Capítulo 5

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- Katniss? Katniss? Eu não acredito, você está viva! Katniss, eu não acredito! – grito, enquanto meu sorriso é tão amplo que até dói meus lábios.

Katniss permanece de costas para mim, mas ela está muito perto. Talvez não tenha me ouvido. Corro até ela, minha alegria é tanta, que meu coração parece que não vai aguentar. E então, eu toco seu ombro, e a viro para mim. É quando vejo seu rosto, e me afasto abruptamente. Seus olhos estão enormes, e vermelhos como sangue, seus dentes são afiados, como os de um animal selvagem, e ela olha para mim com uma raiva assustadora.

- O que fizeram com você, Katniss? – pergunto, desesperado, á beira das lágrimas.

Ela apenas solta uma gargalhada.

- É assim que eu realmente sou, seu estúpido. E agora irei matar você, lenta e dolorosamente como matei toda a sua família.

Acordo, totalmente sem folego.

Respira, inspira, respira, inspira.

A luz do dia invade o quarto. Continuo tentando respirar.

Tremendo, vou até o banheiro, e ainda com roupas, ligo o chuveiro na agua fria, na esperança de conseguir me acalmar. O que foi isso? Eu nunca tive um pesadelo assim... Foi a coisa mais horrível que já me aconteceu. A agua fria cai em meu rosto e se mistura as minhas lágrimas. O que está acontecendo comigo?

Eu simplesmente não consigo me acalmar. O tremor persiste em cada membro do meu corpo. As lágrimas não param. Devo estar enlouquecendo. Saio do chuveiro, ainda ligado, e vou até a porta do quarto. Tenho que passar ao lado da parede que estava o pobre gato pendurado. Ainda há uma espessa mancha de sangue ali. Me desespero ainda mais. Bato violentamente na porta.

- Socorro! Alguém me ajude. Por favor! Moira! Alguém? – grito o mais alto que posso.

Não obtenho respostas. Continuo esmurrando a porta. Eu preciso acabar com essa sensação dentro de mim. É a coisa mais horrível que já senti.

- Moira! Por favor, me ajude – grito.

E dessa vez, em questão de segundos, escuto o barulho da chave sendo enfiada na porta, e Moira adentra o quarto.

- Peeta, o que houve? – ela pergunta, enquanto segura meus ombros me forçando a parar de tremer.

- Peeta, o que você fez? – ela grita.

As palavras saem embaralhadas.

- Eu sonhei... Eu estava dormindo. Katniss era um monstro. Era uma mutação... Moira... Foi tão real... – engasgo com as palavras, em meu desespero. – Ela disse que ia me matar... Ela disse que matou minha família, Moira... Me ajude... Foi horrível...

Ela me leva até a cama, e me senta, pacientemente. Seu olhar é de compaixão.

- Foi só um sonho, querido – ela diz com ternura, e me abraça.

Não consigo parar de tremer.

Moira pega então do bolso do seu casaco um frasco, familiar.

- Tome seu remédio, irá ajudar – ela diz, e me entrega o pequeno comprimido.

- Eu não vou mais tomar isto... Eu não quero mais....

- Peeta, apenas tome, vai te ajudar...

O que sinto é tão terrível, que eu não vejo outra saída a não ser tomar isto... Só quero que aquele terrível sonho saia da minha mente.

Pego o comprimido, e ainda relutante, o engulo.

- Agora durma – ela diz, e para meu espanto, tira uma seringa do bolso e enfia em meu braço.

A Esperança - Peeta MellarkOnde histórias criam vida. Descubra agora