Capítulo 17

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GWYNETH



O sol nascia no leste, enquanto todas as fêmeas suavam em suas roupas de treino. Nestha as treinava com vigor em uso de lâminas, enquanto Emerie cuidava das recém-chegadas. Por cada pedaço do campo de treinamento que olho, um grupo de guerreiras natas se formam.

—Ok garotas, já fizeram o aquecimento, já fofocaram sobre os belos machos que as ajudam treinar, e como o corpo da Cass é maravilhoso. Uma dica, não deixe Nestha escutar isso, ou vão perder mais que a língua. —Digo, em um sussurro a última parte.

O grupo de fêmeas que treino hoje, é em maior parte de adolescentes, illyrianas que mal completaram seus dezenove anos. Todas com sede e fome de poder, podemos assim dizer.

—Vamos começar com o básico hoje. Sei que tiveram um belo treino com Cassian, na minha ausência ontem. Mas hoje voltaremos ao básico. —Minha voz alta o suficiente para todas ouvirem. —Quero que formem duplas entre vocês. Hoje lutarão entre si.

Observo o alvoroço delas em arrumar sua equipe. E espero até que toda a inquietação passe e elas finalmente voltar a falar.

—Já deveriam estar em posição de combate. —Lembro-as, enquanto passo entre elas, verificando cada posicionamento. —Pés separados, desse jeito antes de disparar seu soco estará no chão sem equilíbrio. —Informo, passando meu próprio pé entre os dela e a forçando a separar. —Iris, o seu está muito aberto, fácil de mais para eu te dar uma rasteira e levá-la ao chão. —Digo à illyriana de cabelos encaracolados.

As fêmeas se apressam em arrumar sua postura enquanto indico seus erros. Algumas costas curvadas de mais, pulsos na altura do peito, que demonstro com os meus próprios como poderia ser fácil um soco no rosto.
Aos poucos todas estão em suas posições corretas, prontas para acabar com qualquer um.

—Ok, agora que estão todas certas. Quero que treinem ataque e defesa e revezem. —Instruo e observo começarem a lutar, alguns socos e... —Thalia para! —A impeço antes de fazer uma besteira que iria lhe doer muito. —Olha seu punho, e me diz o que está errado. —Faço ela avaliar, e ela parece não entender.

Me aproximo da feérica que está com o pulso levantando, deslizo meus dedos em seu pulso, e a observo esperando que me indique o que tem de errado.

—Quer quebrar o polegar Thalia? —Pergunto observando que seu dedão está preso entre sua palma e seus dedos que o comprimem. A illyriana balança a cabeça em negação. —Então arrume esse soco. Garotas, polegar nunca dentro do soco. Ele deve sempre estar em cima do dedo indicador e dedo médio. Quando você soca alguém ele causa um impulso, esse impulso facilmente pode deslocar seu dedo ou quebrá-lo.

—É que assim as unhas não machucam minha palma. —Thalia diz, mostrando como marca a mão.

—Prefere uma mão marcada ou dedo quebrado? —Lhe pergunto, e a vejo corrigindo a posição.
Dou um sorriso de satisfação para ela e volto a observar as fêmeas treinarem.

Deslizo meus olhos pelo recinto em que nos encontramos, e olhos caramelos estão vidrados em mim. Sem perceber estou lhe provocando de longe, um sorriso ladino e olhares com intensões ocultas. Se ele que jogar para ver quem está no controle, então vamos jogar.

—Encantador de sombras. —Pronuncio seu título com surpresa, como se não o tivesse notado até estar perto o suficiente.

—Gwyn! —Ele para a alguns centímetros de mim, e então direciona o olhar as outras fêmeas que pararam para o observar. Ele oferece um cumprimento de cabeça antes de voltar sua atenção para mim.

—Eu mandei vocês pararem? —Pergunto, desviando meus olhos dos dele para elas, que olhavam todas fascinadas com o macho a minha frente.

—Desculpa. —Uma delas sussurra. Puxando a outra para treinar. As fêmeas a seguem, me deixando a sós com Az.
—Você fica linda nesse couro illyriano. —Ele sussurra em minhas orelhas pontudas.

—Eu fico linda em qualquer coisa, Azriel. —Falo, me afastando dele, e voltando minha atenção para as fêmeas que lutam uma com a outra. Mesmo sem olhar posso ver ele sorrindo com isso. —Quer alguma coisa, encantador de sombras? —Pergunto o sentindo ainda às minhas costas.

—Na verdade sim, assuntos da corte. —Diz, me fazendo virar para ele. —Rhysand está no escritório da casa do vento nos esperando. —Diz ele, seu semblante de volta a máscara de sempre.

Concordo com a cabeça e deslizo os olhos pelo recinto, procurando alguém para me substituir. Vejo uma das acólitas, que treinou comigo, Nestha e Emerie. Ela não participou do rito, mas tem o mesmo nível de luta que eu e as meninas. É uma das treinadoras que ajuda as illyrianas.

