37. A Consequência.

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Eu estava a finalizar de colocar o meu batom vermelho no espelho do carro enquanto esperava pelo Gianni, nós vamos encontrar-nos neste hospital de Nova Iorque que é onde eu vou entregar a surpresa dele. Eu sei que ele vai adorar.

Enquanto esperava pela minha alteza sereníssima, ligava para o local de bolos para confirmar a minha ordem, porque hoje é o aniversário do amor da minha vida, ele vai agora apagar trinta e três velas, velho pro caraças, mas mais sensual que nunca. Entretanto, não posso fingir que esse bolo não é a única coisa que tenho para ele, para além da festa surpresas mais tarde, mas eu não tenho mais nada. Eu sou a mulher dele e eu não tenho nem ideia do que eu devo oferecer-lhe.

Merda.

Jesse é de Janeiro, o que significa que estamos num novo ano, então são bem-vindas as novas idades e aventuras ligadas a elas. Estou muito grata que tenho muitas outras velas que posso vir a apagar com o Mason porque tantas outras foram perdidas, então quero mesmo fazer isto ser um dia especial para ele. Por ser o primeiro aniversário dele comigo e porque saí cedo de casa, deixei balões e um pequeno-almoço com todas as comidas que ele gosta incluindo um pacote de Doritos que ele gosta tanto para o pequeno-almoço.

O natal foi o nosso primeiro natal juntos também, pela primeira vez em sete anos, foi passado casualmente.

O Gianni nem esteve cá, foi passar o natal com a irmã algures em Itália. Eu passei a recuperar-me na cama com o meu esposo a ser a coisa mais fofa do mundo, trocamos presentes, que eu instrui ao Isaiah para comprar exatamente o que eu queria para o Mason. E a melhor coisa do Mason é que ele é uma pessoa muito simples, que gosta de pequenas coisas que lembram-lhe da sua vida antes da mãe dele ficar doente, porque são memórias que ele segura-se a elas como cola.

Dei-lhe uma foto dele e da mãe, que o Isaiah foi procurar nas várias caixas de memórias que o Jesse mandou-lhe selar e livrar-se delas, mas ele guardou quando viu o que tinha lá, porque sabia que o Mason podia vir a precisar, num dia que não estivesse zangado com a vida que leva.

Sim, ele é o tipo de pessoa que toma decisões permanentes em sentimentos temporários.

Eu disse que ele não podia voltar sem nenhum tipo de recordação da infância do Mason, ele é super apegado a mãe dele mas estranhamente não tem nada dela para além de memórias e uma foto dela antes dela ser a mãe dele, que fica no lado da sua cabeceira de cama.

Mas ele conseguiu fazer o meu presente parecer lixo mesmo sabendo que o presente foi mais emocional que o dele, eu senti-me mal porque o presente dele valia cerca de trezentos milhões de dólares, era a pintura da Frida Kahlo que eu vi o Patrick a vender no leilão do ano passado.

Aparentemente o Patrick contou-lhe que eu fiquei apegada ao desenho quando vi, mas ele tinha que vender na época. Na falta de opção de prendas, Jesse procurou pela pessoa que o amigo havia vendido a pintura e comprou de volta e ofereceu-me.

Idiota.

Os meus pensamentos foram interrompidos pelo bater na minha janela, Gianni estava do lado de fora a chupar um doce e esperava que eu saísse.

- Quem é que fica tão produzida para ir a um hospital? - ele perguntou assim que saí.
- Obrigada. - fiz uma pequena pose para ele. - Tenho um encontro com meu amor depois. Nada romântico, só vou mesmo ao encontro dele. - ri-me.
- 27 de Janeiro.
- O que é que vais lhe oferecer?
- Cigarros. - ele deu um sorriso maroto.
- Mas ele não fuma.
- Ele é que te disse isso? - Gianni perguntou sem tirar o sorriso
- Ele não fuma...certo?

Gianni deu uma pequena risada como se eu tivesse dito algo engraçado e avançou a conversa, procurando saber porquê nós estamos num hospital.

- É o aniversário do Jesse mas o presente é teu. Vais gostar.
- Exatamente porque achas que vou gostar, sinto que vou odiar.

Hostage (A Refém)Onde histórias criam vida. Descubra agora