15. Gavetas De Memórias.

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Jesse chegou com duas bandejas de batatas fritas, só batatas fritas e depois a moça atrás dele vinha com mais duas bandejas de hambúrgueres. Quem é que ele julga que sou? Homer Simpson?

- Jesse, eu não vou acabar isso. - comentei.
- Vais sim.

Ele disse antes de se sentar na cadeira a minha frente. Pegou numa caixa de hambúrguer, batatas fritas e um milkshake e deixou-os comigo e puxou o resto para ele.

- Tu não vais acabar isso. - eu disse-lhe desacreditada
- Quem foi que disse isso? - retorquiu antes de comer uma batata.

Abri a minha caixa e vi o que ele havia pedido para mim, parecia um hambúrguer normal até ele dizer-me que era um hambúrguer plant-based, disse que nunca viu-me a comer carne vermelha ou branca excepto o sushi do outro dia e achou que talvez eu não comesse carne por isso optou por isso.

- Pensei que não assumisses coisas. - comentei
- Não assumo. Mas tenho estado a conviver muito contigo que acho que apanhei a praga.

Sorri.

Jesse colocou o vinho num dos copos de milkshake e continuou a comer.

- E afinal de contas tens outros dias livres - comentei antes de comer.
- Tive que pedir ao meu chefe, expliquei-lhe que tinha que pedir desculpas a uma moça por eu ter agido como um cão que sou e ele entendeu logo, porque... ele também é um cão.

Mordi o meu hambúrguer porque não queria que visse o sorriso que ele havia me tirado.

Eventualmente, enquanto comia o segundo hambúrguer, Jesse lentamente meteu conversa comigo, na tentativa de fazer-me rir e conhecer-me melhor e não parava de repetir que eu comia muito devagar.

A esta altura, eu já estava muito a vontade, havia tirado os saltos e cruzado os pés por cima da cadeira onde sentava.

- Devo aceitar então, que vamos voltar de táxi. - eu disse-lhe ao vê-lo a abrir a outra garrafa de vinho com o parta chaves dele que tem um saca-rolhas.
- Não.
- Eu não vou entrar no teu carro enquanto estiveres bêbado...achas que posso fumar aqui?

Jesse olhou para os lados e depois encolheu os ombros dizendo que não acha que os fantasmas fossem se importar.

Tirei os meu cigarro da bolsa para acender, ele disse que não estava bêbado e perguntou-me se eu não queria misturar o meu shake com o vinho.

- Ew. - fiz cara de nojo. - Coloca. - eu disse-lhe no segundo a seguir e as covinhas do Jesse surgiram juntamente com o seu sorriso.

Jesse fez a mistura nojenta que havia sugerido e devo dizer que sabe exatamente como soa: nojo.

- Estragaste-me o milkshake. - eu disse-lhe.
- Queres outro?

Ao invés de responder, peguei no copo dele que tinha vinho e continuei a beber, ele por toutro lado, continuou a beber da garrafa. 

Continuamos na conversa até o pessoal que lá trabalhava mandar-nos embora, por isso demos continuidade com a conversa enquanto andávamos para o carro.

Ele explicou-me algumas regras da máfia dele, que me fez acreditar que essa gente é muito organizada e respeito é algo que praticamente não pode faltar entre eles.

Diferente de outras máfias e independentemente do dinheiro que podiam estar a fazer, Jesse e Patrick preferem não trabalhar com tráfico de seres humanos, órgãos ou prostituição, porque a ideia de obrigar uma outra pessoa a fazer algo ou a tirá-la da sua família está longe das suas crenças e cultura. Desde que não envolva pessoas a serem arrancadas das suas casas ou a serem obrigadas a fazerem coisas eles aceitam tudo.

Hostage (A Refém)Onde histórias criam vida. Descubra agora