Ar. É tudo o que eu preciso neste instante. Mas eu não tenho. Me debato inutilmente sobre a cama, tentando gritar, tentando respirar. Minha cabeça dói tanto... Lágrimas amargas escorrem pelo meu rosto. Meu estomago dói. Isso é o que Katniss fez comigo. Ela não poderia apenas me matar. Ela tinha que me matar desta maneira. Lenta e dolorosa. Abandono qualquer impulso que eu ainda tenha pela sobrevivência, e aceito a morte iminente. Um vulto se materializa em minha frente, mais um, e mais, quando percebo há dezenas de vultos sobre mim. Não sei se querem me salvar, ou acabar comigo de uma vez. Me acalmo quando reconheço a voz de Ellean em meio ao burburinho.
- Estamos o perdendo – ela grita.
Esta é a última coisa que eu escuto.
..............
Eu consigo respirar agora. Não consigo abrir os olhos. Me sinto fraco demais até mesmo para isso.
Ouço duas vozes, próximas a mim. Mas não reconheço uma. A outra só pode ser Ellean.
- Olhe para ele – diz o homem. - Isto é inadmissível.
- E o que você queria? – Ellean retruca. – Ele poderia morrer. Ou ficar com sequelas irreversíveis. A medicação que usei apenas salvou a vida dele.
- E agora todo o progresso que havíamos feito, explodiu pelos ares – o homem diz.
- Eu não tinha como saber que o remédio iria causar uma... – há uma longa pausa. – uma reação com o veneno das teleguiadas.
Abro os olhos. Plutarch Heavensbee está parado a minha frente, me olhando. O idealizador do massacre. Esquecendo-me das amarras, avanço com força sobre ele, caindo bruscamente de volta na cama.
- Hey! Acalme-se, por favor Peeta... – Plutarch diz, se afastando de mim. Logo dois guardas entram, com suas armas claramente apontadas para mim.
- O que você está fazendo aqui? – praticamente cuspo as palavras. – Está num plano com Katniss? Para matar o que restou de nós? Vai filmar e exibir na capital?
- Peeta, escute, eu estou por detrás do plano do massacre – ele diz seriamente.
- Mas... – começo.
- O plano era que todos voltassem a salvo – ele me interrompe. - Eu sinto muito pelo que aconteceu com você. E Johanna.
- Então sua lista tem que se alongar um pouco, pois graças a seu plano muita gente está morta. Encabeçando esta lista, temos Cinna – grito.
- Nós iríamos resgatá-lo, porém...
- Porém ele morreu da forma mais miserável possível, perante meus olhos – explodo. Percebo que as amarras estão cortando minha carne, tamanha a força que as puxo. Recuo um pouco ofegante. A dor em minha cabeça é descomunal.
Ellean se aproxima, e toca de leve meu ombro. Por um instante apenas tenho um vislumbre de Moira, com sua gentileza e preocupação estampada no rosto. Mas logo o rosto pálido de Ellean dissipa minha alucinação.
- Peeta, você teve algo que só pode ser descrito como um inicio de acidente vascular cerebral. Eu inseri uma medicação afim de retardar sua pressão sanguínea e evitar o rompimento de veias em seu cérebro – Ellean diz, inexpressiva.
Talvez, percebendo minha expressão, confusa, ela continua.
- Se você não fosse socorrido, estaria ou morto, ou com sequelas gravíssimas. Mas com a medicação nada disto aconteceu. Porém uma parte de seu cérebro, sofreu danos colaterais. Justamente a parte que foi atacada pelo veneno das teleguiadas que usaram com você na capital.
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A Esperança - Peeta Mellark
FanfictionEsta é uma fanfiction do livro "A esperança", pela perspectiva do personagem Peeta Mellark.