Capítulo 23

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GWYNETH

O sol invadia as aberturas da cortina, banhando o quarto em tons amarelados da luz da manhã. Conseguia escutar o cântico dos pássaros que rondava o céu de Velaris.

Levantei em um pulo, percebendo com a claridade do sol que havia perdido o horário, e assim perdido o treino matinal com as fêmeas.

Já sentada na beira da cama, deslizo meu olhar por todo o cômodo tentando tomar coragem para iniciar o dia. O mau-estar em meu corpo por ter passado da hora estava presente, me fazendo desejar voltar para o conforto de meus lençóis.

Depois de um tempo pensando em tudo o que havíamos passado a noite passada, tudo que haviam me dito e a decisão que finalmente tinha tomado, me levanto da cama, podendo ver no aparelho sobre a minha mesa de cabeceira que eram seis horas da manhã. Não perdi muita coisa, o que remetia que não tinha perdido a reunião na sala de guerra de Rhysand. Em seu palácio fora de Velaris.

Uma parte de mim desejava voltar para cama e perder essa reunião, mas tinha tomado uma decisão na noite passada. Estava cansada de me esconder, estava cansada de fugir dos meu medos. Foi com esse pensamento que meus movimentos seguintes se seguiram. Desde tomar banho até me trocar foi no automático, sem pensar muito.

Escuto alguém bater em minha porta, logo enquanto tento trançar as fitas de couro que prende o corpete de meu traje illyriano.

—Pode entrar. —Digo sem demora, orando aos deuses que fosse Nestha para poder me ajudar a fechar essa roupa.

Escuto as dobradiças da porta rangerem quando ela é aberta, uma das muitas coisas que tinha que ver nesse quarto.

—Precisa de ajuda? —A voz do illyriano as minhas costas me faz enrijecer com a sua presença, ainda com as mãos nas fitas de couro, olho sobre o ombro para conseguir ver o mesmo, com roupas casuais e não a roupa que usa para a batalha, não a roupa que me matava para vestir.

—Por que não está com couro illyriano? —Pergunto sem demora. Ele apenas avalia seu próprio corpo, e então volta seus olhos para mim, enquanto puxa as mangas do suéter preto pra trás de seus cotovelos.

—Vamos apenas ao palácio, creio que não precise de um traje a caráter para isso. —Ele informa ainda me avaliando com aqueles olhos avelãs.

—Para mim você sempre saía preparado para uma batalha. —Digo soltando as fitas de couro pronta para tirar aquele traje. Uma linha branca de dentes forma sobre os lábios do encantador de sombras enquanto me observa.

—Não me subestime pequena, estou armado até o dentes, você só não vê. —Ele fala, levantando a barra do suéter, para me dar o vislumbre de seu abdômen incrivelmente esculpido por um Deus, e claro as adagas que se prendiam no coldre sobre sua pele.

Apenas reviro os olhos, andando pelo quarto atrás de outra roupa, que pudesse ser confortável para uma luta e mesmo assim que mostrasse casualidade.

—Por que me chama de pequena? —Pergunto a ele para distrair, enquanto o mesmo se encostava na parede ao lado da porta. —Quero dizer, sou alguns centímetros menor do que você. —Retiro um suéter de dentro da gaveta. O verão ainda tomava conta da corte noturna. Mas mesmo no mais quente verão, as montanhas de nossa corte eram frias.

—Porque gosto! —Ele da de ombros entrando mais dentro do quarto. —Foi treinar hoje? —Ele pergunta se aproximando de minha escrivaninha passando os dedos pelos meus livros.

Corte das sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora