Borboletas

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Desfiz a minha mala, então fiquei em dúvida qual vestido usar. Eu tinha levado dois modelos mais arrumados, por fim decidi ir com um vestido preto. 
- Preto é básico e nunca é errado. - Falei avaliando o vestido, que estava sobre a minha cama. Separei um sobretudo branco, para dar um contraste no vestido social preto.
- Espero que eu não pareça muito séria com essa roupa.
Foi nesse momento que Júlia, voltou do passeio. E me viu nesse dilema.
Ela me contou como foi divertido sair com o pessoal, me disse que tinha feito amizade com quase todos, mais em especial um. Paulo, homem negro de quase dois metros de altura que se destacava não só pela sua altura mais por sua beleza também.  Parecia um modelo de catálogo de roupas masculinas. Ela estava toda animada com ele. Todos queriam me conhecer, ela me informou.
- Amanhã prometo que saímos juntas e conheço o pessoal. - Queria mesmo conhecer as pessoas, é uma forma de fazer novas amizades e eu não tenho muitas.
- Combinado. Você não pode faltar! Vamos beber soju hoje a noite. Paulo vai também. - Ri alto. Não consegui me conter.
- Você está de olho no Paulo o modelo?
- Claro, não custa nada sonhar... - Falou, Júlia balançando seus cabelos loiros.
Rimos juntas.
- E aí? Que horas é o seu encontro?
- As 19:00, o Sr. Kim, vem me buscar. Eu sai com ele hoje a tarde. Almoçamos juntos.
- Você saiu com o motorista? Como assim? - Falou se jogando na cadeira do lado da mesa que tínhamos no quarto.
Fiz um resumo do que aconteceu e do que conversamos. E o mais importante: a sua descendência brasileira.
- Então, a avó dele era brasileira? Que consciência Amanda. - Falou ela com a boca entre aberta.
- Verdade. - Concordei.
- Então vamos lá! Qual o modelito de hoje? Você tem Que mostrar o quê que a baiana tem para esse coreano. - Falou ela balançando os ombros, imitando a Carmem Miranda.
Não aguentei... Ri... Ri muito!
- Ué, falei alguma mentira? - Falou ela arregalando os olhos.
- Não sei... Mais não somos assim. E  eu não sei se ele vai gostar de mim. Nunca conversamos nada além de amizade. - Falei sincera.
Júlia, veio ao meu encontro, colocou a mão nos meus ombros e olhou nos meus olhos.
- Amandinha, não seja ingênua. Você é uma mulher adulta, ele é um homem adulto...
Eu entendi o que ela quis insinuar. Mais não tenho muita fé que algo a mais possa acontecer.  Então meu foco é saber quem ele é de verdade.
- Júlia, somos amigos. - Falei encerrando o assunto.
- Tá bom, vou saber se são só amigos ou não se eu dormir sozinha hoje a noite. - Falou ela rindo.
- Então o que vai usar hoje? - Perguntou.
- Já separei um vestido. Eu iria de calça, mais pelo o que pude observar hoje é melhor ir de vestido. - Falei apontando para a minha cama. Lá estava um vestido liso, preto, com um tecido grosso e pesado. Lembro do dia que comprei ele. Comprei mais pelo impulso da Ana, que tinha  me dito que era melhor eu andar preparada, nunca se sabe onde vocês podem ir. Foram as palavras dela.
- Amei! Coloca um super salto e pronto! E o cabelo e a maquiagem? - Perguntou pegando em uma mecha do meu cabelo.
- Eu pensei de deixar ele solto. Talvez eu passe uma prancha e uma maquiagem sutil.
- Não não não. Vamos lavar esse cabelo e secar e fazer umas ondas nele para da r volume e sua maquiagem deixa comigo. - Falou toda entusiasmada.
Era 17:00, então dava tempo de sobra. Em meio a gargalhadas e uma garrafa de vinho. Eu estava pronta as 19:00 horas em ponto!
O Sr. Kim, já estava lá embaixo. Havia mandando uma mensagem. Júlia também estava pronta, ela iria sair com o pessoal. Então desceriamos juntas.
Dei uma última olhada no espelho, me perguntando se não era muito tudo aquilo.
- Amanda, você está linda. Só precisa sorrir. Não fique nervosa. Tenha confiança. - Disse Júlia, atrás de mim de frente ao espelho.
- Será que não tá demais, tudo isso? - Falei movendo as mãos em minha direção.
- Não! E vamos logo, eu quero beber soju. - Falou ela me virando.
Eu estava com o vestido preto, sobre tudo preto, com detalhes brancos em toda extremidade( de última hora decidir deixar o branco para traz, aderindo a  sugestão da Júlia),  de salto alto, meu cabelo com um pouco de volume, Júlia me ajudou com a maquiagem sutil, porém com o batom vermelho. E era ele que me preocupava.
Chegamos no saguão do hotel, pude observar alguns rostos familiares do nosso grupo e Paulo estava lá. 
- Vamos Amanda, só dá um oi para todo mundo, antes de você sair. - Falou me puxando em direção ao grupo.
- Não posso me atrasar o Sr. Kim, já está me esperando.
- Vai ser rápido.  Eu juro. - Concordei, indo com ela em direção ao grupo.
Já tinha umas 20 pessoas juntas, aguardando os demais. Júlia me apresentou a todos. Paulo, foi muito gentil ao me dar um abraço. Ele era enorme. Mesmo eu com aquele salto, mal batia no seu ombro.
- Então, você é a famosa Amanda? Júlia falou muito sobre você.
- Eu espero que bem. - Falei dando uma cutucada nela. E sorri.
- Sim. Ela disse que se não fosse por ela, você teria colocado os bofes pra fora. - Falou ele com um pouco de ironia na voz.
- Eu não acredito! Bom, mais ela meio que tem razão mesmo. Eu tive sorte de ter uma colega de poltrona enfermeira. - Falei pegando ela pelo braço e entrelaçando no meu.
- Então você vem com a gente? Vamos comer churrasco coreano e tomar soju. - Perguntou ele.
- Há não.  Eu tenho um compromisso. Que aliás já estou atrasada. Amanhã saio com vocês. - Falei já me soltando de Júlia.
- Então está combinado amanhã. - Falou Paulo, sorrindo. E que sorriso perfeito. Nada fora do lugar, sorriso digno de comercial de creme dental.
Ascenei e sai do hotel.
Lá do outro lado da rua, estava o Sr. Kim.
- Desculpe, Sr. Kim, eu tive que cumprimentar o pessoal da minha excursão.  Eles estavam preocupados comigo porque não sai com eles para o almoço.
- Tudo bem Srta. Amanda. - Falou ele fechando a porta e dando a volta.
Quando o carro começou a se movimenta. Percebi Paulo, olhando na minha direção de forma curiosa. E Júlia com mais duas moças que estavam no quarto ao lado do nosso.
- Então, o Sr. Hoseok... - Fiquei com medo de terminar a frase.
- Ele já está no local esperando a senhorita. Levei ele primeiro antes de vim buscar a senhorita. - Falou ele me  encarando pelo espelho do carro.
As borboletas no meu estômago, não paravam de se debater.
- Sr. Kim, onde vamos? - Perguntei curiosa. Eu realmente queria saber.
- Não vai demorar muito para chegarmos lá. Descance e observe a linda noite em Seul. - Falou ele com o seu sorriso paterno.
Eu tentei me concentrar nas luzes que passavam por mim, mais a minha mente estava tomada pelas perguntas que ansiava a fazer e a curiosidade maior era : Quem realmente era o Hoseok?!
Então o carro parou. Fiquei assustada. Não sei se estou preparada para isso.
- Chegamos. O Sr. Hoseok, está lhe esperando no vigésimo quinto andar. - Falou olhando para o prédio a frente.
- Você não vai entrar comigo? E se eu me perder lá dentro? - Falei em pânico.
- Se a senhorita  quer tanto, eu entro com a senhorita. - Falou me olhando.
- Eu quero. Se não for incômodo, Sr. Kim. - Falei como uma filha, pedindo algo ao pai.
Ele não questionou, saiu do carro e abriu a minha porta pra eu sair.
Andamos lado a lado. O prédio era enorme... todo espelhado. Parecia ser um prédio comercial. Pensei. Ele está me esperando no trabalho dele?
- Chegamos. Daqui a senhorita pode seguir.
Estávamos na frente de um elevador. Quando ele chegou. O Sr. Kim, apertou o 25° andar. Eu entrei e respirei fundo quando as portas se fecharam.
- É agora! Só se mantenha calma.  - Falei alto pra que aquelas palavras pudessem me convencer. Então rápido demais as portas do elevador se abriram, era o 25° andar.
Eu olhei a frente. Era uma espécie de salão, sai do elevador e entrei na sala. Haviam muitas mesas, mais só uma no meio do salão estava ocupada. Ele estava de costas pra porta. Vi seu cabelo preto. Eu nunca tinha visto o seu cabelo. Ele era sempre coberto. Esitei em prosseguir, quando cheguei ao lado da mesa atrás dele. Mais já não podia aguentar a minha curiosidade.
- Hoseok? - Falei com a voz trêmula. 
Então ele se levantou, estava de terno. Preto. Combinavamos mesmo sem ter planejado. E se virou pra mim.
- Olá Amanda! - Falou ele sorridente em português.
Eu não pude acreditar. Precisei de alguns segundos para meu cérebro voltar a trabalhar, porque ele com toda certeza travou naquele momento. Meu coração que já estava na boca, acabou de pular pra fora.
- Não brinca. - Falei olhando pra os lados. E atrás de mim.
- Deve ser um engano. Eu vim encontrar uma pessoa. - Tentei explicar em coreano.
- Eu sou essa pessoa Amanda. Eu sou o Hoseok. - Ele falou sorrindo cada vez mais. Porque ele estava tão feliz?
- O meu Hoseok, é o Hoseok? Hobi? Jhope? Do BTS? - Perguntei incrédula, mesmo que eu meio que sempre desconfiei.
- Gostei desse " Meu Hoseok" . Mais sim eu sou todos eles. - Falou ele de forma convencida, sorrindo e passando a mão do rosto.
- Meu Deus ! Porque você não me disse nada. Teria sido tudo tão mais fácil! Eu sabia! Sempre soube! Mais você negou tanto, que fiquei com medo de te magoar se insistisse demais. - Falei andando de um lado para o outro. Imersa nos meus pensamentos.
Ele veio em minha direção e pegou nos meus pulsos.
- Amanda, calma. Eu ainda sou eu. Sem aquela máscara ou boné, mais eu ainda sou eu! - Falou olhando os meus olhos.
- Eu sei... Só que agora eu não sei como devo me comportar com você. Desculpe se alguma vez fui rude com você. Ou te faltei com respeito. - Eu as vezes fazia birra com o Hoseok. Agora fiquei com vergonha.
- Não precisa se desculpar. Você nunca fez nada disso, pelo contrario. Todo esse tempo com você, você me fez me sentir bem e normal. As vezes é difícil ser só o Hoseok, cara normal de 30 anos. Obrigado!
- Pelo o que?
- Por me fazer me sentir vivo. - Respondeu e eu pude ver finalmente os seus olhos sem filtro. Ali estava o meu Hoseok. Bem na minha frente e ele é um super idol , mais também é um cara normal. Sorri
Enfim sorrimos juntos.
- Posso te dar um abraço? - Perguntei. - Eu sei que aqui vocês não cumprimentam com abraço, mais eu...
Ele me interrompeu com o melhor abraço de todos. Que cheiro bom, que abraço aconchegante, que paz!
Então depois de algum tempo assim porque  nenhum dos dois soltava.
- Hoseok, obrigada!
Ele se soltou do meu abraço e me olhou nos olhos.
- Porque? - Perguntou. Ele sabia o porque,  eu sempre falava pra ele o quão era grata ao Hoseok, ao BTS. E ele bem na minha frente esse tempo todo.
- Obrigada, por me encontrar no meu pior momento e sempre estar por perto, mesmo que onipresente. E obrigada por me fazer sorrir, quando eu só queria chorar. Obrigada por me fazer continuar. Obrigada por não desistir.  - Não percebi mais uma lágrima havia caído dos meus olhos.
Hoseok, afastou ela com os seus dedos.
- Eu sei... Eu sempre estarei com você. Vou cumpri aquela promessa. Mais não chore, não precisa chorar. - Então ele começou a fazer aqueles barulhos que sempre fazia quando eu ficava triste. Eu não consegui, como sempre conter o riso.
Sentamos na mesa, já estávamos em pé por muito tempo.
- Então decepcionada? Por finalmente saber que eu não faço parte de gang? - Falou ele tentando descontrair. E conseguindo.
- É... um pouco. Pensei que teríamos mais cenas de ação. -  Falei entrando na brincadeira e rindo.
Nisso percebi um garçom saindo por trás de duas portas no lado esquerdo do salão. Ali deve ser a cozinha, pensei.
Ele trazia um carrinho com champanhe . Nos serviu.
- Vamos fazer um brinde. - Hoseok, levantou a taça. Eu fiz o mesmo.
- Ao encontro!
- Ao encontro !
Brindamos juntos. Aos risos. Eu estava nervosa por estar na frente dele, mais lembrei que ele era o Meu Hoseok. Então tentei ignorar o fato dele ser um super astro e o tratei de forma normal ... um homem normal.
- Então aqui é um restaurante? - Perguntei eu estava curiosa.
- Sim. Bom é um prédio comercial, é da minha família. Acabou de ficar pronto. É a primeira vez que estamos usando a cozinha. Logo vamos alugar o local. - Explicou ele olhando a sua volta.
- Hum... Muito bonito!
- Você ainda nem viu a vista, vou te levar no terraço . Vamos? - Levantou e estendeu a sua mão.
Eu estendi a minha e peguei a dele e fomos para o terraço.

Improvável porém, Amor (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora