Capítulo 26

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AZRIEL

Eu podia sentir o cheiro dela em cada canto dessa cozinha, como sabia que meu irmão e sua parceira sentiria. Meu sangue ainda pulsava quente em minhas veias no desejo de poder continuar tocando seu corpo novamente.

Eu sei que não possuo esse direito, ela merece alguém digno disso, digno dela. E eu não era, seu corpo era uma obra de arte que eu não podia tocar. Mas parecia tão certo, como se eu precisasse dela, de todo pedaço dela.

Era estranho como algo dentro da minha mente arranhava tentando chegar até a pequena grã-Feérica sentada no balcão. Como uma parte de mim sentia que tudo só ficaria bem quando a tivesse como minha, e não só de corpo.

As sombras se remexiam envolta de mim, como se dançasse animadas com alguma coisa, que eu não entendia o que deveria ser. Com meus olhos focados no forno em uma tentativa inútil de acalmar meus ânimos, a imagem do corpo dela vem a minha mente.

Já se fazia alguns dias, e o corpo dela ainda estava gravado em minha mente, perseguindo os meus sonhos.

Sonhos eu não sabia o que era isso a muitas eras, se è que um dia soube de verdade o que era uma noite bem dormida. Mas nos últimos meses eu finalmente tive algumas noites boas de sono.

Respiro fundo, tentando jogar meus pensamentos para longe e focar no agora.

–Você sabe que não tem chance disso acontecer, Cass... —As palavras travam na garganta de Nestha, quando ela atravessa a porta.

Aqueles olhos que um dia carregou a chama da morte, deslizou entre mim e a fêmea ruiva, que ainda estava sobre o balcão, tomando outro iogurte. A diversão brilhava em seu rosto, ao modo que ela curvava os lábios em um sorriso com a dedução do que estava acontecendo aqui.

Só com o olhar, podia se ver que Nes sabia muito bem o que tinha acontecido aqui, e a diversão neles me informava que piadas viriam com o tempo.

Cassian gargalhou ao entrar na sala. E eu queria poder da um soco em sua cara por tal ato.

—Nem pense Cass —Gwyn foi mais rápida que eu, ao deslizar do balcão, passando os dedos esguios dentro do pote de iogurte levando aos lábios.

Meu sangue ferveu com tal gesto. Droga essa fêmea sabia como fuder com minha cabeça direitinho.

Ela parecia bem com tudo, busco estudar seus movimentos procurando traços de desconforto ou arrependimento, mas Gwyn parecia está melhor do que eu ao ser pega por nossos amigos.

—Eu só ia comentar como o cheiro dessa comida está deliciosa, Gwyne.

Cass não se preocupa em esconder que não se tratava da comida o cheiro que ele se referia, e sim o de desejo que saia de nós dois.

Mas Gwyn deu de ombros para a provocação, se aproximando de mim para poder ver o forno, onde nossa sobremesa estava.

—Meu irmão, tem certeza que da conta da personalidade forte dela? —Cass se senta no balcão da cozinha, pedindo algo para comer à casa.

Gwyne lança um olhar irritado para ele, fazendo um gesto vulgar com as mãos ao mostrar um de seus dedos a ele.

—Personalidade forte como disse. —Ele aponto para ela. E tenho que me segurar para não gargalhar quando Gwyne o olhar, com um olhar que me dizia que ela queria muito dar um soco em sua cara.

—O que estão fazendo aqui? —Pergunto, voltando a minha atenção ao casal. —Achei que não voltariam hoje.

Com as últimas mortes acontecendo em nosso território, o acampamento estava uma bagunça, com Cass tendo que arrumar tudo. E Nestha iria viajar logo, deveria estar aprendendo sobre a política da Outonal.

Corte das sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora