CAPITULO 77

47 4 0
                                    

Luan acordou cedo e chamou Benjamin, que se virou na cama e cobriu o rosto com o travesseiro.

— Só mais cinco minutos... — murmurou com a voz sonolenta.

— Nem pensar, mocinho. Anda, levanta logo. — Luan puxou o cobertor e bagunçou o cabelo dele, recebendo um resmungo em resposta.

Benjamin saiu da cama de má vontade, mas obedeceu. Depois do banho e do café da manhã, seguiu para o carro ainda se espreguiçando. Durante o trajeto até a escola, a conversa fluiu melhor do que no dia anterior. O menino parecia mais animado, e Luan gostava de ver aquele brilho nos olhos dele.

— Nada de brigas hoje, combinado? — Luan pediu, estacionando em frente à escola.

Benjamin bufou.

— Tá bom, pai...

— Eu tô falando sério. Se acontecer qualquer coisa, me liga na mesma hora.

— Beleza!

Ele abriu a porta e desceu, caminhando até o portão da escola. Luan permaneceu no carro, observando. O aperto no peito ainda estava ali, uma sensação incômoda que não conseguia ignorar.

Suspirou e desviou o olhar por um momento, pegando o celular no banco ao lado. A tela mostrava uma chamada perdida de Camila.

Seu coração acelerou.

Mas quando levantou os olhos novamente, o ar pareceu sumir dos pulmões.

Benjamin estava sendo segurado por dois meninos maiores, enquanto Luiz Otávio desferia um soco certeiro contra sua barriga. O pequeno se curvou, gemendo de dor, mas não teve tempo de se recuperar—outro golpe veio, dessa vez atingindo suas costelas.

— Seu merdinha! Tá pensando que é quem pra sair falando de mim por aí? — Luiz Otávio cuspiu as palavras, segurando Benjamin pelo colarinho da camisa e o empurrando contra a grade.

Luan viu vermelho.

Num rompante, abriu a porta do carro e correu até eles. Seu coração martelava tão forte que ele mal ouvia mais nada. Luiz Otávio arregalou os olhos ao vê-lo, mas não teve tempo de reagir. Luan o empurrou sem nenhum cuidado, afastando os outros dois com um movimento brusco.

— O QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO?! — rugiu, seu tom de voz mais grave do que nunca.

Benjamin deslizou pelo metal da grade e caiu de joelhos no chão, segurando a barriga com ambas as mãos. Seu rosto estava pálido, a respiração entrecortada de dor.

— Ai... ai, pai... — murmurou, apertando os olhos com força.

O estômago de Luan se revirou.

— Meu Deus, filho... — Ele se abaixou rapidamente, puxando Benjamin para seus braços.

O pequeno gemeu de dor e se contorceu, agarrando o tecido da camisa do pai.

— Me desculpa... — sussurrou com dificuldade.

— Shh, não fala nada agora. Eu tô aqui, eu te peguei!

Luan se levantou com Benjamin no colo e saiu do meio dos alunos que começavam a se aglomerar.

— Saiam da minha frente! — gritou, a voz carregada de fúria e desespero.

O coração dele martelava descompassado enquanto o levava para o carro. Assim que colocou Benjamin no banco de trás, pegou o celular e discou o número do pai.

— Luan?

— Eu quero que acione o advogado e abra um boletim de ocorrência contra a escola e contra os pais desses moleques!

ABISMOOnde histórias criam vida. Descubra agora