—Shydra, pode me substituir, por favor? —Peço a mesma, que concorda com a cabeça.

Azriel caminha para dentro da casa, descendo as escadas para os andares inferiores, e eu o sigo, entrando em um andar antes ao que dava para as portas da biblioteca. O corredor é enorme como o dos nossos quartos, várias portas ornamentadas, entalhadas com estrelas.

Andamos por um bom tempo, até parar na frente de duas grandes portas de madeira escura. A maçaneta era a insígnia da corte noturna. Azriel não se abstém e abre a porta entrando na enorme sala.

Por um momento me pego fascinada pela sala. Ela é enorme, e cheias de livros, mesmo de longe posso ver que são livros exclusivos da coleção particular do grão senhor. Tenho que me segurar para não caminhar até as prateleiras.

—Olá, Gwyn. —A voz do grão senhor reverbera pela sala, me fazendo pular de susto. Não tinha percebido sua presença, deslizo meus olhos pelo lugar, o encontrando no sofá que se encontra no canto esquerdo da sala.

—Rhysand. —Digo, em um comprimento, curvando minha cabeça em uma reverência.

—Por favor Gwyn, só meus inimigos me chamam assim. —Diz ele, deixando os papéis em sua mão de lado para me olhar. — Você é da família, pode me chamar de Rhys, ou grão senhor mais belo. Tanto faz. —Ele faz um movimento com a mão para dar ênfase no seu tanto faz, e me abre aquele sorriso divertido. Me fazendo soltar uma risada.

—Família? —Me pego mais focada nessa palavra, curiosa para saber por que seria da sua família.

Rhys levanta os olhos para Azriel, como se perguntasse alguma coisa, me pego perguntando se estão conversando pela mente. Mas por fim percebo que é só um olhar.

—Você é parte do meu círculo íntimo, é da família.

—Não sabia que era...—Jogo o pensamento para lá e volto minha atenção para ele. —É uma honra fazer parte do seu círculo íntimo.

—Uma honra até os conhecer de verdade. —Ele me da um sorriso amigável. —Por mais que goste da sua companhia, não foi por isso que a chamei aqui. Azriel me disse que tem uma teoria sobre minha parceira e suas irmãs, pode me contar?

Direciono um olhar cortante para Az, não deveria contar sobre a profecia para o Rhys, mesmo ele sendo meu Grã senhor, ele ainda é parceiro de Feyre, e vai querer lhe contar sobre a profecia, causando uma catástrofe.

—Algum problema? —Rhys tira minha atenção do illyriano.

—Nenhum. —Lhe dou um sorriso, mas duvido que o tenha convencido. —O que quer saber? —Pergunto, ele aponta para o sofá, me pedindo para sentar, e eu o faço.

—Tudo!

Respiro fundo e então limpo a garganta, pronta para começar a contar tudo que sei. Descrevo cada parte da profecia que sei, e como as sacerdotisas estavam tentando descobrir o final dela quando o templo foi atacado. Com Ykouppa foi banida para o abismo, e que jurou voltar para se vingar. Contei tudo que me lembrava em cada mínimo detalhe. E quando terminei, a expressão de Rhys era de surpresa e negação.

—Cara Gwyn, minha Feyre é magnífica de vários jeitos, mas não acredito que seja perfeita ao nível de um Deusa. —Diz Rhysand

—Deuses não são sempre perfeitos. —Falo, me lembrando de coisas que tenho certeza que um Deus não deixaria acontecer.

—Eu que o diga. —Azriel sussurra, e pelo jeito com que Rhys o encara, sei que nós dois sabemos do que se trata o pensamento do encantador de sombras.

—Eu acho que saberia se estivesse dormindo com uma divindade.

—Esse é o problema, nem elas sabem, e devem continuar assim, até que se lembrem de sua vida passada, e como Ykouppa as matou. —Falo, já tentando deixar claro para Rhys. —Se contar, será como acordar um sonâmbulo. Misturando duas vidas em uma única mente, onde o futuro e o passado se colapsarão, não conseguindo diferenciar.

—Gwyn, não posso mentir para minha parceira.

—Você já mentiu antes para salvar a vida dela. Agora não é só a sanidade dela que está em risco e sim do mundo todo. —Falo para ele, tentando parecer ao máximo com Nestha.
Rhysand me olha por um tempo, como se avaliasse a situação a sua frente, e se perguntasse se devia ou não concordar com isso. Ele me observa por um tempo, e finalmente se pronuncia.

—O que faria se fosse seu parceiro? —Ele me pergunta, e por um momento penso que não deve ser só uma pergunta qualquer de hipótese.

—Isso não se trata do que eu faria, não estamos em uma situação hipotética Rhys. —Ele não parece se importar com essa minha resposta, esperando que eu de a que ele quer mesmo. —Eu não contaria, se isso quer dizer salvar a vida dele e de todo o mundo. — Falo por fim, percebendo que ele não ia desistir enquanto não falasse.

