Capítulo 12

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- Você é um idiota... Por que você fez isso? Eu te disse... Qualquer tortura que eles usem aqui, nem se compara á dor de ver as pessoas que gosto, sofrendo.

Olho para Johanna. Ela bufa, furiosa. Um sorriso se ergue em meus lábios. Há sangue por toda a parte. Meu sangue. Culpa de Katniss. Pensar nisso me causa um arrepio, e eu sinto algo obscuro começar a tomar conta de mim. Tento me ajeitar no chão, o que me causa dores descomunais. Pedaços da minha roupa estão espalhados pelo chão por terem sido rasgados pelo chicote de Thread. Esse homem... ele é a personificação da maldade. Johanna parece ler meus pensamentos.

- Eu vou matar aquele maldito. Juro que vou – ela grunhe.

Eu deveria falar que matar não leva ninguém a lugar nenhum, só nos faz ser como eles, mas após ver tantas mortes, vivenciar por dois anos seguidos as crueldades dos jogos, meu pensamento mudou. Acho que o mal tem que ser cortado, aniquilado. E eu estou disposto a fazer isso com minhas próprias mãos.

- Johanna – começo, e arfo, percebendo o quão difícil é falar com o corpo estraçalhado. – Quanto tempo você acha que ficaremos aqui?

- Eles virão nos buscar... – ela responde olhando para o teto. – Eles têm que vir nos buscar...

Eles... Os rebeldes. É engraçado imaginar a pessoa que destruiu sua vida, lutando para te resgatar. Sinto um prazer estranho, enquanto vislumbro, Katniss invadindo a capital... Para acabar com o que restou de mim. Mas, ela terá uma surpresa... Pois agora eu sei. Sei que ela não passa de um monstro. Que ela não se importa nem por um segundo com as pessoas ao seu redor. Que na verdade, ela deve se deliciar vendo as pessoas sofrendo. Me vendo sofrer. Mas, porque meu coração ainda acelera ao pensar nela?

- Peeta – Johanna grita, me tirando de meus devaneios. – Olhe aquilo, no chão.

Olho na mesma direção que ela, e algo brilha. Com todo o esforço que consigo reunir, alcanço, o que reconheço, ser um gancho do chicote de Thread. Estremeço.

Analiso o objeto com atenção, e percebo como toda a sua superfície é afiada. Deve ter uns 10 centímetros. Talvez até mais. Olho para as marcas em meu corpo, comparando ao gancho. Em seguida olho para Johanna, que parece arfar de excitação.

- Deve ter se soltado do chicote – digo, e me arrasto até ela, lhe entregando o objeto, enquanto suas mãos tremem.

- É um gancho do chicote – ela afirma. – E é também a prova de que ainda existe algo bom no mundo.

- O que quer dizer com isso? – sussurro.

- Nada mais dramático que matar aquele merda do Thread, com sua própria arma. Só preciso saber como atraí-lo até aqui.

Nisso o familiar bipe soa, e a porta se abre. Moira! Tenho vontade de correr para abraça-la. Assim que me vê, ela leva as mãos a boca, e sufoca um grito.

- Eu estou bem – me forço a dizer, para acalmá-la.

Ela logo começa a chorar, e então um pacificador aparece, e a segura pelo braço, a arrastando para longe. A porta permanece aberta. Fazendo seus gritos ecoarem pelo corredor.

A Esperança - Peeta MellarkOnde histórias criam vida. Descubra agora