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Arizona's
Era véspera de Natal e eu só queria minha família de volta, esse ano Sofia iria passar a data com Callie, dessa vez em Miami, e eu não quis ir pra casa dos meus pais... preferi passar pateticamente triste em casa, sozinha.
Solto um suspiro cansado, sento no sofá com uma taça de vinho tinto, porque era o favorito dela. Minha mente corre com todas as memórias felizes do nosso casamento, do nosso namoro, do dia que a vi pela primeira vez... tudo que eu mais queria era minha família de volta, completa, aqui.
Eu realmente quis dizer o que eu disse pra ela antes, que eu precisava dela e de Sofia.
Era tudo que eu queria.
Minha Calliope junto da minha Sofia.
Minha família.
Termino a taça de uma vez, colocando a taça na mesinha, jogo minha cabeça pra trás, cansada.
— Oye, isso é patético, sabia? — Escuto uma voz que nunca ouvi antes e dou um pulo, mas que porra...?
— Quem é você? E como entrou aqui? — Me levanto, já puxando o celular, prontinha pra ligar pra polícia.
— Ay, por favor. Se ligar pra polícia eles vão ver você aqui sozinha, vão te chamar de louca e provavelmente vão te levar pra alguma clínica psiquiátrica. — Olho pra pessoa e ela tem uma cara de deboche pra mim.
E eu não falo nada, eu não entendo nada. Quem é essa pessoa? Como entrou aqui sem que eu ouvisse ou visse?
— É só fazer um pedido, pede, será que você não sabe pedir?
— Desculpa, como é? — Eu estou tão confusa, mas que merda é essa? — Ah, não... isso é algum tipo de brincadeira? Foi o Alex quem te mandou fazer isso?
— Não, o seu amigo não tem nada com isso. Você tem. Olha, eu sou um demônio, digo, o que a maioria dos humanos chamam de demônio, não tenho um nome em específico... — ela anda pela sala, se joga na poltrona como se fosse de casa e eu continuo cada vez mais confusa.
— Eu tô sonhando, né? É isso, é sonho. Eu bebi de mais e agora tô sonhando igual uma louca. — Volto a me sentar.
— Ya, calaté. Me pede logo o que o seu coração mais quer, o choro da sua alma é alto pra cacete! — Ela reclama, com as mãos massageando as têmporas.
— Mas... olha, eu não sei o que eu comi, não sei se foi algo que eu bebi, se sofri mais algum acidente, o que não ia me surpreender mais, ou algo assim, mas eu não sei que porra que tá acontecendo! — Conforme eu vou falando minha voz fica mais alta, respiro fundo tentando me acalmar, isso é loucura.
— Ay, a sua alma, ela chora e se junta com o choro da sua alma gêmea e é um dos choros mais altos que eu já ouvi em toda minha existência e olha que eu existo há muito tempo. E porque eu sou uma vadiazinha por finais felizes, eu vim te ajudar. Ajudar vocês.
— Você... o que você é mesmo? — Eu me ajeito no sofá novamente, eu nem sei quando fiquei calma em relação a uma completa e total estranha na minha casa, literalmente.
— Eu já disse, a maioria me chama de demônio. Não que eu queira sua alma ou algo do tipo pra te ajudar, vou chamar isso de "milagre de Natal", que tal? — Ela senta direito na poltrona, reta dessa vez. — Ah, essa é a última chance de vocês nessa vida... nem a sua e muito menos a alma dela aguenta mais. Façam valer ou eu juro que me livro da alma das duas sem nem pensar duas vezes! — Ela friza... e alto.