Capítulo 43

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Meu primeiro passo, não é pegar um trem direto para o distrito 12 comoeu gostaria, e sim ir para a Capital. Quando chego lá, percebo as diferenças. Ocolorido de antes, não existe mais. As cores das roupas, cabelo e pele daspessoas parecem ter desbotado sendo substituídas por cores mais claras, maisnormais. Ando pelas ruas apreensivo, reconheço alguns rostos do distrito 13 queagora são responsáveis pela segurança de Panem, não usam uniformes brancos comoos pacificadores, e sim uniformes pretos. É, só as cores mudaram, eu penso. Voudireto para o grande hospital, onde peço para falar com o Dr. Aurelius que foimédico de Katniss, e teria que estar a atendendo ainda caso ela recebesse suasligações.

- Peeta Mellark – ele me diz, cortês quando chega na pequena sala cheiade cadeiras estofadas onde estou o esperando. – O que te traz aqui?

Pigarreio.

- Bem Dr. sua reputação como médico é excelente, então estive pensandose o sr...

Ele sorri, compreendendo, antes que eu possa terminar minha frase.Posso ver o brilho de excitação tomando conta de seus olhos pequenos com osimples pensamento de examinar minha mente conturbada.

- Será um prazer – ele diz, e me encaminha para uma sala cheio dos tãofamiliares aparelhos e bips.

Fico dias, acredito que cerca de um mês, mais precisamente no hospital.Minha mente é analisada de todas as maneiras possíveis. Sou submetido àintermináveis sessões com o Dr. que se provou muito insistente em dissecarminhas dolorosas memórias do período de tortura que vivi. Carolynn me visitouquase todos os dias o que me ajudou a passar por esse processo de tratamento.Rastros do veneno são encontrados em meu cérebro, e eu tenho o avassaladordiagnóstico que não há nada a se fazer em relação a isso. O veneno está alojadoem meu corpo. Intricado. Para sempre.

- Mas você pode vencer os efeitos que ele causa. Segundo observei, vocêraramente tem aquelas reações de ódio direcionadas a Katniss. Você pode se controlar– o Dr. me diz, enquanto assina vários papéis que alegam minha sanidade, epegando vários remédios num pequeno armário ao pé de sua mesa.

- Mas... Eu gostaria de voltar para o 12... Isso implicaria convivercom Katniss. E se...

- Tenha calma – ele me interrompe. – Esse seu nervosismo, hesitação,desencadeia reações da parte do seu cérebro que está infectada. Quando sentirque aquela ânsia está se abatendo sobre você, pense em coisas boas... é só issoque você pode fazer. E esses remédios irão te ajudar. Você vai ficar bem.

- Eu nunca serei o mesmo novamente? – pergunto, sentindo minha gargantase fechar.

- Peeta, você nunca deixou de ser você. Katniss ter permanecido viva, éa prova disso. Todos sabem tudo o que você fez para salvá-la.

- Obrigado Dr. – murmuro, pegando minha sacola de remédios, e apertandosua mão gorducha.

Na recepção, encontro Carolynn me esperando, ao lado de uma figuraereta, com roupas um pouco extravagantes demais para o ambiente hospitalar.

- Effie! – grito, e corro para abraça-la.

- Oh Peeta, meu querido – ela diz, com sua voz se esganiçando napronuncia do meu nome. – Você está fabuloso.

Me afasto do abraço, olho para meu corpo ainda magro, cicatrizes emmeus braços. Não sei o que ela está querendo dizer com fabuloso, mas apenassorrio. Effie continua me olhando, um sorriso congelado nos lábios pintados derosa, e é como se de repente ela tivesse esquecido o que estava fazendo ali. Sóentão percebo a falta de brilho em seu olhar. Tanta coisa aconteceu, que eu meesqueci completamente dela. O que teria acontecido a ela durante todo essetempo?

A Esperança - Peeta MellarkOnde histórias criam vida. Descubra agora