Ele esfrega as palmas das mãos por um momento e finalmente me olha satisfeito, me abre o sorriso galanteador de grão senhor.

—Tudo bem, mas Cassian precisa saber, e Lucien. —Posso sentir os olhos de Azriel se revirar com a pronúncia do nome de Lucien. —Elas são parceiras deles, se algo mudar ou algum tipo de fragmento de memória voltar, eles saberão o que fazer.

—Lucien e Elain não estão juntos, que diferença faria ele saber ou não? —Posso ver o ressentimento na voz do encantador de sombras, e isso me deixa desconfortável, até um pouco triste talvez.

—Não estão? —Vejo a dúvida que Rhys cria na cabeça de Az, e por um momento isso me deixa satisfeita. —Porém não importa, se Feyre tivesse escolhido Tamlin eu ainda iria querer saber do bem-estar dela, e bem, saber que uma irmã lunática está vindo atrás dela, seria algo que eu gostaria muito de saber.

Posso ver o desconforto de Az a citação de Tamlin, quase uma comparação, a mesma que fiz quando discutíamos após vê-lo com Elain.

—Descobriram mais alguma coisa sobre os massacres que estamos tendo, e aquele símbolo idiota? — Pergunta Rhysand esfregando as têmporas.

Azriel me olha esperando uma resposta, e eu apenas dou de ombros. Não tenho certeza do que descobri noite passada e pretendo manter minhas teorias, até ter certeza de que são mais do que isso. Limpo a garganta negando com a cabeça.

—Nada circunstancial, apenas teorias por enquanto.

—Tudo bem, assim que tiver algo, me procure, por favor
Gwyn. —Aceno com cabeça em consentimento. —Gwyn, quando disse que é da família, estava falando a verdade. Tudo que precisar, é só pedir. —Diz ele, e posso escutar um tom carinhoso em sua voz.

Apenas assinto com a cabeça, me questionando o que o levou isso. Nunca vi meu grão senhor assim. Mesmo que soubesse que ele não era como as outras cortes acreditam. Ainda assim não o imaginaria desse jeito.

Saio do escritório de Rhys na casa do vento depois de um tempo, onde contei mais sobre o que eu sabia, e Azriel o contou o que suas sombras sussurram. Cassian chegou um tempo depois, me fazendo repetir toda a história sobre a profecia para ele. No começo não acreditou, depois contestou em mentir para Nestha, dizendo que ela saberia que ela está escondendo alguma coisa. Até por fim, concordar.

Rhysand disse que contaria ele mesmo a Lucien quando chegasse a casa do Rio, onde Lucien estava esperado. Pude ver Rhys ressaltar, que Elain e Lucien estavam em quartos próximos, e estavam bem íntimos nos últimos dias. Tive que segurar minha risada para as alfinetadas que o grão senhor dava em seu mestre espião.

O sol já estava no meio do céu, quando eu retornava ao meu quarto, andando pelos corredores de cor cinza queimado. Azriel estava em meu encalço, havíamos combinado de nos encontrar em meu quarto.

—Você que escolheu a decoração dessa parte da casa? —Pergunto curiosa, ao perceber que era tudo mais escuro aqui. Ele solta uma risada ao ouvir isso.

—A decoração dessa casa se mantém há umas cinco gerações de grão senhor pelo o que sei. —Diz ele. —Eu nem sonhava em nascer quando ela foi decorada.

—Mas seu quarto?

—Algumas coisas eu decorei, porém, a maior parte era de Rhys. —Ele dá de ombros com a informação.

—Aquele era o quarto do Grão senhor? —Pergunto, franzindo o cenho.

—Não, era o quarto do príncipe estrelar. —Posso ver como esse título tem um gosto estranho em seus lábios. —Era de Rhys quando seu pai ainda era vivo. Depois que o antigo grão senhor morreu e viemos morar aqui, fiquei com o quarto dele, já que Rhys ficava na casa da cidade.  —Ele explica.

—Vejo que esse andar é da realeza. —Digo com sarcasmo.
Ele me observa por alguns segundos, e me pergunto se foi um comentário desnecessário e se deveria ter mantido minha boca fechada.

Andamos por alguns segundos, até parar em minha porta. Abro e espero que ele me siga para dentro, mas ele apenas para na frente da porta.

—Com medo de entrar e perder o controle, encantador de sombras? —Pergunto com um tom provocativo. Ele apenas solta uma risada abafada.

—Sei que esta louca para ficarmos a sós nesse quarto, mas vou tomar um banho primeiro. Ainda estou suado do treino. —Diz, e por um momento, me pego imaginando-o tomando banho. Meu rosto esquenta com a imagem. —Cuidado com os pensamentos minha pequena Gwyne, eles podem se tornar realidade.

Reviro os olhos, e fecho a porta com força em seu rosto. Posso escutar sua gargalhada ecoar por trás da porta. Me fazendo ficar mais vermelha ainda.



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