Amizade inesperada

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Durante a manhã ficamos nos hotel. Todos estavam cansados então, tínham marcado na agenda turística para o grupo sair pra almoçar e só retornar para o hotel a tarde. Eu preferi ficar no hotel, queria descansar o suficiente para não passar mal a noite e queria me preparar para o encontro.
- Amanda, você realmente não vai querer ir comigo? Já vai me abandonar amiga? - Disse Júlia, termiando a sua maquiagem de frente ao espelho do outro lado do quarto.
- Não vou te abandonar, só que quero descansar. Amanhã prometo sair com você é escrever a nossa história em Seoul. - Falei pulando da cama.
- Okay, só vou te perdoar porque amanhã você vai me recompensar me pagando o um almoço.  - Disse me fitando nos olhos.
- Perai... Isso é uma chantagem? - Ri e depois franzi as minhas sombrancelhas em negação. 
- Digamos que sim. - Rimos juntas.
Paramos com algumas batidas na porta. Era o nosso guia tinha vindo nos buscar e já estava acompanhado com os outros 4 integrantes do nosso grupo.
Expliquei que não iria, por conta do enjôo e ele me informou que se precisasse de algo eu poderia ligar que ele se comunicaria com o pessoal do hotel para me ajudar.
Agradeci e voltei pra cama. Olhei meu celular, ainda relendo as últimas mensagens do Hoseok. Era 11:00 da manhã.  23:00 horas no Brasil, nessa hora eu estaria dormindo. Mais graças a ansiedade estava bem acordada.
Resolvi desfazer minha mala. E decidir qual roupa usar.
Foi nesse momento que ouvi meu celular tocar com a notificação de mensagem. Era o Hoseok.
" Olá, está melhor?"
" Sim, estou bem melhor obrigada!! " - Respondi.
Em seguida...
" Então porque não saiu com o seu grupo para passear? "
Li assustada. Como ele saberia? Não contei nada. Aí meu Deus,  será que ele realmente era um stalker?
" Como você sabe que meu grupo saiu? E eu fiquei?"
De imediato, ele respondeu.
" Eu lhe disse que o Sr. Kim, está a sua disposição, ele está aí na frente do hotel se você quiser ir encontrar com eles. "
"Então quer dizer que eu tenho um espião ?" - Perguntei um pouco chateada pra falar a verdade, porque aquilo já me parecia algo demais.
" Espião não.  Segurança. "  - Ele respondeu.
Segurança? Porque eu precisaria de um? Ou melhor porque o Hoseok me mandaria um segurança? Tantas perguntas se formaram na minha mente.
" Porque eu preciso de um segurança Hoseok? Por um acaso você é algum mafioso? Aliás aqui na Coreia tem máfia? Não sei ao certo."
" kkkkk, a noite você vai ficar sabendo se sou mafioso ou não. "
" Eu não sei se quero me encontrar com alguém tão perigoso assim. " - Falei brincando. Mais com medo que aquilo fosse realmente verdade.
" Amanda, eu não sou mafioso eu não consigo matar um inseto. Fique tranquila. "
" Promete? Não quero o meu cadáver boiando no Rio Han." - Falei sendo um pouco dramática.
" Não se preocupe eu vou ocultar o seu cadáver, ninguém a não ser eu vai saber onde ele está. "
Não consegui conter o riso.
" Assim você não está ajudando..."
" Kkkkk, parei. O que você vai almoçar? " - Nem tinha pensando nisso.
" Ainda não sei. Não tinha pensando no assunto. "
" Fique pronta em 30 minutos. O Sr. Kim vai te levar em algum lugar pra você almoçar." - Recebi e logo fiquei incrédula.
" Como assim?" - Perguntei.
" Agora que você está perto de mim, vou me certificar de todas suas refeições sejam feitas. Eu sei que você pula algumas. E você está de férias, então tem que comer bem!"
Então é isso? Ele pensou em tudo? Em cada detalhe? E eu ali ainda nem tinha me decidido com qual roupa iria sair com ele a noite.
" Tá bom Sr. Hoseok. Onde o Sr. pretente me enviar para almoçar?"
Perguntei curiosa.
" Não vou te assustar com a comida... Não ainda... O Sr.  Kim vai te levar em um restaurante coreano mais ele já está ciente que você não come pimenta e vai escolher um prato não tão diferente. Eu sei que você vai gostar. "
" Está bem... E você o que vai almoçar?" - Perguntei.
" Só vou almoçar depois que sair daqui. Quero adiantar o máximo para não me atrasar. Tenho um encontro e não fica bem pra mim um atraso. "
Encontro? É então é real. Fico olhando o celular sem reação.
" Vamos... faltam 25 minutos. E eu já avisei ao Sr. Kim, ele já está a sua espera." - Ele enviou em seguida já que eu não respondi nada.
" Certo, avisa pra ele que desço em 25 minutos." - Enviei.
Então corri para o banheiro e tomei outro banho rápido. Peguei uma calça jeans clara , uma camiseta branca ( minha cor preferida) e calcei meu tênis branco. Usei um pouco de maquiagem não muita coisa e por fim peguei um blazer com listas pretas e brancas horizontais. Estava esfriando e diferente do Brasil, ali o outono fazia frio. Desci para o sagão do hotel, logo na saída pude avistar o Sr. Kim do lado de um carro preto SUV da Hyundai.
Ao me aproximar ele abriu a porta do banco de trás e eu entrei sem questionamentos só  com um cumprimento de olá. 
Ao fechar a porta ele deu a volta no carro e entrou.
Com o carro em movimento, pude ver um pouco mais daquela cidade que me encantava e que eu estava ansiosa demais por conhecer. Quantos prédios altos e espelhados, com seu ar luxuoso. Fiquei imaginando em qual deles o Hoseok, estaria naquela hora. Afastei esse pensamento para acalmar o meu coração. Afinal logo estaríamos cara a cara, então não haveria mais segredos.
Voltei minha atenção para o Sr. Kim que dirigia em silêncio.
- Obrigada, Sr. Kim. - Falei no meu coreano iniciante.
- De nada. Pode falar em português comigo. - Respondeu em português. 
- Melhor, assim me sinto mais confortável. - Risos.
- Sr. Kim, eu deveria ter medo do Sr. Hoseok? - Perguntei, mesmo já esperando uma resposta. Nitidamente, ele não trairia o chefe dele.
- Não.  O Sr. Hoseok, é uma pessoa do bem. A Srta. não precisa ter medo dele. - Busquei nas suas palavras alguma hesitação mais não encontrei nenhuma.
Por fim me conformei com o fato de deixar todas as minhas perguntas pra noite.
Foi aí que percebi que o carro estava sendo estacionado. Quando olhei para frente vi um restaurante minúsculo e muito acolhedor. Muito semelhante aos que os casais vão comer alguma lamen nos doramas que eu assisto sem parar.
Durante o almoço fiz algumas perguntas para o Sr. Kim.
- Sr. Kim, onde aprendeu o português?- Ainda não tinha me acostumando com o fato de ter encontrado uma  pessoa do outro lado do planeta que fale português.
- Aprendi com minha avó. Ela era brasileira. - Falou ele, deixando os rashis  sob a mesa.
- Então o Sr. tem descendência brasileira. Que legal! Eu não esperava encontrar alguém assim aqui. Fico realmente feliz. - Sorri de maneira cordial.
- Quando o Sr. Hoseok, começou a aprender eu ensinei a ele algumas coisas. Desde então estamos treinando juntos. - Disse e depois pegou novamente os seus rashis.
- O Sr. conhece o Brasil? - Fiquei curiosa.
- Não.  Eu nasci aqui e nunca fui pra lá. A família da minha avó era de Curitiba, ela se casou muito jovem com meu avô e veio pra cá.
Fiquei por um momento olhando ele. Uma figura de meia idade, deveria ter por volta dos seus 45 a 50 anos, pele bem cuidada, mais já se notava alguns fios grisalhos no seu cabelo preto. Um brasileiro / coreano. Me senti em casa por um momento.
Terminamos e ele foi pagar a conta.
Tentei de todas as maneiras lhe dar o dinheiro mais ele se negou e por fim respondeu.
- O Sr. Hoseok, me deu ordens de não deixar a Srta. pagar.
Saímos e antes de ir em direção do carro ele me perguntou.
- A Srta. gosta de café? Aqui próximo tem uma cafeteria pode ser uma sobremesa.
- Eu amo. E ainda não tomei café hoje. Obrigada por lembrar, se não mais tarde vou ter problemas.
Eu tinha desenvolvido uma certa dependência de café, devido a um trabalho anterior eu julgava que não tinha muito tempo pra comer, então só tomava café, porque era mais rápido. E hoje se eu não tomar fico com dor de cabeça.
- Por nada. Posso lhe perguntar algo?
- Sim. - Fiquei curiosa.
- Porque a senhora agradece por tudo?- Me perguntou olhando pra mim, naquela altura já estávamos na frente do café, fomos a pé mesmo.
- Porque eu não estou acostumada com tanta gentileza. E é o que devemos fazer né? Quando alguém é gentil com a gente? - Falei com muita sinceridade.
A cafeteria tinha um aspecto rústico com tendências modernas. Algumas plantas no seu interior, plantas naturais mesmo, nada de artificial. Era pequeno, tinha por volta de 10 mesas de madeiras, segui o Sr. Kim e logo estávamos fazendo o pedido no balcão.  Pedi um capuchinho e  uma fatia de torta de frutas e o Sr. KIM pediu um café expresso. Fomos em direção a uma mesa na parte lateral do café.  A parede era de vidro então poderia ficar olhando aproveitando a vista enquanto isso. Não demorou muito nosso pedido chegou. Já estamos conversando sobre a viagem. Contei pra ele o grande percurso que tive que fazer antes de pegar um vôo de São Paulo para Seul. Ele não imaginava que seria tão longe assim.
- Eu sonhava com essa viagem bem antes de conhecer o Hoseok. Me esforcei muito para chegar até aqui é como uma vitória pessoal. - Eu não queria lhe contar como minha vida sempre foi difícil. Mais ele percebeu a tristeza nos olhos.
- A Srta. tem os olhos de alguém que passou por muita coisa, olhos amadurecidos apesar de jovem. Mais foram as coisas difíceis que lhe trouxeram até aqui. Fique feliz, hoje seu sonho se realizou. - Falou, com uma voz paterna.
- Verdade, o senhor tem razão.  - Sorri pra ele.
Continuamos a conversar sobre o tempo, o quão é diferente do meu Nordeste, ele falou um pouco dos pontos turísticos, das comidas. Por fim decidimos ir após ele receber uma ligação do Hoseok.
- Srta. Amanda, eu vou precisa ir buscar o Sr. Hoseok, ele já está livre. Devo deixar a Srta. no hotel antes.
- Tudo bem. Vamos então. - Fiquei um pouco nervosa. Acho que ele percebeu.
- Não precisa ficar nervosa. Tenho certeza que a Srta. vai gostar do Sr. Hoseok.
Eu sorri. Eu já gostava. Mais ele não precisava saber disso.
Seguimos de volta para o hotel. Agradeci pela companhia e subi para o meu quarto.
" Amanda, gostou do passeio?"
A primeira mensagem do Hoseok a tarde.
" Sim. Amei. O Sr. Kim é um homem muito gentil. "
" É mesmo. Ele tem um bom coração. Estou indo pra casa daqui a pouco. Logo mais nos encontramos. "
Meus Deus, comecei a tremer. Cada hora que se passava estava mais próximo.
" Sim, mal posso esperar. Pra descobrir a qual gang você pertence. " - Falei para tentar descontrair. Mais por dentro só faltava gritar.
" Ainda com isso?? Kkkk"
" Você sabe que eu estou brincando né?" - Respondi.
" Sei. Eu sei que você faz isso quando fica nervosa."
Ele me conhecia muito bem, para alguém que tecnicamente nunca  esteve comigo presencialmente.
" Até mais... E não fique pensanso muita besteira. "
" Está certo. E, eu não estou pensando besteira. "
" Tá bom... Sem bico. " - Ele mando por fim.
" Tchau."

 

Improvável porém, Amor (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora