Capítulo 21

929 85 20
                                    

GWYNETH


Conseguia escutar as risadas da sala de jantar, ainda nos últimos degraus da escada, como se a Casa quisesse enviar os sons daquela alegria por cada parte de seus cômodos.

Assim que cheguei no portal da sala, pude visualizar as fêmeas na mesa, rindo, de algo que Mor acabou de dizer. Varrendo mais um pouco do cômodo, pude ver os machos reunidos em um canto afastado daquelas na mesa. Suas expressões também pareciam divertidas.

Adentro mais o recinto, ainda me sentindo meio deslocada, todos aqui são família, e eu apenas uma estranha entre eles.

Mas logo essa sensação de perdido muda, quando minha grã-senhora me vê, e um sorriso tão acolhedor aparece em seus lábios que faz meu coração aquecer.

—Gwyn! — Disse com um certo entusiasmo. —Que bom que decidiu se juntar a nós, venha, sente-se aqui. —Disse ela, com um movimento da mão fazendo uma cadeira se mover.

Não me demoro para caminhar até lá, me sentando ao lado de Mor, que como sempre esta deslumbrante em um vestido vermelho sangue. Fico fascinada avaliando os traços angelicais da feérica, era incrível como alguém podia ser tão linda. Seus cabelos dourados caiam em leves ondas enquanto levava a taça aos seu lábios.

— Vai querer uma taça, Gwyne? —Pergunta Nestha, do outro lado da mesa, me surpreendo com sua presença, não a tinha visto. Apenas aceno com a cabeça em confirmação para o vinho.

—Olha quem decidiu sair da toca. —Diz Cass se aproximando da mesa com Rhys e Azriel ao seu encalço. Ele me cumprimentam com um beijo no topo da cabeça, e sussurra em meus ouvidos. —Azriel esta te mantendo muito ocupada no quarto. — Sua voz contem o tom zombeteiro de sempre faz meu rosto esquentar com as palavras.

—Idiota! —Digo alto de mais, quanto ele se afasta com uma risada rouca, indo em direção a sua parceira.

Troco meu olhar de Cass a Rhys, que me comprimenta com um aceno de cabeça, e um sorriso espelhando o de sua parceira.

—Como está indo a pesquisa? Alguma coisa interessante até agora? —Pergunta ele, passando as cadeiras para chegar ao lado de Feyre e se sentar.

—Na verdade sim, eu descobri algumas coisas interessantes hoje, enquanto, eu e Az líamos alguns livros. —Olho finalmente para o mestre espião, que se ajeita na cadeira ao meu lado. Posso quase sentir suas asas me tocarem. —Ou melhor, enquanto eu lia e ele babava em meus livros, enquanto dormia. —Digo, com um sorriso no rosto da lembrança dele em meu quarto essa tarde.

—Então é isso que faz quando te passo uma tarefa irmão? Dorme em serviço? —Pergunta Rhys, mas posso ver que não há repreensão ou julgamento em seu rosto. Apenas diversão de uma situação.

—Na maioria das vezes quando elas são chatas, sim! —Ele fala, e posso ver seus lábios se contrairem com a sombra de um sorriso. —Mas devo cuidar de cortar a língua dos traidores que me entregam. —Ele apenas me lança um olhar de canto, esperando minha reação a tal ameaça.

—Primeiro vai ter que conseguir tocá-la! —O desafio apenas com o olhar. Consigo ver a sombra em seus lábios aumentarem. E mesmo sem o dom de meus grãos-senhores de ler mente, pude ler muito bem o que o olhar que ele me deu dizia. "Já toquei uma vez, posso tocar de novo". Era como se uma pequena voz sussurrasse o que ele pensava em minha mente. Então apenas devolvi o olhar, sabendo que talvez ele escutasse essa voz também. "Eu duvido que consiga, mestre espião". Pelo sorriso que brilha em seus lábios, percebo que foi entregue minha mensagem, e logo foco minha atenção na taça de vinho a minha frente, mas não antes de ver todos aqueles olhos na mesa nos observando com um tipo de diversão no rosto

—Espero não estar atrasada! —Disse uma voz suave como uma brisa as minhas costas. Eu não precisava me virar para saber quem estava entrando a sala. Só pelo jeito como Azriel se arrumou na cadeira o entregou de imediato.

