Suor brota de minha testa. Johanna aperta firme minha mão. Tão firme que chega até a doer, mas eu não falo nada. Annie que recebeu alta do hospital, segura minha outra mão. Sua barriga está ainda maior, e eu não canso de olhar para ela, contente, sabendo que ali dentro, há uma pequena vida, há um pouco de Finnick. O júri permanece impassível, parecendo não notar o aglomerado de pessoas ali comigo. A juíza entra com uma expressão cansada, captando a atenção de nós todos. Johanna aperta ainda mais minha mão, deixo escapar um gemido de dor, mas ela não percebe.
- Estamos aqui, para anunciar o destino da réu Katniss Everdeen acusada do assassinato de Alma Coin. O júri decidiu, e numa decisão acirrada, com apenas dois votos de diferença, Katniss Everdeen é condenada culpada – a juíza diz, severamente.
- Não – Annie murmura.
Levo as mãos a cabeça, e sinto as lágrimas aflorando. O ódio que sentia o tempo todo quando o veneno agia livremente sobre mim, faz menção em voltar, mas eu tenho que me controlar, tenho que me livrar disso. Sinto alguém me abraçando pela cintura, e seu cabelo faz cócegas em meu braço. Só pode ser Carolynn. Eu a abraço e agora não consigo mais impedir as lagrimas. Eu falhei com Katniss... Eu a perderei... para sempre....
- Sua sentença será... – a juíza recomeça, ignorando nossa desolação, e os protestos raivosos de Johanna e Haymitch. – Reclusão.
Levanto minha cabeça, Carolynn me solta, e as lágrimas em meus olhos ao invés de diminuírem, aumentam.
- Katniss Everdeen, apresenta riscos para os civis em geral, e traços de insanidade, portanto determino sua reclusão no inabitado distrito 12, enquanto durar sua vida. Podendo haver revogações apenas se seu tratamento médico, que deverá ser contínuo, apresentar resultados, ou total cura. Este julgamento está encerrado – ela diz, e bate o martelo. Quando ela se levanta e se encaminha em direção a saída, posso ver um breve sorriso em seus lábios. Sorrio de volta e balbucio um obrigado, que não sei se ela consegue ver, pois sou surpreendido por uma muralha de abraços.
- Você conseguiu – Cressida grita, enquanto me abraça.
- Nós conseguimos - eu digo e enquanto olho para todos ao meu redor, não consigo me controlar e choro, como uma criança, sem nenhum pudor. Katniss afinal, irá ficar viva.
- Haymitch – eu chamo... – Ela não pode ir para lá sozinha... Alguém, que ela conheça e confie, tem que ir com ela.
- Boa sorte na disputa entre você e Gale – ele diz, brincando, mas seu sorriso murcha quando ele entende que eu não irei. Preciso ficar junto de Annie, ainda mais agora que sua gravidez é provavelmente de risco. E além disso, não sei se serei capaz de exercer controle sobre mim, estando isolado num distrito apenas eu e ela. Mas é doloroso demais, imaginá-la vivendo sozinha. E pode ser puro egoísmo, mas é ainda mais doloroso imaginá-la apenas com Gale.
- Você deve ir – a voz grave de Gale irrompe meus pensamentos. Estou prestes a protestar, quando percebo que ele não está se dirigindo a mim, e sim a Haymitch. E mais uma vez, nós concordamos em algo.
- Eu? – Haymitch pergunta, assustado. – E a mãe dela?
- Não achamos que ela queira voltar para o doze e lidar com tudo isso – Delly opina.
- Bom, falem com ela. Se ela não for, então eu vou – ele diz, por fim.
No dia seguinte, eu estou me despedindo de Haymitch, que irá partir com Katniss para o distrito 12. Sua mãe, definitivamente, não quis partilhar sua dor, com a filha.
- Eu não sei como lidarei com ela – ele murmura enquanto me dá um rápido abraço.
- Apenas cuide bem dela, ok? – digo, torcendo para que ele não se entregue ao álcool mais uma vez. – E Haymitch...
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A Esperança - Peeta Mellark
FanfictionEsta é uma fanfiction do livro "A esperança", pela perspectiva do personagem Peeta Mellark.