21. A Palestra.

211 42 3
                                    

"Queríamos chamar-te de Madelyn Wright. Wright é o nome do meio do teu pai"

Acordei com uma lambedela de um dos cães do Jesse, era essa água que eu estava a sentir no sonho, era saliva. Ew.

A minha cara estava a picar e cheirava a areia molhada com pedaços de relva fixados nela.

Porra, a sério que dormiste na relva Maddie?

Ninguém podia tirar-me daqui?

O céu escuro já havia desaparecido, eu estava agora presente a um céu novo, rosa, com os raios solares ainda a virem.

Levantei-me e notei que aquela área da mansão estava praticamente vazia.

Enquanto eu andava em direção a casa deles, lembrei-me da última memória que passou por mim antes de eu acordar "queríamos chamar-te de Madelyn Wright"...

Olhei para o pulso e passei o dedo pela tatuagem de MW que ali estava.

Então não foi coincidência, meu nome é Madelyn Wright ou pelo menos deveria ser...então não é? O que pode vir a ser se não é Madelyn e o quê é que MW significa se não são as iniciais do meu nome?

"...tu nasceste numa cidade que eu adorei conhecer e assim nasceu o teu nome."

Qual era o nome do país que ela disse mesmo? Qual eram os nomes das pessoas que lá estavam?

Droga.

Merda.

Vi o Isaiah a sair da casa dos funcionários e olhou para mim com choque, mas não se alarmou. Aproximou-se de mim e perguntou o que havia me acontecido.

- Dormi na relva, sem querer. - Justifiquei-lhe enquanto continuava a andar.

Isaiah abanou a cabeça de desilusão e acompanhou-me à casa.

Voltei para quarto e fui deitar-me na cama, que ficou suja com a areia e relva que ainda estava no meu cabelo e dormi outra vez, mas desta vez não ouve nenhum tipo de sonho ridículo.

Quando acordei outra vez, faltavam ainda três horas para o Jesse vir ao meu encontro, por isso perguntei ao Isaiah se eu podia chamar alguém para trançar o cabelo, porque eu já estava cansada da juba.

Ele explicou que não podia chamar ninguém para aqui sem a permissão dos chefes.

- Eu preciso fazer alguma coisa com o meu cabelo. - eu disse para ele antes de entrar no quarto. - Arranja uma solução.

Aquilo soou como algo que o Patrick fosse dizer, talvez eu deva mesmo voltar a casa.

Eu até podia fazer-me as box braids sozinha, mas ia levar um dia inteiro para eu acabar e eu tenho só duas horas e cinquenta minutos para ficar pronta.

Isaiah, realmente arranjou um plano, ele chamou uma das funcionárias doméstica, que sabia trançar, ele também deu-a um valor para comprar o que eu precisava para trançar as box braids.

Lavei o cabelo, sequei, escovei os dentes e lavei a cara e só depois fui ao encontro da senhora.

Enquanto a moça me trançava, eu conversava com ela e ela acabou por contar-me que havia aprendido a trançar porque precisava de uma forma de fazer dinheiro na época, pois ela não teve a vantagem de ir à escola e ter uma educação escolar apropriada.

- O dinheiro que recebes aqui é suficiente? - perguntei

Ela respondeu que sim, que o salário dela aqui ajudou-a a sair do bairro em que vivia juntamente com os pais e os dois filhos dela. Disse também que os chefes dela são muito bons, desde que elas mantenham-se no lado bom deles. Ela disse também que uma trabalhadora morreu em frente aos olhos dela, porque ela viu algo do nosso dia-a-dia pela primeira vez: um dos capangas do Patrick e do Jesse apareceu a arrastar um outro homem depois de ser espancado. Ela quis desistir do trabalho porque era demasiado para ela e ameaçou dizer à polícia sobre tudo se eles não a deixassem sair.
Patrick matou-a em frente a todos para servir de lição para elas.

Hostage (A Refém)Onde histórias criam vida. Descubra agora