Elain não demorou para entrar no meu ponto de vista, se sentando ao lado de Feyre e a minha frente. Ela carregava um sorriso doce no rosto, enquanto se sentava. Não podia negar a beleza em seus traços meigos. Até uma parte de mim se sentia atraída por ela.
Lucien não se demorou para sentar ao seu lado, os cabelos ruivos da corte outonal eram marcantes contra o verde de suas roupa. Ele me observou com o olho metálico fazendo um clic.

—Belos cabelos! —Disse Lucien com um sorriso nos lábios, e levemente passava as mãos nos próprios cabelos ruivos.

—Ah, Gwyneth! Esse è Lucien Vansserra, nosso imediato com as cortes Outonal e Primaveril. Um amigo que fiz em meu tempo na Primaveril. —Feyre apresenta a raposa do outro lado da mesa. Tinha visto Lucien pela casa algumas vezes, e também no jantar que Rhys havia dado. Mas nunca haviamos nos falado de fato. — E essa é nossa imediata das valquírias, Gwyneth Berdara. E atualmente nosso mais novo membro do circulo intimo. —Diz Feyre me apresentando para o macho da Outonal a minha frente.

Apenas o comprimento como um reconhecimento de cabeça que é retribuído. E volto minha atenção a minha Grã-senhora, que olha estranhamente para mim e Lucien, como se montasse algum quebra cabeça invisível, com peças que ninguém mais era capaz de ver além dala.

—Faz parte do circulo intimo, parabéns! —A voz de Elain tirou minha atenção de Feyre, distribuindo tudo para ela. E por um momento fique surpresa na sinceridade em sua voz. —Eles são um pé no saco as vezes, mais acho que você aguenta a barra. —O sorriso direcionado para mim era tão genuíno quanto suas palavras, o que me fez me sentir mal por julgá-la antes de ter trocado uma fala se quer com ela.

—Pé no saco é você a maior parte do tempo. —Sussurrou Mor ao meu lado, tão baixo que mal se dava para ouvir. Direciono meu olhar de canto para ela. Que então me direcionou um sorriso com um "o que? Estou mentindo" para mim, me fazendo soltar uma risada.

—Acho que consigo lidar com eles. —Digo por fim, ao ver como Elain observava minha conversa silenciosa com Mor. E a feérica a minha frente continuou a me olhar fazendo um silêncio desconfortante se instalar naquela mesa.

—Não sei vocês, mas eu estou morto de fome! —Cass disse, quebrando o silêncio e o olhar desconfortante da sala.

—Quando você não está, amor? —Nestha diz, deslizando a mão sobre o antebraço do parceiro que lhe lança um olhar que presumo só parceiros consiga entender.

—Ai meu Deus, vão para um quarto. O cheiro de vocês está me deixando enjoada. —Disse Amren entrando na sala, tão elegante quanto Mor. Me perguntava como um ser tão pequeno como aquele aguentava tantos quilates de diamante no pescoço.

—Não costumava reclamar desse cheiro Amren. —Posso ver uma sombra de diversão nos lábios de Cassian, que se atrevia a zoar a pequena fêmea.

—Posso te fazer se lembrar como é fácil de arrancar essas suas bolas se continuar a tocar nesse assunto Cassian. —Falou a pequena fêmea, tão sério que eu cheguei a acreditar na ameaça. Mas pelo jeito como Cass riu descontraído não passava de mais uma das alfinetadas padrões do círculo íntimo.

—Não ligue para eles, são mais inofensivos que um gato. —Mor murmurou no meu ouvido. —Mas e você Valquíria, como está sendo seu tempo com o chato e caladão Azriel? —Perguntou ela, bebericando um gole de seu vinho. Mesmo sem olhar, senti Az se arrumando na cadeira.

—Está sendo um saco. Azriel é um pé no saco. —Minto enquanto falo com Mor. E pelo seu olhar ela entende o que estou fazendo.

—Eu que sou um pé no saco Gwyneth? —Meus lábios se contraem em uma linha fina de um sorriso, quando Az se intromete como imaginei.

—Que coisa feia Azriel, não lhe ensinaram que é feio bisbilhotar a conversa dos outros? —Me viro para ele, encontrando uma linha de dentes brancos para mim quando ele solta um ruído da garganta enquanto faz um movimento de negação com a cabeça e bebe o líquido escuro de seu cálice.

—Sou o mestre espião. Acho que esse é meio que meu trabalho, sacerdotisa! —Seus olhos encontram o meu, em um desafio de quem quebraria primeiro o contato visual.

—Não me chame assim. —Sussurro, tentando fazer minha voz parecer afiada enquanto esperava que os outros não ouvissem.

—Desculpa, como deve te chamar, pequena ninfa? —Ele se aproxima de minha orelha pontuda quando sussurra. Fazendo cada pelo de meu corpo se arrepiar, com o modo que ele pronúncia o novo apelido.

Percebo como a sala de jantar ficou em silêncio derrepente, como todos os olhos estão sobre nós. Fazendo minhas bochechas queimar com a atenção desnecessária.
Escuto um limpar de garganta e não demoro para perceber de quem é quando Cassian abre sua boca com a piada costumeira na ponta da língua.

—Quem agora está deixando todos enjoados com o cheiro.

Azriel finalmente quebra o contato visual comigo para fitar o irmão do outro lado da mesa. Me fazendo relaxar um pouco por perder o contato com aqueles olhos avelãs que me deixavam desnorteada.

Volto minha atenção para a mesa que é servida por carne de cervo, batata e alguns legumes e verduras.
Meus olhos correm para o outro lado da mesa, onde Elain me observa com atenção. E seus olhos deslizam para meu pescoço onde uma névoa de algo que não entendo embaça seus olhos.

—Que colar bonito! —Ela diz, com um sorriso no rosto que dessa vez não pareceu sincero. Sinto Azriel se encher na cadeira como se desconfortável com alguma coisa, apenas ignoro. Levo como reflexo as mãos para o pingente de flor pendia sobre o decote de meu vestido. —Estou apaixonada por ele desde a hora que cheguei. Sabe me dizer onde comprou? —Perece genuína essa pergunta, mas algo em seu olhar me diz que não é.

—Não saberia te dizer, ganhei no solstício de inverno. —Falo a verdade. Era umas das coisas que tentava solucionar na minha vida, quem tinha sido a pessoa que havia me presenteado com tal presente. Lembro que Clotho me disse que tinha sido de um amigo. Mas não tenho amigos machos, e pensei ter confundido o pronome. Mas nem Nestha e nem Emerie aviam me dado o colar. O que me deixou ainda mais curiosa.

—Ah, no solstício de inverno, sério? —Ela pergunta, mas não há surpresa em sua voz como ela tenta expressar quando os olhos deslizam de mim para Azriel. —É uma pena, de fato achei muito lindo, gostaria de saber quem a presenteou para que eu possa perguntar onde comprou tal joia. —Seus olhos fitaram Azriel com uma intensidade diferente, fazendo eu me mexer na cadeira dessa vez.

—Eu também gostaria de saber. Mas foi de um amigo anônimo. —Tento ignorar a tensão entre Elain e o macho ao meu lado, que parecia disputar quem poderia enviar mais. Porém no fim, a fêmea a minha frente desiste do contato visual voltando olhar para mim com o mesmo sorriso que não brilhava em seus olhos.

—Uma pena tenho que dizer. Mas seja quem for que te presenteou tem um belo gosto para jóias. —Diz, e mantém seus olhos em mim por mais alguns minutos antes de voltar para seu prato, com algo ainda embaçando seu olhar.

Com a mesa voltando a conversa e risadas de antes, me sirvo de cervo e algumas vagens e batata. Minha taça de vinho é reabastecida e começo a comer em silêncio enquanto observo os feéricos a mesa beberem e rirem de piadas, ou lembranças, mas eles sempre me mantém a par de tudo com e isso me faz sentir mais acolhida por eles.

—Ah Nestha, antes que eu me esqueça! —Diz Rhys depois de um momento de silêncio que se seguiu das risadas de alguma piada que Cass havia feito. —Vou precisar das Valquirias em um caso.

