×inspirado nos epis em que a arizona conhece abe (o velhinho que a chamou de "dr. sweetheart") e no acidente de calzona×
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Seus pensamentos à levaram longe, cinco anos atrás e quando ela percebeu que Abe morreu bem ali, a amizade que fez com ele... ela não conseguiu não sentir nada, ela realmente se apegou a ele.
No momento ela estava dentro de um dos armários de suplementos, fingindo pegar alguns, mas não aguenta mais e deixa lágrimas caírem livremente.
Porque ele morreu, morreu e não conseguiu o que mais queria: se casar com um amor que ele encontrou.
Ele ia propor e morreu.
Ela ia propor... e seu amor morreu.
Ela propôs e um caminhão apareceu na estrada do nada.
Ela escutou a porta abrir, mas não registrou quando alguém entrou.
— Arizona? — A voz doce da amiga ruiva chega em seus ouvidos. — Você- o que aconteceu?
— Eu conheci um paciente, não era um dos meus, ele era um senhor... mas ele precisava que alguém o atendesse e quando eu ia passando, ele me parou me chamando de "coração", — ela riu entre lágrimas, — eu disse que era "dra. Coração", então...
Ela para de falar, desliza até sentar numa das caixas por ali, April segura em suas pernas, olhando atenta pra a loira que tenta achar as próprias palavras mais uma vez, Arizona por sua vez tenta sentir o conforto que a ruiva queria lhe passar.
— Sabe por que gostei tanto dele? — April a olha questionando. — Porque... ele encontrou o amor depois de tanto tempo, ele ia propor pra ela, me mostrou o anel e tudo, mas ele morreu... ele morreu e nunca vai saber se ela iria dizer sim ou não, se se casariam ou não e isso é tão... injusto!
E ela não conseguia controlar, ela chorava quase ao ponto de passar a soluçar.
Por momentos, April não sabia o que fazer, o que dizer e muito menos como agir, então fez o que lhe veio em mente primeiro, abraçou Arizona bem forte. Arizona não era de se apegar assim aos pacientes, principalmente se o tal paciente não fosse uma de suas crianças, e mesmo assim ela só soube de um no qual a loira se apegou: Wallace.
— Ela não acordou... — a ruiva escutou a loira murmurar.
— Anh? Quem? A senhora que ele amava também morreu? — April pergunta, a soltando e a olhando confusa.
— Não. — Ela responde baixo. — Calliope. — Ah... — ela não acordou, Derek disse que era uma possibilidade ela não acordar e quando eu escutei isso, tudo que eu queria era me enrolar e morrer... porque eu não consigo ficar sem ela. — Arizona limpa o rosto, o que fora inútil já que não ficou limpo por conta de mais e mais lágrimas. — Eu pedi, sabia? Pedi, implorei pra que ela acordasse, primeiro por mim e então por Sofia, por Mark... mas ela só... se foi. E eu fiquei aqui, eu fiquei aqui e eu não quero ficar aqui.
— Oh, Arizona...
— Eu a pedi em casamento e um caminhão apareceu do nada. E eu me sinto assim, até hoje... como um nada, vazia, não me sinto em lugar nenhum, ela era meu ponto de referência... se me perguntassem qual meu melhor lado, meu melhor lado era estar do lado dela, eu apontaria pra ela. Ela significava... lar.
Arizona não parou de falar por aí, mas pensando bem, quem sabe não era disso que ela precisava? Quem sabe por pra fora tudo isso, não ajudasse?
— E a minha bebê, April... minha menininha, ela estava morrendo, eu travei quando ela estava morrendo porque a mãe dela começou a morrer e eu não sabia o que fazer, não pude fazer nada... — ela respira fundo, mais uma vez limpando o rosto. — Eu as perdi e me perdi, nunca mais me encontrei. Mark também não ficou diferente, ele perdeu a família que tinha, nós perdemos nossa família e nos perdemos, nem Lexie conseguiu mais ajudar, nós as perdemos e perdemos tudo.
April não pensava em nada, só que lhe era dito, como alguém consegue viver com tudo isso? Ela não sabia como confortar a amiga.
— Sabe, eu não sei porque eu perco quem eu amo... perdi meu irmão, perdi Nick, meu melhor amigo, perdi o amor da minha vida, perdi a minha filha, perdi Mark e perdemos a Lexie... eu não entendo, não entra na minha cabeça porque tanta gente boa teve de morrer, porque eles tiveram de me deixar...
— Eu também não entendo, Arizona, mas... quem entende? Vemos mortes todos os dias, sejam naturais, acidentais, intencionais ou por erros arrogantes ou... são tantas circunstâncias, tantas possibilidades, todas essas vidas perdidas. — April segura a mão da loira. — Mas já que eles não podem, faça por eles, viva por eles.
Arizona sorriu, apertando as mãos da ruiva de volta, acenando de cabeça.
— Obrigada, April... de verdade.
— De nada... — April levanta, ela vai deixar Arizona se recompor, vai até vigiar a porta pra que ninguém entre antes que ela saia, mas antes de sair, ela volta a olhar a loira. — Ei. — Arizona levanta a cabeça, ainda tendo algumas lágrimas pra deixar cair. — Você disse que pediu pra ela viver, talvez ela esteja pedindo pra você viver, por elas, e nem saiba disso.
Arizona sorriu mais largo agora, vendo April fechar a porta, ela para e pensa em como aquilo seria mesmo a cara de sua morena, pedir pra que ela viva.
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