanto o meu pai odiava saber que eu teria que ir a um baile um dia e dançar com um menino.

Agora que penso, acho que ele se zangava porque queria que fosse ele.

Já deitada na cama, guardei a canivete que havia comprado numa loja que ficava na esquina da minha escola por baixo da minha almofada. Ouvi a minha mãe a pedir que ele ficasse lá embaixo com ela a assistir e ele a gritar das escadas a dizer que não ia levar muito tempo, que só queria ir a casa de banho.

Hostage (A Refém)Onde histórias criam vida. Descubra agora