—Que caso? —Vejo a tensão forma na voz de Nes, quando ela se ajeita na cadeira. E mesma me arrumo também curiosa para saber.

—Não posso falar aqui, mas depois as duas podem me encontrar no meu escritório para conversarmos. —Ele diz, deslizando o olho entre mim e minha amiga. Depois leva a taça ao lábios bebericando seu vinho. —Só preciso de algumas guerreiras para o trabalho, devem ficar fora por algumas semanas. —Ele diz, tentando guardar o máximo de informações.

—Se quiser, me retiro da mesa Rhysand. —Diz Lucien  e percebo um pouco de desapontamento em sua voz quando pronuncia essas palavras.

—Porque desejaria isso? Você é membro importante nas discussões políticas dessa corte. —Vejo sinceridade na voz de Rhys, enquanto Lucien piscava perplexo.

—Então por quê não diz de uma vez? —Pergunta o grão-feérico de cabelos de raposa.

—Não é por você. —Vejo Elain apertando a mão de Lucien sobre a mesa, e posso sentir a respiração bufante que Az tenta esconder. —Não sou um membro do concelho político de Rhys e Feyre. Não tenho direito de saber as estratégias ou qualquer coisa que envolva a política de nossa corte. —Posso ver o fogo outonal de Lucien se ascender em seus olhos com a raiva de sua parceira ser deixada de fora. Mas ela o acalma com um carinho em sua mão e um sorriso mais que sincero em seu lábios quando explica a ele. —Não é o que está pensando Lucien, eu decidi ficar de fora. Eu escolhi não me envolver ou saber da política da Corte. Foi escolha minha! —Seus dedos deslizam sobre o dorso da mão do grão-feérico enquanto o tranquilizava.

—Por que escolheria tal coisa? —Vejo ele perguntar a mesma coisa que revira meu cérebro.

—Tenho o dom de prever as coisas. Não gostaria de interferir no equilíbrio do mundo, mudando os acontecimentos. —Diz ela. E posso ver que eu e Lucien não eramos os únicos que se perguntavam o motivo dela ficar de fora. —Se eu souber que o que vocês vão fazer trará perigo a vocês eu contaria mudando os acontecimentos. E eu aprendi uma coisa ou outra nesse tempo. E sei que mudar o rumo da história pode gerar catástrofes ainda pior. —Agora seus olhos estão em todos na mesa. —Veja só um exemplo do agora. Talvez seja uma consequência da minha língua solta no passado.

O silêncio que se segue a essa revelação, percebo ser um momento onde todos pensam no assunto. A primeira pessoa a quebrar o silêncio é a pequena feérica de colar exuberante.

—Você sabia que isso ia acontecer, sobre esses assassinatos —Era mais uma afirmação do que uma pergunta. Elain apenas acena com a cabeça em confirmação. —A quanto tempo você sabe?

—A algumas luas! —A resposta de Elain é vaga.

—E não disse nada com medo de que coisa pior acontecesse. —Diz Amren com entendimento. —Criança você é boa em guarda segredo tenho que dizer. Mas tenho que perguntar, quem lhe instruiu que dizer algo pode mudar o andamento da história?

—Alguém mais velho do que você. —Posso ver uma pontada de medo na voz de Elain por chamar a pequena feérica de velha. E o brilho nos olhos prateados de Amren dizia que ela também.

—Quem? —É uma ordem na voz da feérica.

—Como disse, sou boa com segredos. —Elain da a última palavra antes de afastar sua cadeira da mesa. —Me deem licença, mas presumo que minha cama me espera. —Seu olhar também desliza para Lucien com uma pergunta silenciosa, que apenas lhe dá um movimento de cabeça dizendo que pode seguir sem ele.

—Querida criança, essa conversa não acabou ainda. —Diz Amren, como despedida de Elain.

N/A: A CONTINUAÇÃO SAI AINDA HOJE, O CAPÍTULO ESTAVA GRANDE DEMAIS ENTÃO DIVIDI EM DOIS

NÃO ESQUEÇAM DE VOTAR E COMENTAR, OS COMENTÁRIOS DE VOCÊS ME INCENTIVAM A CONTINUAR A ESCREVER.

BOA LEITURA, ESPERO QUE GOSTEM

Corte das sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora