Capitulo 18

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GWYNETH


Já tínhamos passado do horário do almoço e nada de Azriel voltar ao meu quarto para terminarmos as pesquisas.

Eu podia escutar meu estômago roncar com a fome. Mas havia decidido esperá-lo para almoçar, seria algo divertido de fazer enquanto trabalhávamos para desvendar toda essa história de ouroboros e Ykouppa.

Chego a me perguntar se ele poderia ter esquecido, ou ter tido outra tarefa para fazer como Mestre espião da corte. Mas ele provavelmente teria me avisado se esse fosse o caso.

Algo dentro de mim se aperta, como um puxão forte, tento ignorar nos primeiros minutos mas ele se torna mais forte, então me pego seguindo em direção ao seu quarto no final desse caracol que é o corredor. Umas duas portas se passam entre nossos quartos, em grande distância é claro. Portas que não havia reparado antes e me pergunto o que tem atrás delas.

Esse andar onde nos encontramos é todo cinzento e sombrio, algumas das pinturas nas paredes, que pelos traços identifico como de Feyre, são gélidas, mas com um calor interno, era como se ela quisesse representar Az de algum jeito. Minha grã senhora tinha mesmo um dom para arte.

Me aproximando das grandes portas negras ornamentadas do quarto de Azriel, noto que estão entre abertas. Algo meio descuidado da parte dele que ama sua privacidade.

Aos poucos me aproximo da porta empurrando-a delicadamente. As portas não ousam fazer barulho enquanto se abrem e me deparo com a pouca iluminação no quarto.

Mesmo com o sol brilhando em seu ápice nem uma fresta ousa ultrapassar o casulo de sombras que ocupam o quarto.

Deslizo o olhar a procura do encantador de sombras, o encontro pela silhueta de suas enormes azas, que se destacavam no centro do casulo de sombras.

Sua escuridão estava espessa, como se tudo que Az sentisse se refletisse nela, posso escutar o som de resmungos quanto mais me aproximo desse casulo. Como se suas sombras abafassem o som, só escutava ruídos.

Quando finalmente adentro aquele casulo, não consigo acreditar no que vejo. Azriel está de joelhos no centro de tudo aquilo, com o rosto molhado de lágrimas e hematomas por todo o corpo. Cortes de lâminas para ser mais preciso. Demoro para entender o que está acontecendo, quem poderia ter atacado. Até finalmente perceber.

—Az, o que... —A lâmina caia de sua mão, e então ele desaba. Se fechando para si enquanto seu peito sobe e desce, em uma respiração pesada e rápida.

Nenhum murmúrio de choro saiu de seus lábios, apenas a respiração descontrolada de quem está na beira do colapso. Reconheço isso, eu já passei por isso. Mas ver Azriel assim, me quebra. Nunca o imaginaria nessa situação, Az sempre pareceu saber controlar seus sentimentos, não os deixar controlá-lo.

Me abaixo, encostando meus joelhos nos dele. Com cuidado deslizo meus braços a sua volta, em um abraço apertado, tentando afastar todos esses sentimentos. Me surpreendo quando em vez de recuar, ele se envolve em meus braços, com a cabeça em meus seios. Apoio meu queixo no topo de sua cabeça, enquanto suas lágrimas molham minha camisa.

—Você consegue sentir onde está o vento?...

Não sei como ou por que, mas estou cantando tentando acalmá-lo, uma coisa que Catrin sempre fez para me ajudar nesses momentos.

Corte das sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora