Capítulo 1

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AZRIEL
🦇⚔️

Mergulhar meu corpo na água gelada me força a desperta de uma noite mal dormida. Já era tempos que não tinha uma boa noite de sono, se é que já tive uma em toda minha longa vida.

Quanto mais afundo meu corpo naquela agua gélida, mais meus problemas aparecem, como um fantasma em minha mente, que insistia em me atormentar.

Mantenha-se longe dela. A voz de Rhysand ecoa em minha cabeça como uma lembrança constante que não posso tela.

Depois do solstício tento me manter o mais longe dela, seguindo as ordens de meu Grão-Senhor. Rhysand não me entendia, e me afastou dela, e isso me deixava irritado. Poderia chamar de inveja que fosse, mas não fazia sentido meus dois irmãos ter sido presenteados pela mãe com duas das irmãs, e o caldeirão ter dado a terceira a um estranho. Elain era tão doce e delicada como aquelas lindas flores que ela cultivava. E foi dado aquele bastardo do Lucien. Que detém uma parte da responsabilidade dela ter sido tirada do mundo que conhecia e acreditava.

Jogo minha cabeça para trás encostando na borda da banheira. Meu pulso já aumentava com a irritação que eu sentia por esse assunto. Fito o céu ensolarado que brilha no topo do céu da corte noturna.

Um gemido soa pela casa, e logo um cheiro já a erradia. Afundo minha cabeça na água tentando abafar os sons de Nestha que ecoava por toda casa. Já a um ano escutando todo o tempo em que estava em casa a demonstração de amor — Se é que posso chamar assim— de Cassain com sua parceira. Era esgotante as vezes. Por isso tentava passar a maior parte de meu tempo longe da casa do vento.

Me forço a sair da banheira quando a água começa a esfriar, atravesso o banheiro até o quarto. Meu couro illyriano de costume já estava sobre a cama. Assim que vestido começo a ajeitar as armas em meu traje. Sem esquecer da reveladora da verdade, aquela que sempre andava comigo.

Subo para a sala de janta para tomar o café da manhã. E agradeço a mãe por não escutar mais nem um barulho saindo do quarto do casal. A sala de jantar está totalmente vazia quando chego, e logo que sento na mesa a casa me serve com um prato de mingau, ovo cozido e uma xicara de chá de limão.

Sinto as sombras ficarem inquietas. — Queremos cantar com ela — elas sussurravam, e então vejo o motivo de suas animações, quando a feérica adentra a sala de jantar. Gwyn estava em seu couro illyriano que costumava usar em nossos treinos. Os cabelos castanho acobreado estava bem preso em uma trança que se enrolava em um coque no alto de sua cabeça. E o colar, o belo colar de rosa estava pendurado em seu pescoço, como todos os dias desde que lhe dei no solstício.

A sacerdotisa se aproxima da mesa, apoiando as mãos na borda da cadeira a minha frente.

—Bom dia, a Nestha ainda não acordou? — Ela diz como guisa de comprimento, a voz suave como de uma nota musical.

— Bom dia. — Comprimento. A mesma continuava parada com as mãos nas costas da cadeira. —Nestha está bem...ocupado agora. —Falo. Aponto com a cabeça para a cadeira em que ela apoia as mãos. —Sente-se, coma algo enquanto espera.

Ela assente e se senta, e logo a casa lhe coloca um prato a sua frente, com as mesmas coisas que eu comia. Ela se ajeita na cadeira e então se vira para mim, não posso evitar quando meus olhos descem ao colo de seu pescoço onde a rosa dourada pendi. Abro um sorriso sem perceber. Era bom ver uma joia tão linda sendo usado por uma pessoa ao nível. Ficaria lindo em Elain como tudo que ela usa, mas em Gwyn, parece que o colar se reluzia em contraste com seus olhos azul-petróleo dando um destaque impressionante.

— Eu já tomei café da manhã, obrigada. — Não consigo deduzir se foi direcionado para mim ou para casa. Mas o prato desaparece no mesmo momento, deixando apenas um copo de suco, que pelo cheiro deve ser de framboesa.

