GWYN
O ar aqui é pesado, carregado com o cheiro de musgo e decadência, enquanto o som de gotas d'água pingando ecoa de forma inquietante pelas paredes de pedra.
O cheiro que se mistura em meu naris me enjoa, não que necessariamente o cheiro seja responsavel pelo revirar em meu estomago. Não, com aquela montruosidade em minha frente, tenho que controlar meus instintos de correr ou atacar agitando em minha mente, isso deixaria qualquer um com o estomago contercido.
Eu estava sobre uma plataforma esquecida sobre o fosso profundo, tão esquecida que nem formas de acessar além de por onde eu entrei teria. Mas ali de cima eu tinha uma visão completa do que estava acontecendo la embaixo.
Aquilo... tive que engolir a minha respiração, aquilo era... eu nem sabia como começar a descrever. No coração mais profundo dessas cavernas, uma fera colossal repousava em sua prisão improvisada, suas correntes rangendo sob o peso de seu corpo poderoso. Os rugidos abafados reverberam pelas galerias escuras, enviando calafrios pela espinha de qualquer intruso que se aventure a adentrar aquele domínio sombrio. Agora eu entendia o porquê do meu corpo tentar me impedir de descer, já que aquela não era uma criatura que se via pelas florestas, aquela criatura nem pertence ao nosso mundo.
O que tinha aqui em baixo era algo que nunca havia visto em minha vida. Em nenhum livro que eu ja tenha lido no templo ou na biblioteca da casa do vento. Aquilo era uma besta que poderia ter vindo direto do inferno.
A besta era imponente, com um corpo robusto e musculoso que denota sua força formidável. Suas escamas negras são lisas e lustrosas, refletindo uma tonalidade verde água quando atingidas pela luz. Cada escama é perfeitamente formada e encaixada como uma armadura natural, proporcionando proteção contra qualquer adversário.
Quatro membros grossos carregam seu corpo e permitem que a criatura fique graciosa e poderosa. Cada membro tem seis dedos em que cada um dos quais termina em garras espinhosas. A fera continha grandes asas membranosas semelhantes às de um morcego, ou melhor a dos Illiryanos, mas se a envergadura de Azriel era abençoada essa eu não poderia descreve já que era poderosa o suficiente para sustentar seu enorme corpo durante o voo. Elas crescem começando em seus ombros e terminam em sua pélvis. As asas são quase demoníacas, com uma estrutura óssea que suporta a envergadura impressionante. Quando esticadas, as membranas revelam uma trama complexa de veias verdes que se destacam contra o fundo negro das asas, e garras curvas crescem de cada extremidade como foices gigantes.
A cabeça da fera é dominada por um crânio longo e robusto, onde é adornada com chifres curvos que se erguem como uma coroa, destacando-se contra o contraste das escamas escuras. O nariz é fino e tem duas narinas estreitas e ovais que exalam pequenos rolos de fumaça ocasionalmente, e há pequenos crescimentos de cristal em seu queixo. Várias fileiras de dentes afiados saem do lado de sua boca e dão uma prévia do terror escondido dentro.
A fera também contém uma cauda que é longa e flexível, terminando em uma ponta afiada que pode ser usada como uma arma devastadora. À medida que ele se move, a cauda balança com uma elegância predatória, pronta para defender seu território ou atacar qualquer ameaça percebida.
Não sabia se eu temia a besta ou se me curvava de tão majestosa e poderosa que ela era.
Com muito esforço, me forcei a olhar para o resto do fosso, para o redor da fera, onde celas improvisadas são espalhadas como cápsulas de desespero, onde figuras estão encurraladas em um estado de desolação. Algumas estão amarradas com correntes enferrujadas. Então o disernimento do que são aquelas figuras vem até mim.
— Humanos.. —Meus olhos se arregalaram em total surpresa, os lábios entreabertos enquanto o horror se desdobrava diante de mim. O coração disparou, uma mistura de medo e incredulidade se espalhando por todo o meu ser. O arrepio na espinha era palpável. Era como se o tempo tivesse congelado por um instante, enquanto eu processava o que acabaria de testemunhar — algo terrível
VOCÊ ESTÁ LENDO
Corte das sombras
FantasyTrês irmãs e três irmãos, tudo se encaixava perfeitamente. A única coisa que não estava certa era o caldeirão ter presenteado dois dos irmãos com duas irmãs e a terceira ser dado a outro. Mas o caldeirão não erra, e nem a mãe, o caldeiro mistura a...