- Katniss? Katniss? Eu não acredito, você está viva! Katniss, eu não acredito! – grito, enquanto meu sorriso é tão amplo que até dói meus lábios.
Katniss permanece de costas para mim, mas ela está muito perto. Talvez não tenha me ouvido. Corro até ela, minha alegria é tanta, que meu coração parece que não vai aguentar. E então, eu toco seu ombro, e a viro para mim. É quando vejo seu rosto, e me afasto abruptamente. Seus olhos estão enormes, e vermelhos como sangue, seus dentes são afiados, como os de um animal selvagem, e ela olha para mim com uma raiva assustadora.
- O que fizeram com você, Katniss? – pergunto, desesperado, á beira das lágrimas.
Ela apenas solta uma gargalhada.
- É assim que eu realmente sou, seu estúpido. E agora irei matar você, lenta e dolorosamente como matei toda a sua família.
Acordo, totalmente sem folego.
Respira, inspira, respira, inspira.
A luz do dia invade o quarto. Continuo tentando respirar.
Tremendo, vou até o banheiro, e ainda com roupas, ligo o chuveiro na agua fria, na esperança de conseguir me acalmar. O que foi isso? Eu nunca tive um pesadelo assim... Foi a coisa mais horrível que já me aconteceu. A agua fria cai em meu rosto e se mistura as minhas lágrimas. O que está acontecendo comigo?
Eu simplesmente não consigo me acalmar. O tremor persiste em cada membro do meu corpo. As lágrimas não param. Devo estar enlouquecendo. Saio do chuveiro, ainda ligado, e vou até a porta do quarto. Tenho que passar ao lado da parede que estava o pobre gato pendurado. Ainda há uma espessa mancha de sangue ali. Me desespero ainda mais. Bato violentamente na porta.
- Socorro! Alguém me ajude. Por favor! Moira! Alguém? – grito o mais alto que posso.
Não obtenho respostas. Continuo esmurrando a porta. Eu preciso acabar com essa sensação dentro de mim. É a coisa mais horrível que já senti.
- Moira! Por favor, me ajude – grito.
E dessa vez, em questão de segundos, escuto o barulho da chave sendo enfiada na porta, e Moira adentra o quarto.
- Peeta, o que houve? – ela pergunta, enquanto segura meus ombros me forçando a parar de tremer.
- Peeta, o que você fez? – ela grita.
As palavras saem embaralhadas.
- Eu sonhei... Eu estava dormindo. Katniss era um monstro. Era uma mutação... Moira... Foi tão real... – engasgo com as palavras, em meu desespero. – Ela disse que ia me matar... Ela disse que matou minha família, Moira... Me ajude... Foi horrível...
Ela me leva até a cama, e me senta, pacientemente. Seu olhar é de compaixão.
- Foi só um sonho, querido – ela diz com ternura, e me abraça.
Não consigo parar de tremer.
Moira pega então do bolso do seu casaco um frasco, familiar.
- Tome seu remédio, irá ajudar – ela diz, e me entrega o pequeno comprimido.
- Eu não vou mais tomar isto... Eu não quero mais....
- Peeta, apenas tome, vai te ajudar...
O que sinto é tão terrível, que eu não vejo outra saída a não ser tomar isto... Só quero que aquele terrível sonho saia da minha mente.
Pego o comprimido, e ainda relutante, o engulo.
- Agora durma – ela diz, e para meu espanto, tira uma seringa do bolso e enfia em meu braço.
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A Esperança - Peeta Mellark
FanfictionEsta é uma fanfiction do livro "A esperança", pela perspectiva do personagem Peeta Mellark.