Ficamos em silêncios, maior do que imaginaria que Gwyneth aguentaria. Estou quase terminando o mingau, quando a pequena sacerdotisa quebra o silencio.

—Elas são sempre animadas? —Perguntou ela, só precisei levantar os olhos para saber do que se tratava, uma gavinha de minhas sombras estavam rodopiando entre sua mão. O que me deixou surpreso e um pouco envergonhado. Surpreso por minhas sombras encostarem em alguém por vontade própria e sem minha permissão. E envergonhado em pensar que talvez Gwyn ache que mandei aquele fiapo de sombra para toca-la.

Tento puxa-la de volta para mim, mas a sombra me ignora se rastejando para mais perto de Gwyn.

—Desculpa, eu não sei o que deu nela. — Digo a verdade, elas nunca me desobedecem, mas insiste em se agarrar a sacerdotisa.

—Ela parece gostar de mim. —Gwyneth diz com o sorriso mais sereno e lindo que já vi. Ela com certeza fica muito linda quando sorri. A sacerdotisa continuo a brincar com aquele fiapo de sombra que entrelaçava seus dedos. E essa visão pareceu tão familiar que poderia dizer que era um déjà vu.

—É parece que sim. — Consigo dizer, meus lábios se contraindo ainda observando aquela cena.

Por alguns minutos fico observando ela brincar com aquela gavinha de sombra entre os dedos, tão distraída quanto eu, que nem percebemos que temos companhia até uma voz feminina soar pelo cômodo.

—Bom dia! — Disse Nestha, a pequena feérica também em seu couro illyriano entrou na sala de jantar, indo se sentar ao lado de sua amiga. —Desculpa tê-la deixado esperando Gwyn.

Uma tigela de mingau aparece na frente de Nestha com um xícara de chá, que tenho certeza ser de limão.

—Tudo bem, eu nem esperei tanto assim. —A mentira saiu acompanhada de um sorriso dos lábios da sacerdotisa. Estávamos aqui a um bom tempo já, mas claro que não diria isso para a amiga. —Cadê o Cassian? —Perguntou Gwyn. A sacerdotisa acompanhava cada movimento que a amiga fazia para comer.

—Hum...Ele já saiu para os acampamentos illyriano. Parece que ouve algumas intrigas. Não entendi ao certo...na verdade não ligo então... —Nestha parou de comer e passou o olho por nós dois. —Parece que vai ser só nós para comandar os treinos hoje. —A grã-feérica abriu um sorriso para nós, que para quem não conhecesse Nestha provavelmente teriam medo dele.

—E a Emerie, ela não vem? —Gwyn perguntou.

—Não, Emerie está esperando uma entrega para loja, até onde sei. Bem foi isso que ela me disse. — Disse Nestha. Mas algo em seu olhar dizia que ela não acreditava muito na desculpa da amiga. —Az, você sabe se Mor vai vim para o treino hoje? Sei que ela não tem comprometimento com os treinos, mas eu agradeceria muito se ela aparecesse para dá uma mão.

—Mor não está na corte noturna, então acho que vocês vão ter que dar conta. —Respondo. Afasto a cadeira da mesa me arrumando para sair.

—Vocês? Azriel, você vai me deixar na mão também? —Nestha perguntou, quase fazendo biquinho de dengo.

—Acho que vocês dão conta. — Respondo, minha voz com um tom brincalhão, quando lhe ofereço um sorriso.

—Você é um péssimo amigo, e um treinador muito pior. Está me entendendo. —Diz Nestha tentando parecer irritada. Mas já a conhecia bem para saber que ela não estava. —O que é mais importante do que ajudar sua maravilhosa amiga vulgo eu. —Ela diz apontando as mãos para si mesma. —A treinar mulheres incríveis.

— Desculpa desaponta-la Nestha, mas caso não se lembre eu tenho um trabalho nessa corte, e ele é confidencial. —Explico , vejo Nestha bufar antes de voltar a comer. Estou quase na sacada quando escuto Gwyn falar.

—Nós damos conta Nes. —A feérica estava com um sorriso confiante no rosto. Foi o última coisa que vi antes dos céus de Velaris tomar minha atenção.

Corte das sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora